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Após atentados em Paris, o medo é um perigo para sociedade

Este medo é palpável nas ruas de Paris, onde qualquer rumor sobre novos ataques provoca reações de pânico

Atentados em Paris: "Vamos mudar radicalmente os nossos hábitos, começar a não passar as madrugadas nas ruas" (REUTERS/Athit Perawongmetha)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de novembro de 2015 às 10h40.

Após os atentados que deixaram ao menos 129 mortos na sexta-feira em Paris , algumas pessoas se preocupam com o medo, que pode fazer com que a sociedade francesa abandone os valores que constituem sua força.

Este medo é palpável nas ruas de Paris, onde qualquer rumor sobre novos ataques provoca reações de pânico.

Na Rue de Charonne, onde 19 pessoas foram mortas no café "La belle équipe", Frédéric Ittah, de 48 anos, proprietário de uma mercearia, diz que não se sente "protegido". "É preciso que os franceses percebam que estamos em guerra", afirma.

"Vamos mudar radicalmente os nossos hábitos, começar a não passar as madrugadas nas ruas", prevê a sua vizinha Hamideche Dorea.

A prefeita socialista de Paris, Anne Hidalgo, convocou seus concidadãos a não ter medo de "nossos inimigos".

"Mas devemos temer os sentimentos que eles podem nos inspirar: o sentimento de medo que distorce, a raiva que desfigura e a dúvida que divide".

Hidalgo falou na segunda-feira ante o conselho de Paris, reunido antes do minuto de silêncio observado em toda a França para manifestar a unidade da nação frente ao terrorismo.

Enquanto os muçulmanos franceses temem suportar o peso da situação, "não podemos ceder ao desejo dos terroristas de fazer com que a sociedade francesa se instale em um conflito armado", estima o filósofo Machael Foessel.

"O que foi visado foi o elo mais fraco de nossa sociedade, já fragilizada por ataques anteriores e discursos de segurança, que é a igualdade em nossa sociedade, mista, democrática", afirma o filósofo.

"A estratégia dos terroristas consiste em liquidar os pontos de resistência já enfraquecidos no discurso de choque de civilizações", acrescenta.

Enquanto os ataques de janeiro contra a revista satírica Charlie Hebdo e a um mercado kosher provocaram uma onda de reações em algumas escolas de bairros habitados por imigrantes e de cultura muçulmana, desta vez não houve nenhuma reação das equipes educacionais.

"Sociedade precisa refletir"

As vítimas dos ataques contra a casa de espetáculos Bataclan e contra cafés de bairros populares do leste da capital eram esmagadoramente jovens trabalhadores ou estudantes, de origens sociais e étnicas muito diversas.

"Eles foram mortos por pessoas que odeiam esse estilo de vida, produto da nossa sociedade que fabricou excluídos em uma pequena parte da juventude, alimentou ódio e ressentimento", observa o sociólogo Michel Wievorka.

Três homens-bomba também detonaram seus explosivos perto do Stade de France, no norte de Paris, aparentemente em uma tentativa fracassada de causar uma carnificina entre os espectadores que assistiam a uma partida de futebol.

Michael Foessel e Michel Wievorka se inquietam com o discurso de segurança do poder político, que eles acreditam que pode minar os valores da liberdade e da democracia, a base da sociedade francesa.

"Quando a palavra guerra se impõe, nada mais é dito", protesta Michael Foessel. "Mas esta não é uma guerra. São atos de terrorismo, cujos autores querem impor uma guerra contra nós".

"A linguagem da guerra contra o terrorismo é um vocabulário perigoso, porque evoca os erros de George W. Bush e Tony Blair" para justificar a invasão do Iraque, afirma Michel

Na segunda-feira, durante um discurso no Parlamento, o presidente François Hollande usou o termo guerra várias vezes.

"A França está em guerra" e "estamos em uma guerra contra o terrorismo jihadista que ameaça o mundo inteiro e não apenas a França", disse ele.

