Análise do FBI aponta para ciberataques russos na eleição dos EUA
FBI emitiu o relatório no mesmo dia em que o presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou uma série de medidas retaliatórias contra a Rússia
Reuters
Publicado em 30 de dezembro de 2016 às 08h51.
Washington - O FBI culpou diretamente serviços de inteligência da Rússia de interferirem na eleição presidencial de 2016 dos Estados Unidos, divulgando na quinta-feira o relatório mais definitivo sobre o tema até o momento, que incluiu amostras de códigos de computador nocivos que teriam sido usados em uma ampla campanha de invasões cibernéticas.
A partir de meados de 2015, a agência de inteligência externa russa, FSB, mandou um link nocivo por email para mais de mil destinatários, entre eles alvos do governo dos Estados Unidos, de acordo com a polícia federal norte-americana em um relatório de 13 páginas de co-autoria do Departamento de Segurança Interna.
Embora o Departamento e o Escritório do Diretor de Inteligência Nacional tenham dito que a Rússia está por trás dos ciberataques de outubro, o relatório é a primeira análise técnica detalhada fornecida pelo governo, e o primeiro comunicado oficial do FBI.
A Rússia vem negando reiteradamente as alegações de ciberataques.
O FBI emitiu o relatório no mesmo dia em que o presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou uma série de medidas retaliatórias contra a Rússia, incluindo a expulsão de 35 agentes de inteligência russos e sanções à agência de inteligência militar da Rússia e ao FSB. O Kremlin criticou as sanções, que disse serem ilegais, e prometeu uma retaliação "adequada".
De acordo com o documento do FBI, entre os grupos comprometidos pelas invasões do FSB estava o Comitê Nacional Democrata (DNC), que voltou a ser invadido no início de 2016 pela GRU.
O relatório corrobora em grande parte descobertas anteriores de empresas particulares como a CrowdStrike, que investigou as invasões ao DNC e outros locais, e é uma prévia de uma avaliação mais detalhada da comunidade de inteligência dos EUA que Obama mandou ser finalizada antes de deixar o cargo no mês que vem, disse uma fonte a par da questão.
A maior parte das informações no documento não é nova, segundo a fonte, refletindo a dificuldade de atribuir responsabilidade por ciberataques publicamente sem revelar fontes e métodos confidenciais usados pelo governo.
Alguns líderes republicanos experientes do Congresso expressaram revolta com o que chamaram de interferência da Rússia nas eleições norte-americanas, divergindo de seu próprio presidente eleito, Donald Trump.
Democratas acusaram Moscou após a derrota de sua candidata presidencial, Hillary Clinton, enquanto Trump questionou se a Rússia realmente é culpada e disse aos democratas que superassem o assunto.