Exame Logo

AIEA vai demonstrar que Irã aumenta capacidade nuclear

"Não abandonaremos o nosso direito ao enriquecimento, que é o de todas as nações", voltou a dizer na terça-feira Ali Asghar Soltanieh, embaixador iraniano perante a AIEA

Técnico iraniano trabalha na central nuclear de Isfahan: em seu último relatório, a AIEA havia apontado para atividades não habituais no local, suscetíveis de "travar" suas verificações (©AFP/Arquivo / Behrouz Mehri)
DR

Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2012 às 14h45.

O novo relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) sobre o Irã , que deve ser divulgado na quinta ou na sexta-feira, revelará como o Irã continua desenvolvendo seu programa nuclear, apesar da imposição de sanções internacionais sem precedentes, segundo diplomatas.

No momento em que o Irã tenta melhorar sua imagem internacional ao receber nos dias 30 e 31 de agosto a Cúpula dos Países Não-Alinhados, o relatório deve mostrar que o país aumentou novamente sua capacidade de enriquecimento de urânio, alvo de seu conflito com as grandes potências e com Israel.

O urânio enriquecido é utilizado na produção de eletricidade ou de isótopos médicos, que servem para diagnosticar algumas formas de câncer, mas quando é purificado a 90% serve para a fabricação de armas atômicas.

"Não abandonaremos o nosso direito ao enriquecimento, que é o de todas as nações", voltou a dizer na terça-feira Ali Asghar Soltanieh, embaixador iraniano perante a AIEA.

Como signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), o Irã deve submeter suas instalações nucleares à verificação da agência e também pode reivindicar o direito de enriquecer urânio.

Mas os ocidentais e Israel suspeitam que Teerã tente, sob as alegações de seu programa civil, desenvolver uma bomba nuclear, algo que Teerã desmente.

Em mais de oito anos de investigação, a AIEA continua sem poder determinar com certeza se o programa é puramente pacífico, devido, segundo ela, à falta de cooperação do Irã.

Cada novo relatório da AIEA mostra como o país segue seu enriquecimento, apesar das sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, e como desenvolve seu programa. O novo relatório não será uma exceção, apesar da instauração recente de novas sanções da União Europeia (UE) e dos Estados Unidos sobre as exportações petrolíferas iranianas.


Segundo os diplomatas consultados pela AFP, o documento deve mostrar que o Irã instalou 350 novas centrífugas para enriquecer urânio em suas instalações subterrâneas de Fordo (centro).

Em seu relatório anterior, a AIEA informou que Fordo possuía mais de 1.000 centrífugas, das quais 700 estavam em funcionamento. O Irã informou à AIEA que pretendia instalar 3.000 na usina de Fordo, protegida em uma montanha, e transferir para as instalações seu enriquecimento de urânio a 20%.

Em Natanz, perto de Teerã, há cerca de 9 mil centrífugas.

Em um documento, que será entregue às delegações dos países membros da AIEA, o diretor-geral Yukiya Amano também deve chamar a atenção da República Islâmica por suposta "limpeza" da base militar de Parchin, perto de Teerã.

No relatório de novembro, Amano havia apresentado pela primeira vez elementos que indicam que o país trabalhava na produção da arma atômica até de 2003 e, possivelmente, depois disso. O Irã rejeitou essas alegações e considerou que o relatório é falsificado e politizado.

Entre os elementos que mostram isso está a descoberta em Parchin de um contêiner que pode ter servido para realizar testes de explosão convencional aplicáveis à nuclear. Desde então, a agência quer verificar o local, mas o Irã negou o acesso.

Em seu último relatório, a AIEA havia apontado para atividades não habituais no local, suscetíveis de "travar" suas verificações.

A AIEA pode ir mais além em seu novo documento e declarar que uma visita ao local agora carece de objetivo, ressaltam os diplomatas, o que daria a entender claramente que o Irã apagou qualquer traço suspeito.

Na última sexta-feira, houve o fracasso de uma reunião entre a agência e o Irã, que tinha como objetivo chegar a um acordo sobre um plano de verificação para os inspetores da AIEA de pontos indicados pela agência no relatório de novembro.

Para tentar avançar na questão nuclear do país, a agência da ONU aprovou a criação de um "grupo de trabalho" para monitorar o polêmico programa nuclear do país, segundo um documento interno ao qual a AFP teve acesso nesta quarta-feira.

