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Alemanha admite que está no limite de suas capacidades

Alemanha virou o destino preferido dos refugiados depois que Merkel aliviou as regras de asilo para os cidadãos dos países assolados pela guerra


	Acolhida: Alemanha virou o destino preferido dos refugiados depois que Merkel aliviou as regras de asilo para os cidadãos dos países assolados pela guerra
 (Gettyimages)

Acolhida: Alemanha virou o destino preferido dos refugiados depois que Merkel aliviou as regras de asilo para os cidadãos dos países assolados pela guerra (Gettyimages)

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Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2015 às 11h40.

As autoridades alemãs advertiram neste domingo que estão no limite de suas capacidades para acolher refugiados, enquanto a União Europeia se prepara para realizar na segunda-feira uma reunião de urgência sobre a crise de migrantes.

No total, 13.015 refugiados chegaram no sábado a Munique, e esperava-se que neste domingo ao menos 1.400 chegassem a esta cidade do sudeste da Alemanha, o objetivo de seu longo e perigoso périplo através de Hungria e Áustria.

A Alemanha se converteu no destino de preferência de muitos refugiados, particularmente sírios, depois que a chanceler alemã Angela Merkel decidiu aliviar as regras de asilo para os cidadãos deste país assolado pela guerra.

No entanto, com a chegada de 450.000 refugiados ao país neste ano, as autoridades locais estão tendo problemas para enfrentar este importante fluxo.

"Devido a estes números registrados ontem (sábado), está claro que chegamos ao limite extremo de nossas capacidades", disse um porta-voz da polícia de Munique.

O ministro federal de Transportes, Alexander Dobrindt, também se posicionou neste sentido, afirmando que "são necessárias medidas efetivas agora para frear o fluxo".

"Isso inclui a ajuda dos países onde os refugiados chegam e também um controle efetivo de nossas fronteiras, que já não funciona, diante do fracasso completo da UE para proteger suas fronteiras externas", declarou em um comunicado.

Dobrindt se referia principalmente à fronteira entre Turquia e Grécia, que foi cruzada por muitos migrantes.

Por sua vez, Merkel solicitou a Atenas no sábado que destine mais esforços para proteger as fronteiras externas da UE.

Os ministros do Interior da União Europeia realizarão uma reunião extraordinária na segunda-feira em Bruxelas para tratar a crise dos migrantes.

A Organização de Cooperação Islâmica, cujos membros abrigam milhares de refugiados sírios, também tinha programada uma assembleia sobre este tema neste domingo.

Divisões europeias

O presidente da região de Alta Baviera, Christoph Hillenbrand, declarou que não sabia como enfrentar a situação, segundo o tabloide Bild am Sonntag, que tinha como manchete "Munique à beira do colapso".

A televisão pública bávara BR afirmou que a cidade estava muito próxima do desastre humanitário, embora as autoridades tenham conseguido limitar o número de pessoas que precisaram dormir em colchões no chão a apenas algumas dezenas.

Além disso, começarão a utilizar trens regulares de passageiros para dividir os refugiados de forma mais rápida e o governo também cogita utilizar o Olympiahalle, o estádio olímpico dos Jogos de Munique de 1972, como refúgio temporário para migrantes.

No entanto, a proposta da Comissão Europeia de dividir 160.000 dos novos refugiados por um sistema de quotas não conta com a aprovação dos membros do Leste.

A Hungria, que registrou um novo recorde no número de migrantes - 4.330 apenas no sábado -, está construindo contra o tempo uma controversa cerca anti-imigrantes em sua fronteira com a Sérvia.

Um total de 180.000 pessoas entraram ilegalmente neste ano na Hungria, onde uma série de leis que entrarão em vigor na terça-feira preveem que qualquer pessoa que cruze a fronteira ilegalmente poderá ser deportada ou inclusive detida.

Este tipo de políticas provocaram as críticas do chanceler da Áustria, Werner Faymann, que comparou o tratamento que Orban oferece aos migrantes com o período nazista.

"Deixar os refugiados amontoados nos trens com a esperança de que viajem para longe desperta a lembrança do período mais sombrio de nosso continente", disse Faymann no semanário alemão Der Spiegel.

A divisão também era observada nas ruas, com dezenas de milhares de pessoas protestando em Londres no sábado com cartazes que diziam "A vida dos refugiados importa" e manifestantes nas capitais do Leste que pediam aos refugiados que "voltem para casa".

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) informou no sábado que mais de 430.000 pessoas atravessaram o Mediterrâneo em direção à Europa neste ano e que 2.748 pessoas morreram ou desapareceram na tentativa.

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