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Após acordo comercial, Reino Unido inicia nova vida com o Brexit

Com a saída da União Europeia, Reino Unido agora precisa lidar com novos desafios por conta própria

Brexit: acordo comercial com Bruxelas faz com que o Reino Unido inicie uma nova etapa em sua vida política (Toby Melville/Reuters)

Brexit: acordo comercial com Bruxelas faz com que o Reino Unido inicie uma nova etapa em sua vida política (Toby Melville/Reuters)

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AFP

Publicado em 25 de dezembro de 2020 às 11h51.

Após o alívio de alcançar um acordo comercial pós-Brexit no último minuto com Bruxelas, o Reino Unido encara os desafios de sua nova vida, sem o jugo da União Europeia (UE) e com poucos dias para a preparação.

A assinatura de um compromisso histórico, após longas e árduas negociações, evitou o pior: uma ruptura brutal que teria provocado tarifas e cotas, assim como o bloqueio das águas britânicas para embarcações de pesca europeias a partir de 31 de dezembro às 23 horas.

Porém, a saída do mercado único e o fim da livre circulação representarão mudanças colossais para os britânicos, quatro anos e meio depois do referendo do Brexit e após quase meio século de integração europeia.

Em uma mensagem de vídeo, o primeiro-ministro Boris Johnson apresentou o acordo como um "presentinho para quem procurava algo para ler na sonolenta sobremesa da ceia de Natal".

"Aqui está: notícias satisfatórias, isto é um acordo, um acordo para aportar segurança às empresas e aos viajantes e a todos os investidores no nosso país a partir de 1º de janeiro", celebrou o chefe de Governo.

O acordo com Bruxelas representa uma vitória para Johnson, que tinha este ano para preparar a saída do país do bloco. A pandemia, no entanto, alterou os planos.

O Reino Unido é um dos países mais afetados pela covid-19, com quase 70.000 mortos.

Com a detecção de uma nova cepa mais contagiosa, o país ficou repentinamente isolado e milhares de caminhões permaneceram bloqueados na fronteira com o continente, o que provocou temores de falta de abastecimento de produtos básicos.

As imagens dos caminhões parados nos arredores do porto de Dover deram uma impressão do que poderia acontecer em caso de fracasso nas negociações comerciais com Bruxelas.

Pescadores: "os perdedores"

Com o novo tratado comercial, a UE oferece ao ex-sócio um acesso inédito sem tarifas nem cotas para seu imenso mercado de 450 milhões de consumidores.

A abertura será acompanhada de condições estritas: as empresas do Reino Unido terão que respeitar um determinado número de normas que evoluirão com o passar do tempo nas áreas de meio ambiente, direitos trabalhistas e fiscais, para evitar qualquer tipo de concorrência desleal.

Sobre os direitos de pesca, o último obstáculo nas negociações, o acordo dá aos pescadores europeus acesso às águas britânicas durante um período de transição de cinco anos e meio, até junho de 2026.

Durante o período transitório, a UE renunciará a 25% de sua cota anual nas águas britânicas, avaliada em quase 650 milhões de euros anuais (800 milhões de dólares).

A UE promete ajudar o setor, que considera o "grande perdedor" do acordo, embora o pacto tenha sido apresentado como "equilibrado" e algo que permitirá "deixar o Brexit para trás em definitivo", nas palavras da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Alívio

Também acaba a livre circulação que permitia aos europeus trabalhar em Londres ou aos britânicos desfrutar como queriam de suas residências secundárias na UE.

Londres também saiu do programa de intercâmbio de estudantes Erasmus, que será substituído por outro programa.

Para o jornal The Times, o acordo anunciado na quinta-feira é uma "fonte de alívio, mais do que de celebração". Embora represente um "êxito notável, está longe de ser o final do processo. Agora que (Johnson) cumpriu sua promessa de concluir o Brexit, seu desafio é torná-lo um sucesso", alertou a publicação.

"Johnson não merece crédito por evitar uma calamidade que se aproximava tanto porque ele dirigiu com tanta ansiedade em direção a ela", afirmou o Guardian.

No Parlamento britânico, os deputados examinarão o texto na próxima quarta-feira, mas levando em consideração a maioria do governo e o apoio da oposição trabalhista o acordo deve ser aprovado sem problemas.

Do lado europeu, os embaixadores da UE se reúnem nesta sexta-feira para estudar o texto. O acordo precisa ser validado pelos Estados membros, em um processo que durará vários dias. O Parlamento Europeu o validará no início de 2021.

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