A Otan e um pepino: nova ameaça mútua entre Rússia e EUA
Ontem, enviada dos EUA para a Otan afirmou que, se a Rússia não desativasse seu sistema de mísseis terrestres, o Exército americano o destruiria
Da Redação
Publicado em 3 de outubro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 3 de outubro de 2018 às 07h14.
Está marcada para esta quarta-feira uma nova reunião entre os membros da Otan , a Organização do Tratado do Atlântico Norte. A pauta, porém, será a de sempre: a ameaçadora Rússia e seu poder bélico.
Ontem, a enviada dos Estados Unidos para a Otan, Kay Bailey Hutchison, afirmou que, se a Rússia não desativasse seu sistema de mísseis terrestres – que está em desenvolvimento -, o próprio Exército americano o destruiria.
A afirmação em tom ameaçador ocorre porque, segundo o governo americano, a Rússia está infringindo o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, firmado em 1988, após o fim da Guerra Fria.
Para o governo russo, a ameaça foi descabida, e “sem a noção do perigo” em tratar o tema desta forma. Os membros da Organização devem se debruçar sobre o tema nesta quarta-feira.
Para os 29 países que compõem a Otan, discutir a relação entre Rússia e Estados Unidos é sempre uma tarefa árdua. Como a maioria dos países-membros pertence à União Europeia, qualquer potencial ameaça de ataque poderia ocorrer em seus quintais.
Não é à toa que o governo russo comemorou a baixíssima adesão ao referendo da Macedônica, no último domingo. Com menos de 36% da população votando para a mudança de nome, afastou-se ainda mais a chance de o país tornar-se membro da União Europeia. Para a Rússia, o afastamento do bloco europeu pode significar uma porta em aberto para o bloco, que já domina quase que completamente o Mar Mediterrâneo.
Durante a reunião, será tratado o exercício “Trident Juncture 18”, que se iniciará no fim deste mês. Este será o maior exercício militar já realizado pela Organização, mobilizando mais de 45.000 soldados, 150 aviões, 60 navios e mais de 10.000 veículos.
Em terras norueguesas, o exercício simulará uma fronteira com a Rússia, e tratará de uma “resposta coletiva” da Aliança a “um ataque armado” contra um de seus membros e porá sua capacidade de resposta rápida à prova. Desde o conflito na Ucrânia e a anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014, os aliados reforçaram sua presença no Leste Europeu, especialmente nos países bálticos, que fazem fronteira com a Rússia, cada vez mais ameaçadora aos olhos ocidentais.