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Ibovespa sobe e volta aos 99 mil após quase um mês; JBS dispara 9%

Sinalização de que reforma tributária pode ser aprovada pela comissão mista até dezembro anima mercado

Bolsa: encerra em maior pontuação desde meados de setembro (Germano Lüders/Exame)

Bolsa: encerra em maior pontuação desde meados de setembro (Germano Lüders/Exame)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 14 de outubro de 2020 às 10h42.

Última atualização em 14 de outubro de 2020 às 17h27.

O Ibovespa subiu 0,84% nesta quarta-feira, 14, e encerrou em 99.334,43 pontos. A pontuação é a maior para um fechamento desde 17 de setembro, quando o índice ainda estava na casa dos 100.000 pontos. O movimento foi favorecido por alguma esperança sobre o andamento de pautas econômicas em Brasília, após sinalizações de que a reforma tributária pode ser votada pela comissão mista do Congresso até meados de dezembro. No mercado, investidores também começam a precificar de forma positiva a

"A questão fiscal vinha pesando bastante nas últimas semanas, com o cenário nebuloso sobre o andamento de reformas. Com notícias positivas sobre o tema, ajuda a clarear um pouco”, afirma Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos.

No mercado local, investidores também começam a precificar de forma positiva a temporada de balanços do terceiro trimestre, que já começou com resultados melhores do que o esperado nos Estados Unidos.  A alta da bolsa brasileira ocorreu na contramão do mercado americano, que repercutiu negativamente a falta de acordo sobre um novo pacote de estímulo.

JBS e frigoríficos

As ações da JBS dispararam 9,2%, após sua controladora J&F selar acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que acaba com qualquer exposição criminal da empresa no país. Nos termos do acordo, a J&F irá pagar 128,25 milhões de dólares e a JBS, 26,87 milhões de dólares.

"Em uma situação assim, acaba sendo positivo. Enquanto não define o valor, o mercado não sabe precificar se a multa resolverá o problema ou o valor será baixo ou alto. Uma vez que se estabelece um valor, a dúvida não existe mais. Então, o mercado trata como problema resolvido", afirma Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos.

Mas antes mesmo do acordo da J&F, os frigoríficos já vinham de bom desempenho, sendo liderado pelas ações da BRF, que reduziram a alta para 2,99%. No radar dos investidores está a descoberta de mais quatro casos de peste suína africana na Alemanha, que já totalizam 69.

No ano passado, a doença foi responsável por dizimar rebanhos chineses, contribuindo para a alta do preço da carne no mercado global. As exportações de carne de porco alemã para a China estão banidas desde meados de setembro, após a confirmação do primeiro caso. Segundo o Ministério da Agricultura da Alemanha, todos os casos de peste suína foram encontrados em animais selvagens, sem confirmação da doença em fazendas.

"Esses bloqueios sobre a Alemanha favorecem os frigoríficos brasileiros, que tendem a ter aumento de demanda, com a menor oferta internacional", diz Adilson Bonvino, sócio Unnião Investimentos. Marfrig e Minerva subiram 3,23% e 2,6%, respectivamente.

Saúde

As empresas do setor de saúde apresentaram forte valorização nesta quarta, com os papéis da Qualicorp subindo 3,82% . Os papéis da NotreDame e da Hypera apareceram pouco atrás, avançando 2,64% e 1,24%, respectivamente. A forte alta ocorre após a Rede D'or ter protocolado pedido de oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). "O mercado de saúde se animou com o pedido da Rede D'or. Há expectativas de aquisições nesse setor", comenta Bonvino.

Petróleo

As ações da PetroRio avançaram 8,02%. O movimento foi beneficiado pela valorização de cerca de 2% do barril de petróleo no mercado internacional e pelo reajuste do preço do combustível no Brasil. "O setor de petróleo está, aos poucos, buscando uma recuperação. A PetroRio [acaba subindo mais porque] é mais volátil, enquanto a ação da Petrobras é mais estável", afirma Gustavo Bertotti, economista da Messem. Depois de também abrir em alta, as ações da Petrobras caiu 0,8%

Calendário econômico

Em dia de agenda esvaziada, as atenções se voltaram para os dados do setor de serviços referentes ao mês de agosto, que ficaram acima das expectativas. No período, o setor teve crescimento de 2,9% ante 2,3% de alta esperados. Na comparação anual, no entanto, a queda foi de 10%.

"O setor é o que tem o maior atraso no ritmo de recuperação pela própria natureza de algumas atividades, que ainda sofre com as medidas de isolamento. Nesse contexto, destacamos a recuperação dos serviços prestados às famílias (33.3%), que vinha decepcionando nas últimas leituras", avaliam analistas da Exame Research.

Exterior

Nos Estados Unidos, o índice S&P 500 caiu 0,67% e o Nasdaq, 0,8%. A queda ocorreu após o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, sinalizar que o pacote de estímulo não deve sair antes das eleições americanas.

Nesta quarta, Mnuchin e a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, voltaram a conversar sobre o tema, mas, mais uma vez, não chegaram a um acordo. "Continuamos a progredir em certas questões, mas em certas questões continuamos distantes. Fazer algo antes da eleição e executá-lo seria difícil", disse Mnuchin em Conferência do Instituto Milken.

Mais cedo, as bolsas vinham de alta, na esteira do resultado do terceiro trimestre do Goldman Sachs, que superou positivamente as expectativas. No período, o lucro por ação do banco ficou em 9,68 dólares ante os 5,45 dólares esperados. Na véspera, os balanços do JPMorgan e da BlackRock também saíram melhores do que o esperado, animando os investidores.

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