Aos 35, chileno Boric é um dos mais jovens estadistas eleitos no mundo
Ex-líder estudantil, Boric defende maiores investimentos sociais e serviços públicos, uma mudança de 180 graus no Estado liberal e de amplo livre mercado construído pelo Chile desde os anos 1980
Da Redação
Publicado em 19 de dezembro de 2021 às 19h58.
Última atualização em 11 de março de 2022 às 16h05.
Com 35 anos, o novo presidente do Chile, o esquerdista Gabriel Boric, é também um dos mais jovens políticos a chegar ao cargo mais importante do governo de seus países.
Na lista de chefes de Estado novatos estão nomes como:
- Sanna Marin, que chegou ao cargo de primeira-ministra da Finlândia com 34 anos em dezembro de 2019
- Nayib Bukele, presidente de El Salvador desde junho de 2019, com 37 anos
- Jacinda Ardern, primeira-ministra da Nova Zelândia desde outubro de 2017, quando tinha 37 anos
- Carlos Alvarado, presidente da Costa Rica desde maio de 2018, quando tinha 38 anos
- Emmanuel Macron, presidente da França desde maio de 2017, quando tinha 39 anos
Ex-líder estudantil
Ex-líder estudantil, Boric defende maiores investimentos sociais e serviços públicos, uma mudança de 180 graus no Estado liberal e de amplo livre mercado construído pelo Chile desde os anos 1980.
Os protestos dos anos 2010 levariam à ascensão de Boric como líder estudantil e figura conhecida no Chile. Daquela geração vieram também uma série de nomes que hoje são o resto da nova esquerda chilena, como as deputadas Camila Vallejo e Karol Cariola, do Partido Comunista, e o deputado e porta-voz da campanha de Boric, Giorgio Jackson.
O agora presidente não está entre as vozes mais à esquerda de sua coalizão. Boric terminou vencendo as primárias e se tornando candidato exatamente por ser visto como um nome mais palatável ao eleitor.
Sua coalizão Aprovo Dignidade tem dois grandes grupos, o Frente Amplio, do qual faz parte o Convergencia Social, partido de Boric, e o Chile Digno, liderado pelo Partido Comunista, frente mais radical. No segundo turno, a candidatura também ganhou apoio dos grupos de centro-esquerda, incluindo da ex-presidente Michelle Bachelet.
A plataforma da coalizão traz muitas das insatisfações que marcaram os protestos há dois anos. Entre os projetos, estão pautas como uma previdência pública em substituição ao modelo de capitalização, ampliar a gratuidade na educação e expandir o sistema público de saúde.
O plano é financiar os investimentos com impostos sobre os mais ricos e setores como a tradicional indústria mineradora chilena. Há ainda amplo foco em temas ambientais, como mais regulações na extração de cobre e frentes como a gestão da água, hoje privada. São pontos nos quais governos de centro-esquerda não tocaram, e que podem tornar um possível governo Boric instável.
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