NYSE: índice S&P 500 subiu 50% desde a eleição de Donald Trump, no fim de 2016 (Eduardo Munoz/Reuters)
Da Redação
Publicado em 10 de fevereiro de 2020 às 06h32.
Última atualização em 10 de fevereiro de 2020 às 07h09.
Até quando o coronavírus seguirá puxando para baixo as bolsas globais e para cima a cotação do dólar? E qual o capacidade da epidemia de espalhar mau humor pelos mercados para além de seus efeitos diretos?
Neste fim de semana o número de mortos pelo surto passou o da epidemia de Sars, há 17 anos. A contagem mais recente é de 908 mortos e mais de 40 mil casos, com 3 mil novos contaminados apenas no domingo. Os efeitos para a economia chinesa seguem incertos, mas com impacto crescente.
Segundo o banco UBS, o PIB do país deve avançar apenas 3,8% no primeiro trimestre, o que poderia puxar para baixo o crescimento anual para 5,4%, ante 6% previstos anteriormente.
O banco Goldman Sachs calcula que a China deve avançar 4% no primeiro trimestre, ante 5,6% previstos anteriormente. Indica ainda que Pequim deve levar adiante um forte pacote de estímulo no segundo semestre para reverter o início de ano catastrófico para a economia.
Já o J.P Morgan afirmou na sexta-feira (7), que o crescimento do país deve desacelerar para 1% no primeiro trimestre do ano. No final de janeiro, a instituição indicava um avanço de 4,9%, apesar do surto.
Há crescentes dúvidas sobre como as economias de vizinhos como Coreia e Japão se comportarão, assim como seguem incertos os impactos sobre cadeias importantes para a economia global, como as de montadoras e eletrônicos.
Para o Brasil, que tem a China como maior parceiro comercial, o peso maior poderia vir sobre as exportações de commodities como soja, minério e carne. As ações do frigorífico JBS, que se beneficiou em 2019 com o aumento de exportações para a China, estão em queda de 15% desde a escalada do coronavírus, em meados de janeiro. As da mineradora Vale caíram 9% no mesmo período.
O comportamento das ações e do câmbio nos próximos dias será influenciado pela frieza dos números e, como sempre, pelo pânico. Nos últimos dias instalou-se uma disputa nas redes sociais de analistas e gestores sobre o tamanho do estrago potencial. Há quem siga otimista com o Ibovespa acima de 120 mil pontos num futuro próximo, mas há quem projete o índice em 105 mil pontos.
Na sexta-feira o Ibovespa recuou 1,2%, e fechou em 113.770 pontos, acumulando um recuo de 1,6% em 2020. Ainda assim, a alta nos últimos 12 meses é de 21%. O dólar, por sua vez, bateu novo recorde nominal na sexta-feira, cotado em 4,32 reais.
Nesta segunda-feira, a moeda americana começou o dia estável em relação a uma cesta de moedas levantada pela agência Reuters. O índice de ações global MSCI World Index começou o dia em baixa de 0,2%; Xangai e Tóquio fecharam em baixa de 0,6%.
Para além do coronavírus, investidores estão de olho na economia americana. Na sexta-feira, um novo relatório de emprego voltou a mostrar uma consistente criação de vagas. Livre do processo de impeachment, o presidente Donald Trump deve apresentar hoje o orçamento para 2020 com cortes em programas sociais e em ajuda internacional, e com 2 bilhões de dólares para o muro na fronteira com o México.
Trump, cercado em polêmicas, segue favorito à reeleição. Desde sua chegada à Casa Branca, no fim de 2016, o índice S&P 500 subiu 50% — a expectativa de seus eleitores, e de investidores, é que o ritmo se mantenha. Neste caso, a inusitada batalha da vez, nas mesas de negociação mundo afora, é Trump vs. coronavírus. Quem leva a melhor?