Após 25 anos, população da ex-URSS vê baixa qualidade de vida
Estudo descobriu que só 15 por cento dos russos consideram que seus lares usufruem de uma qualidade de vida melhor
Reuters
Publicado em 14 de dezembro de 2016 às 11h05.
Londres - Um quarto de século após o colapso da União Soviética, o nível de satisfação de vida na Rússia e em outros ex-países soviéticos continua baixo, e o entusiasmo com a democracia e com a economia de mercado aberto é oscilante, de acordo com uma pesquisa publicada na terça-feira.
O estudo descobriu que só 15 por cento dos russos consideram que seus lares usufruem de uma qualidade de vida melhor --menos que os 30 por cento de 2010, data da última sondagem-- e que só 9 por cento veem suas finanças melhores do que quatro anos atrás.
Pouco mais da metade dos entrevistados de ex-Estados soviéticos também acreditam que a volta a um sistema mais autoritário seria uma melhoria em certas circunstâncias, mostrou o estudo realizado pelo Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BERD) e o Banco Mundial.
O BERD, criado 25 anos atrás para investir em ex-nações comunistas, indagou habitantes de todo o antigo bloco soviético durante mais de uma década para seu projeto "Vida em Transição", visitando 51 mil lares de 34 países, da Estônia à Mongólia.
A instituição descobriu que, de fato, o "déficit de felicidade" diminuiu na Europa Oriental, graças a avanços na Ásia central, em Estados bálticos e no centro da Europa, mas também por causa da satisfação menor em partes deste continente, como a Alemanha e a Itália.
As revelações foram corroboradas por novos indícios neste ano, que vão do referendo do Reino Unido para deixar a União Europeia e da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos à insatisfação com alguns dos efeitos da globalização.
O economista-chefe do BERD, Sergei Guriev, disse que o estudo também indicou que os países só podem fazer uma transição bem-sucedida de economias estatizadas para sistemas de mercado mais aberto se este processo "for visto pelo público como justo e benéfico para a maioria".
"Se o público não vir os benefícios das reformas, no final das contas elas não serão bem-sucedidas", disse.
Guriev afirmou que um dos principais fatores do nível de satisfação de vida menor das pessoas é perder o emprego. Os governos, portanto, precisam fazer com que os trabalhadores adquiram novas habilidades, disse.
Ainda segundo ele, a pesquisa mostrou que o apreço das pessoas pela democracia e pela economia de mercado aberto está oscilando.
"Neste momento, na maioria dos nossos países a maioria não parece preferir a democracia a um governo autoritário, enquanto na Alemanha 80 por cento prefere", disse Guriev à Reuters.