Petrobras: (Sergio Moraes/Reuters/Reuters)
Karla Mamona
Publicado em 9 de março de 2020 às 10h39.
Última atualização em 9 de março de 2020 às 17h37.
São Paulo - As ações da Petrobras fecharam em queda de mais de 30% na manhã desta segunda-feira (9). Os papéis preferenciais fecharam em queda de 31,23% e os ordinários, de 31,01%, sendo vendidos por R$ 15,70 e R$ 16,70. Com o tombo de hoje, a estatal perdeu R$ 91,16 bilhões em valor de mercado, valendo R$ 215,80 bilhões.
Fora do Brasil, as ADRs (recibos de ações) da companhia despencam 33,77% na Bolsa de Nova York, sendo vendidos por 6,55 dólares, cada um.
As ações da petroleira PetroRio e das distribuidoras de combustíves BR Distribuidora, Cosan (dona dos postos Shell) e Ultrapar (dona da rede de postos Ipiranga) também fecharam em queda de 36,54%, 9,87%, 9,1% e 10,41%, respectivamente
O mau desempenho da Petrobras e das outras companhias citadas acima se deve a queda de mais de 30% no preço do barril de petróleo na noite do último domingo. Na última sexta-feira (6), os preços já haviam caído 9,3% (aos US$45,4/barril), após Arábia Saudita e Rússia não conseguirem chegar a um acordo para a realização de cortes adicionais de produção para mitigar os impactos do coronavírus sobre a demanda de petróleo.
A situação de agravou após as autoridades sauditas anunciaram um forte aumento na produção de petróleo. Além de aumentar a produção, a Arábia Saudita reduziu ao máximo os preços que pratica no mercado externo, em medida que está sendo considerada uma tentativa de atacar a Rússia e de pressionar produtores de alto custo da commodity.
Para a equipe de analistas da Guide Investimentos, a disputa de preços remete ao ocorrido em 2014, quando sauditas adotaram medidas agressivas para retomar participação de mercado, entretanto a grande diferença sendo o cenário de demanda reduzida vivido atualmente – fato que deve pressionar mais os preços no curto-prazo. Na última sexta-feira, as ações preferenciais da Petrobras caíram 9,53% e as ordinárias 9,92%.
Jefferson Laatus, estrategista-chefe e fundador do Grupo Laatus, acrescenta que o mercado está precificando uma nova guerra devido ao histórico da Rússia. "Países como o Irã vão ser bastante prejudicados. Eles podem querer voltar a fechar o estreito de Omuz. É um cenário nebuloso. Em uma eventual guerra, a Rússia apoiaria o Irã e os EUA, a Arábia Saudita. Com toda certeza a possibilidade de uma guerra na região é muito mais agora do que quando o general iraniano Soleimani foi morto pelos Estados Unidos."
Queda na Selic
A equipe de analistas da XP Investimentos destacou que a queda do preço do petróleo tende a reduzir a pressão na inflação doméstico e, portanto, deve reforçar o entendimento do mercado de que o Banco Central cortará a Selic em 0,50 ponto percentual na próxima semana.
“No entanto, os efeitos de aversão ao risco sobre o Real e o choque de oferta de diversos produtos vão na direção contrária, aumentando a incerteza sobre o plano de voo do Banco Central. Seguimos acreditando que o Banco Central cortará 0,50 ponto percentual, levando a Selic para 3,75%.”