Para ganhar em eficácia, esta nova equipe da AIEA, revelada por fontes diplomáticas na semana passada, estará integrada por especialistas de várias áreas.

Veja também

O novo relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) sobre o Irã , que deve ser divulgado na quinta ou na sexta-feira, revelará como o Irã continua desenvolvendo seu programa nuclear, apesar da imposição de sanções internacionais sem precedentes, segundo diplomatas.

No momento em que o Irã tenta melhorar sua imagem internacional ao receber nos dias 30 e 31 de agosto a Cúpula dos Países Não-Alinhados, o relatório deve mostrar que o país aumentou novamente sua capacidade de enriquecimento de urânio, alvo de seu conflito com as grandes potências e com Israel.

O urânio enriquecido é utilizado na produção de eletricidade ou de isótopos médicos, que servem para diagnosticar algumas formas de câncer, mas quando é purificado a 90% serve para a fabricação de armas atômicas.

"Não abandonaremos o nosso direito ao enriquecimento, que é o de todas as nações", voltou a dizer na terça-feira Ali Asghar Soltanieh, embaixador iraniano perante a AIEA.

Como signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), o Irã deve submeter suas instalações nucleares à verificação da agência e também pode reivindicar o direito de enriquecer urânio.

Mas os ocidentais e Israel suspeitam que Teerã tente, sob as alegações de seu programa civil, desenvolver uma bomba nuclear, algo que Teerã desmente.

Em mais de oito anos de investigação, a AIEA continua sem poder determinar com certeza se o programa é puramente pacífico, devido, segundo ela, à falta de cooperação do Irã.

Cada novo relatório da AIEA mostra como o país segue seu enriquecimento, apesar das sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, e como desenvolve seu programa. O novo relatório não será uma exceção, apesar da instauração recente de novas sanções da União Europeia (UE) e dos Estados Unidos sobre as exportações petrolíferas iranianas.


Segundo os diplomatas consultados pela AFP, o documento deve mostrar que o Irã instalou 350 novas centrífugas para enriquecer urânio em suas instalações subterrâneas de Fordo (centro).

Em seu relatório anterior, a AIEA informou que Fordo possuía mais de 1.000 centrífugas, das quais 700 estavam em funcionamento. O Irã informou à AIEA que pretendia instalar 3.000 na usina de Fordo, protegida em uma montanha, e transferir para as instalações seu enriquecimento de urânio a 20%.

Em Natanz, perto de Teerã, há cerca de 9 mil centrífugas.

Em um documento, que será entregue às delegações dos países membros da AIEA, o diretor-geral Yukiya Amano também deve chamar a atenção da República Islâmica por suposta "limpeza" da base militar de Parchin, perto de Teerã.

No relatório de novembro, Amano havia apresentado pela primeira vez elementos que indicam que o país trabalhava na produção da arma atômica até de 2003 e, possivelmente, depois disso. O Irã rejeitou essas alegações e considerou que o relatório é falsificado e politizado.

Entre os elementos que mostram isso está a descoberta em Parchin de um contêiner que pode ter servido para realizar testes de explosão convencional aplicáveis à nuclear. Desde então, a agência quer verificar o local, mas o Irã negou o acesso.

Em seu último relatório, a AIEA havia apontado para atividades não habituais no local, suscetíveis de "travar" suas verificações.

A AIEA pode ir mais além em seu novo documento e declarar que uma visita ao local agora carece de objetivo, ressaltam os diplomatas, o que daria a entender claramente que o Irã apagou qualquer traço suspeito.

Na última sexta-feira, houve o fracasso de uma reunião entre a agência e o Irã, que tinha como objetivo chegar a um acordo sobre um plano de verificação para os inspetores da AIEA de pontos indicados pela agência no relatório de novembro.

Para tentar avançar na questão nuclear do país, a agência da ONU aprovou a criação de um "grupo de trabalho" para monitorar o polêmico programa nuclear do país, segundo um documento interno ao qual a AFP teve acesso nesta quarta-feira.

Para ganhar em eficácia, esta nova equipe da AIEA, revelada por fontes diplomáticas na semana passada, estará integrada por especialistas de várias áreas.

Acompanhe tudo sobre:AIEAÁsiaEnergiaEnergia nuclearInfraestruturaIrã - País

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame