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Arquiteto de “campos de reeducação” para muçulmanos é estrela na China

Oficial de mais alto escalão do Partido Comunista na região de Xinjiang está por trás de campanha de repressão contra minoria muçulmana uigur

Paramilitares desfilam em Xinjiang (Stringer/File Photo/Reuters)

Gabriela Ruic

Publicado em 7 de outubro de 2018 às 06h00.

Última atualização em 7 de outubro de 2018 às 06h00.

Se existe um indivíduo capaz de sintetizar a diferença de valores entre uma China em ascensão e o Ocidente, poderia muito bem ser Chen Quanguo.

Oficial de mais alto escalão do Partido Comunista na região de Xinjiang, no extremo oeste do país, ele é o arquiteto de uma campanha de repressão contra a minoria muçulmana dos uigures. A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que a campanha colocou 1 milhão deles -- aproximadamente um décimo da população do território -- em “campos de reeducação”.

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A União Europeia condenou as detenções em massa e parlamentares dos EUA pediram sanções a Chen e a outros altos funcionários chineses, o que ameaça exacerbar as tensões já elevadas provocadas pela escalada da guerra comercial. O senador americano Marco Rubio descreveu as notícias sobre Xinjiang como “um filme terrível”.

Mas, na China, Chen é uma estrela em ascensão. As atuações dele em Xinjiang, e também suas demonstrações de lealdade ao presidente Xi Jinping, renderam a ele um lugar no poderoso Politburo do Partido Comunista no ano passado -- o que o transformou em um dos 25 altos funcionários de mais poder na China. Em 2023, Chen, 62, pode ser levado em consideração para ganhar um lugar no Comitê Permanente, o órgão supremo do partido formado por sete membros.

“Choque de valores”

A ascensão de Chen vai além da posição de um homem. Existe uma preocupação crescente entre os governos ocidentais para saber se Xinjiang está sendo usada para testar um novo modelo de governo autoritário que poderia transformar a maneira de governar o país e também ser exportado para a região. Isso implica o risco de uma nova frente para as crescentes tensões entre os EUA e a China, que já abrangem comércio, segurança cibernética e uma batalha por influência em grande parte da região Ásia-Pacífico, enquanto Xi busca transformar seu país em uma superpotência global até 2050.

Qualquer medida dos EUA para sancionar Chen iria alimentar temores na China de uma conspiração estrangeira para minar a soberania do país em uma região que tem tido problemas para controlar, um assunto sensível para um partido sempre preocupado com os movimentos de independência em Hong Kong, Taiwan e Tibete. Mais do que qualquer outro alto funcionário da China atualmente no poder, Chen tem estado na vanguarda dos esforços da China para dominar essas regiões rebeldes.

“O que temos é um choque de valores”, disse James Leibold, professor da Universidade La Trobe, em Melbourne. “As políticas que foram promulgadas durante sua gestão em Xinjiang são a ponta de lança de uma forma de governança chinesa muito mais coercitiva e autoritária, que, como alguns estão começando a perceber no Ocidente, poderia ter grandes consequências para a posição da China no mundo, assim como no relacionamento da China com o Ocidente liberal.”

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