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África do Sul mobiliza o exército para proteger rinocerontes

Soldados foram enviados para um parque na fronteira com Moçambique para impedir a atuação de caçadores ilegais

Os caçadores querem os chifres dos rinocerantes para vender na Ásia (Roberto Schmidt/AFP)

Os caçadores querem os chifres dos rinocerantes para vender na Ásia (Roberto Schmidt/AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de agosto de 2011 às 19h29.

Parque Kruger, África do Sul - Os soldados não contam senão com a camuflagem e suas armas para se proteger dos predadores e, principalmente, dos caçadores ilegais, que dizimam, mês após mês, os rinocerontes sul-africanos.

Desde abril, os soldados do exército regular sul-africano estão mobilizados ao longo da fronteira com Moçambique, no mítico parque nacional Kruger, no nordeste do país.

Têm como missão combater a caça ilegal, cada vez mais profissional e organizada, que alimenta o mercado asiático com os chifres dos animais, transformados em pó.

"Não estamos mais no tempo do caçador isolado que vinha pela carne, com suas armadilhas primitivas, flechas ou fuzis", explica Ken Maggs, especializado no cerco dos ilegais no parque: "agora, vêm preparados para lutar. É por isso que adotamos táticas militares, ou paramilitares."

Eles atravessam a fronteira à noite, com seus óculos de visão noturna, fuzis de assalto AK-47 (Kalachnikov) e de caça. Os guardas encontram, às vezes, mensagens com ameaças, escritas na areia.

As patrulhas do exército, qui circulam num jeep do parque, trabalham desde o alvorecer, em alerta. Os caçadores são piores que os predadores porque, muitas vezes, abrem fogo, desabafam.

Desde o início do ano, 15 caçadores foram mortos, 9 feridos e 64 detidos em confrontos com o exército.

Março foi o pior mês da história do parque Kruger para os rinocerontes, com 40 animais mortos, segundo os militares. Desde a mobilização do exército, no final de abril, o número de mortes caiu para l5 em maio e, apenas dois, em junho.

É a primeira vez que a tendência se inverte desde 2007. Nesse ano, 13 rinocerontes foram abatidos na África do Sul, e seu número aumentou em seguida, para chegar a 333 no ano passado.

Mas a luta contra a caça ilegal resolve, apenas, uma parte do problema, porque explode, na Ásia a demanda da medicina tradicional que usa os chifres do animal para várias finalidades.


"No Vietnã, por exemplo, corre o rumor de que o chifre de rinoceronte é eficaz no tratamento do câncer", explica Alona Rivord, porta-voz da associaçõ ecologista WWF.

O chifre é feito de queratina, como as unhas humanas, e não tem nenhuma propriedade medicinal reconhecida pela ciência.

A China está oficialmente proibida de utilizá-lo na medicina, mas ainda é um grande importador, com a interdição não sendo respeitada, segundo defensores dos animais.

Os rinocerontes negros já estão ameaçados de extinção, com apenas 4.838 indivíduos recenseados em estado selvagem no mundo, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza.

Seus primos, os rinocerontes brancos, são apenas 17.480.

A permissão para caçá-los legalmente em certos lugares da África do Sul, custa apenas 50 rands (5 euros), lamenta Rynette Coetzee, chefe de um programa de defesa das espécies ameaçadas.

Segundo ela, os vigias dos parques não têm veículos para perseguir os ilegais e estão sempre sujeitos à corrupção, como demonstra a detenção de um deles na segunda-feira, como parte de uma gangue de ilegais.

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