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Aliado de Trump vence eleição em Honduras e promete romper com China

Nasry "Tito" Asfura, engenheiro e ex-prefeito da capital, foi declarado presidente após três semanas de contagem

Nasry Asfura: candidato apoiado por Trump foi eleito (JOHNY MAGALLANES/AFP)

Nasry Asfura: candidato apoiado por Trump foi eleito (JOHNY MAGALLANES/AFP)

Publicado em 24 de dezembro de 2025 às 18h53.

Depois de um processo eleitoral longo, conturbado e marcado por acusações de fraude, Honduras finalmente tem um novo presidente. Nasry “Tito” Asfura, de 67 anos, apoiado pelo americano Donald Trump, venceu a eleição de 30 de novembro e foi oficialmente declarado vencedor pela autoridade eleitoral do país nesta quarta-feira, 24.

A vitória de Asfura, candidato conservador do Partido Nacional, é mais do que um simples giro político doméstico — ela sinaliza uma mudança drástica na política externa de Honduras e reforça a influência de Trump na região.

Trump vence sem estar na cédula

Dois dias antes da votação, Trump interferiu diretamente no pleito, rompendo o silêncio diplomático habitual e afirmando que Asfura era o único candidato com quem “estaria disposto a trabalhar”.

O gesto surtiu efeito e Asfura derrotou o ex-apresentador Salvador Nasralla por margem estreita, enquanto a candidata governista, Rixi Moncada, terminou em terceiro. Ambos os adversários chegaram a denunciar irregularidades no processo de apuração.

A eleição marca o retorno do Partido Nacional ao poder após a presidência de Xiomara Castro, que havia feito história ao assumir como a primeira mulher a liderar o país.

Agora, a virada conservadora abre espaço para um realinhamento internacional — mais próximo dos EUA e mais distante da China.

Ruptura com a China, reaproximação com Taiwan

Asfura prometeu reverter o reconhecimento diplomático da China, restabelecido por Xiomara Castro em 2023, e restaurar relações com Taiwan.

Segundo ele, o acordo com Pequim “custou empregos” e afastou Honduras de seus principais parceiros econômicos. “Queremos fazer parte de um triângulo de nações amigas: Estados Unidos, Taiwan e Israel”, disse o presidente eleito.

A retórica anti-China agrada Washington e segue a cartilha promovida por Trump, que tem feito pressão para que países latino-americanos se afastem de Pequim. Em 2025, Chile e Bolívia também elegeram presidentes conservadores alinhados aos EUA, num movimento que fortalece o eixo pró-Ocidente na região.

Uma política externa inusitada: pró-Israel, mesmo com raízes palestinas

Filho de imigrantes palestinos, Asfura também surpreende ao prometer fortalecer os laços com Israel. Em 2021, Honduras foi um dos poucos países a seguir os EUA na transferência de sua embaixada para Jerusalém — gesto que esfriou nos últimos anos, mas que o novo presidente quer recuperar.

Essa reaproximação, segundo analistas, não tem motivação religiosa ou cultural, mas econômica e política: Asfura vê em Israel um parceiro estratégico em tecnologia e segurança, e quer estreitar esse elo como sinal de alinhamento aos interesses norte-americanos.

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