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Argentina se afasta do Mercosul em futuras negociações comerciais

"A incerteza internacional e a própria situação da nossa economia aconselham a deter a marcha destas negociações", comunicou chancelaria em Buenos Aires

Alberto Fernández: presidente da Argentina se afasta de acordo de livre comércio (Ricardo Ceppi/Getty Images)
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AFP

Publicado em 26 de abril de 2020 às 11h40.

Última atualização em 26 de abril de 2020 às 11h41.

A Argentina decidiu se afastar do Mercosul nas futuras negociações de livre comércio do grupo, diante da incerteza sobre os efeitos na economia da pandemia do novo coronavírus, anunciou a chancelaria em Buenos Aires.

"A Argentina se previne dos efeitos da pandemia enquanto protege as empresas, o emprego e a situação das famílias mais humildes. Faz isto de forma diferente de alguns sócios, que defendem uma aceleração das tratativas visando acordos de livre comércio com Coreia do Sul, Singapura, Líbano, Canadá e Índia, entre outros."

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"A incerteza internacional e a própria situação da nossa economia aconselham a deter a marcha destas negociações."

Após a divulgação da decisão, o governo paraguaio, que ocupa a presidência pró-tempore do bloco, destacou em um comunicado que junto com os demais Estados-membros avaliará "as medidas jurídicas, institucionais e operacionais mais adequadas" para "não afetar o processo de construção comunitária do Mercosul e das negociações comerciais em curso".

O chanceler uruguaio, Ernesto Talvi, também se referiu à medida adotada pelo governo argentino, ressaltando que este "não dificultará o avanço das negociações em curso ou outras que possam ser lançadas nos próximos meses".

"Desejamos um pronto retorno à mesa. Juntos somos mais", expressou Talvi na noite de sexta pelo Twitter.

Em um comunicado divulgado neste sábado, o ministério das Relações Exteriores uruguaio afirmou que "no que diz respeito às negociações em curso com o Canadá, a Coreia do Sul, Singapura e Líbano, a decisão argentina de não participação nas mesmas não afetará a agenda prevista, nem o objetivo de conclusão destes processos no fim de 2020".

Acrescentou, ainda, que tampouco afetará "os processos exploratórios em curso e que poderiam resultar no lançamento de novas negociações comerciais do Mercosul, especialmente com Vietnã e Indonésia, nem os processos de aprofundamento dos Acordos em vigor com Israel, Índia e a Aliança do Pacífico".

Em uma reação enviada à AFP, o Itamaraty destacou que o governo brasileiro "continuará, junto com Paraguai e Uruguai, a perseguir o objetivo de comércio aberto e livre com outros países".

"A decisão argentina confere transparência aos processos negociadores em curso e facilitará a busca de melhores resultados para todos os atores do Mercosul interessados na abertura comercial com o mundo", acrescentou.

O comunicado destaca que a Argentina continuará com o processo para colocar em marcha o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, aprovado no ano passado pelos dois blocos e que aguarda a ratificação dos Parlamentos de cada um dos países.

A Argentina está em recessão há dois anos e a mais recente projeção do FMI prevê um recuo do PIB de 5,7% este ano, após as quedas de 2,2% em 2019 e de 2,6% em 2018.

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