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Após missa de graças a Anchieta, papa evita beija-mão

Na interpretação de organizadores, pontífice teria ficado assustado com o assédio de políticos brasileiros que tentavam se aproximar dele

Papa Francisco acena enquanto deixa a Igreja de Santo Início de Loyola, após uma missa em Roma (Alessandro Bianchi/Reuters)

Papa Francisco acena enquanto deixa a Igreja de Santo Início de Loyola, após uma missa em Roma (Alessandro Bianchi/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 24 de abril de 2014 às 20h51.

Vaticano - O papa Francisco deixou inesperadamente a Igreja de Santo Início de Loyola no centro de Roma na noite desta quinta-feira, 24, após celebrar missa em ação de graças pela canonização do Padre Anchieta, cancelando uma cerimônia de beija-mão, na qual seria cumprimentado por 50 convidados, numa sala ao lado do altar.

Na interpretação dos organizadores da cerimônia, Francisco teria ficado assustado com o assédio de políticos brasileiros que tentavam se aproximar dele. O papa falou apenas com o vice-presidente da República, Michel Temmer, que veio a Roma representando a presidente Dilma Rousseff.

Os políticos, que pelo protocolo, não deveriam se aproximar naquele momento, eram os senadores Renan Calheiros, Ricardo Ferraço e Ana Rita, o deputado Esperidião Amin e o ex-senador Gerson Camata.

Tudo estava preparado para o beija-mão, mas Francisco caminhou até a porta principal do templo, onde foi aplaudido umas 100 pessoas que não tiveram acesso à missa e cercado por um grupo de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas, em meio a um pequeno tumulto. Em vez de voltar para o beija-mão e de sair por uma porta lateral, o papa pegou seu carro de volta ao Vaticano, se mais explicações.

Alguns convidados acharam que ele estava muito cansado, o que seria natural após a programação da Semana Santa. A missa reuniu 1.200 pessoas, selecionadas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que convidou o governo e parlamentares, e pela Companhia de Jesus, a qual pertencia São José de Anchieta. O também jesuíta papa Francisco, que canonizou o Apóstolo do Brasil, há três semanas, em 3 de abril, celebrou uma missa festiva, mas de liturgia simples, que duro pouco mais de uma hora.

O papa leu o texto da missa em português, mas fez a homilia em espanhol. Embora os participantes fossem, na maioria, brasileiros, havia uma delegação de 80 peregrinos e três bispos das Ilhas Canárias, onde Anchieta nasceu na cidade de São Cristóvão da Laguna. Entre os religiosos brasileiros estavam presentes à missa d. Raymundo Damasceno Assis, d. Odilo Scherer, d. João Braz de Aziz, d. Cláudio Hummes e d. José Freire Falcão.

Cerca de 200 padres, mais da metade deles alunos do Colégio Pio Brasileiro, ocuparam as alas centrais da igreja. O superior geral dos jesuítas, padre Adolfo Nicolàs, sentou-se na primeira fila, ao lado do postulador das causas de canonização da Companhia de Jesus, padre Anton Witwoer, e do vice-postulador, padre César Augusto dos Santos. Eles presentearam o papa com uma relíquia de Anchieta, um pedaço do fêmur que se encontra no Pátio de Colégio, em São Paulo.Em sua homilia, de dez minutos, Francisco comentou o trecho do Evangelho sobre a aparição de Jesus a seus discípulos após a ressurreição e falou da alegria de José de Anchieta ao partir como missionário para o Brasil, aos 19 anos de idade. Ao agradecer ao papa a canonização do jesuíta, após mais de 400 anos de processo várias vezes interrompido, d. Damasceno também lembrou o desprendimento e a dedicação de Anchieta aos indígenas e aos marginalizados.

Um e-mail enviado a d.Damasceno pelo Conselho Indígena Missionário (Cimis) informou que um de seus convidados, o Cacique Babau (Rosivaldo Ferreira da Silva), não pôde viajar a Roma para a missa, porque há um mandado de prisão contra ele que dois pedidos de habeas-corpus não conseguiram derrubar. Babau se encontraria com o papa e falaria da situação dos índios.

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