Para não se deixar aprisionar pelo medo, "a sociedade precisa refletir, discutir em conjunto", afirma Michel Wievorka.

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Após os atentados que deixaram ao menos 129 mortos na sexta-feira em Paris , algumas pessoas se preocupam com o medo, que pode fazer com que a sociedade francesa abandone os valores que constituem sua força.

Este medo é palpável nas ruas de Paris, onde qualquer rumor sobre novos ataques provoca reações de pânico.

Na Rue de Charonne, onde 19 pessoas foram mortas no café "La belle équipe", Frédéric Ittah, de 48 anos, proprietário de uma mercearia, diz que não se sente "protegido". "É preciso que os franceses percebam que estamos em guerra", afirma.

"Vamos mudar radicalmente os nossos hábitos, começar a não passar as madrugadas nas ruas", prevê a sua vizinha Hamideche Dorea.

A prefeita socialista de Paris, Anne Hidalgo, convocou seus concidadãos a não ter medo de "nossos inimigos".

"Mas devemos temer os sentimentos que eles podem nos inspirar: o sentimento de medo que distorce, a raiva que desfigura e a dúvida que divide".

Hidalgo falou na segunda-feira ante o conselho de Paris, reunido antes do minuto de silêncio observado em toda a França para manifestar a unidade da nação frente ao terrorismo.

Enquanto os muçulmanos franceses temem suportar o peso da situação, "não podemos ceder ao desejo dos terroristas de fazer com que a sociedade francesa se instale em um conflito armado", estima o filósofo Machael Foessel.

"O que foi visado foi o elo mais fraco de nossa sociedade, já fragilizada por ataques anteriores e discursos de segurança, que é a igualdade em nossa sociedade, mista, democrática", afirma o filósofo.

"A estratégia dos terroristas consiste em liquidar os pontos de resistência já enfraquecidos no discurso de choque de civilizações", acrescenta.

Enquanto os ataques de janeiro contra a revista satírica Charlie Hebdo e a um mercado kosher provocaram uma onda de reações em algumas escolas de bairros habitados por imigrantes e de cultura muçulmana, desta vez não houve nenhuma reação das equipes educacionais.

"Sociedade precisa refletir"

As vítimas dos ataques contra a casa de espetáculos Bataclan e contra cafés de bairros populares do leste da capital eram esmagadoramente jovens trabalhadores ou estudantes, de origens sociais e étnicas muito diversas.

"Eles foram mortos por pessoas que odeiam esse estilo de vida, produto da nossa sociedade que fabricou excluídos em uma pequena parte da juventude, alimentou ódio e ressentimento", observa o sociólogo Michel Wievorka.

Três homens-bomba também detonaram seus explosivos perto do Stade de France, no norte de Paris, aparentemente em uma tentativa fracassada de causar uma carnificina entre os espectadores que assistiam a uma partida de futebol.

Michael Foessel e Michel Wievorka se inquietam com o discurso de segurança do poder político, que eles acreditam que pode minar os valores da liberdade e da democracia, a base da sociedade francesa.

"Quando a palavra guerra se impõe, nada mais é dito", protesta Michael Foessel. "Mas esta não é uma guerra. São atos de terrorismo, cujos autores querem impor uma guerra contra nós".

"A linguagem da guerra contra o terrorismo é um vocabulário perigoso, porque evoca os erros de George W. Bush e Tony Blair" para justificar a invasão do Iraque, afirma Michel

Na segunda-feira, durante um discurso no Parlamento, o presidente François Hollande usou o termo guerra várias vezes.

"A França está em guerra" e "estamos em uma guerra contra o terrorismo jihadista que ameaça o mundo inteiro e não apenas a França", disse ele.

Para não se deixar aprisionar pelo medo, "a sociedade precisa refletir, discutir em conjunto", afirma Michel Wievorka.

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