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Argentina enfrenta insatisfação dos mercados e movimentos populares após anúncios econômicos

O novo ministro enfrenta ainda outro desafio central: aumentar as reservas internacionais disponíveis, que os analistas dizem estar em níveis críticos

Sergio Massa: candidato à presidente se manteve no cargo de ministro durante a campanha (AFP/AFP)

Sergio Massa: candidato à presidente se manteve no cargo de ministro durante a campanha (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 5 de agosto de 2022 às 09h53.

Os anúncios de disciplina fiscal e austeridade feitos pelo ministro da Economia argentino, Sergio Massa, deixaram os analistas de mercado insatisfeitos, enquanto movimentos sociais manifestaram preocupação com as medidas, que "deixam de lado os mais negligenciados", observaram.

Em suas primeiras declarações como ministro, Massa ratificou a meta de redução do déficit fiscal acordada com o FMI e se comprometeu a combater a inflação galopante no país.

A Argentina se comprometeu com a redução do déficit nas finanças públicas em um acordo de 44 bilhões de dólares com o Fundo Monetário Internacional (FMI). A meta é baixá-lo de 3% do PIB, que atingiu em 2021, para 2,5% este ano; depois para 1,9% em 2023 e 0,9% em 2024.

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O novo ministro enfrenta ainda outro desafio central: aumentar as reservas internacionais disponíveis, que os analistas dizem estar em níveis críticos. Para isso, Massa anunciou um acordo com os exportadores para antecipar as vendas, em busca da entrada de cerca de 5 bilhões de dólares nos cofres do Banco Central nos próximos 60 dias.

A cotação do "dólar blue", negociado no mercado informal, reagiu com uma leve queda, para 291 pesos por dólar, após alcançar em julho o recorde de 350 pesos. A Bolsa de Buenos Aires se manteve estável e os títulos da dívida começaram o dia em alta em Wall Street, mas depois retrocederam.

“Dado o nível de expectativa gerado, a sensação do mercado é de que as medidas são insuficientes. O denominador comum em todos os relatórios dos bancos de investimento é de que a bateria de anúncios ficou aquém quando se tratou de dar consistência à macroeconomia, especialmente nas frentes cambial e de reservas, onde praticamente não houve definições", disse à AFP o economista Nery Persichini, da consultoria GMA Capital. "A queda intraday dos títulos, na contramão da dívida emergente, seria um reflexo desse desencanto", acrescentou.

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Reivindicações sociais

Embora Massa tenha enumerado entre as prioridades de sua gestão a redistribuição da riqueza, seus anúncios foram recebidos com preocupação por movimentos sociais e beneficiários de subsídios públicos, que se manifestaram hoje em frente ao Ministério da Economia.

"Não houve o menor anúncio para os setores sociais mais negligenciados", lamentou a Frente Pátria Grande, até agora aliada da coalizão governista Frente de Todos (peronismo de centro-esquerda).

Silvia Saravia, líder da organização popular Barrios de Pie, considerou que Massa mostrou "uma continuidade" em relação aos antecessores Martín Guzmán e Silvina Batakis, e criticou o mesmo por ter reafirmado que irá cumprir o acordado com o FMI.

Massa prometeu melhores rendimentos para os trabalhadores do setor privado e aposentados, mas, em relação às organizações sociais, anunciou apenas auditorias em seus benefícios, visando a uma reorganização.

"Ele tem que dar ajuda a todos. Tem muita gente que é autônoma ou não tem trabalho, tem que dar a todos os que necessitam", opinou Jonathan, um dos manifestantes em frente ao Ministério da Economia.

A Argentina registra um dos maiores índices de inflação do mundo, com 36,2% no primeiro semestre de 2022. A pobreza chega a 37% de seus 47 milhões de habitantes.

"Tendo em vista a volatilidade política elevada no país, a Moody's espera um apoio geral escasso às políticas de austeridade antes das eleições presidenciais de 2023, o que seguirá debilitando a capacidade do país de cumprir as metas do FMI, especialmente em matéria fiscal", concluiu Gabriel Torres, da agência de classificação de risco Moody's.

(AFP)

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