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64% dos venezuelanos perderam média de 11kg por falta de alimento

Pesquisa foi elaborada com informações obtidas entre julho e setembro, por isso resultados não refletem o efeito da hiperinflação, que começou em outubro

Venezuela: há muitos alimentos básicos que não são encontrados nos mercados venezuelanos, mas que podem ser obtidos com comerciantes informais a preços elevados ou em marcas muito caras (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
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EFE

Publicado em 21 de fevereiro de 2018 às 18h35.

Última atualização em 19 de setembro de 2018 às 16h29.

Caracas - A Pesquisa sobre Condições de Vida na Venezuela (Encovi) apresentada nesta quarta-feira e realizada com 6.168 famílias de todo o país, feita pelas principais universidades venezuelanas, revelou que 64% dos entrevistados afirmam ter perdido uma média de 11 quilos no último ano por não ter acesso a alimentos.

A Encovi, realizada a cada ano desde 2014, foi elaborada com informações obtidas entre os meses de julho e setembro, por isso os pesquisadores deixaram claro no dia da sua apresentação que estes resultados não refletem o efeito que teve sobre os venezuelanos o fenômeno da hiperinflação, que começou em outubro.

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"Há uma média de 64% de pessoas que afirmam uma perda de peso de 11 quilos no último ano", disse Marianella Herrera, da Universidade Central da Venezuela (UCV), com pós-graduação em Nutrição Clínica da Universidade Simón Bolívar (USB).

Marianella explicou que 61% dos consultados disseram "ter ido para a cama com fome" porque não contavam com alimentos suficientes e 90% disseram que sua renda "não é suficiente" para comprar os alimentos necessários.

Além disso, 78% dos entrevistados dizem que não conseguem muitos dos alimentos da cesta básica.

Vale lembrar que na Venezuela há muitos alimentos básicos que não são encontrados nos mercados, mas que podem ser obtidos com comerciantes informais a preços elevados ou em marcas muito caras em supermercados.

Os resultados apresentados pela especialista em nutrição indicam que 63% das pessoas praticaram a "estratégia" de "reduzir os alimentos em casa" ao eliminar refeições ou diminuir as porções nos pratos.

"Há 20% que não tomam café da manhã e os lanches estão praticamente eliminados", enquanto "70% dizem que não conseguem comprar alimentos saldáveis e equilibrados".

Marinella acrescenta que, definitivamente, "80% das famílias apresentam algum grau de insegurança alimentar", o que significa que foram identificadas com três ou mais das variáveis anteriores que têm a ver com acesso, custo ou qualidade.

"Temos relatos dramáticos de mães decidindo qual criança vai alimentar hoje (...) isso está acontecendo", comentou.

Por outro lado, a especialista afirma que os venezuelanos estão perdendo o senso do que é uma "refeição completa", pois com frequência os pratos não têm equilíbrio nutricional.

"A dieta tradicional continua perdendo quantidade e qualidade, destaca a diminuição da quantidade de farinha de milho e a que há disponível é, em sua maioria, importada e não está enriquecida tal como exigem os regulamentos nacionais", disse Marinella, que acrescentou que as normas sobre nutrição "costumavam ser extremamente rigorosas".

A nutricionista afirma que atualmente existe uma "deterioração na qualidade dos produtos" que a população está consumindo, que "a dieta consiste em arroz, milho, farinha de trigo, tubérculos" e as fontes de ferro e outros micronutrientes se reduziram.

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