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Ibovespa fecha em menor pontuação de 2020 com surto de coronavírus

Preocupados com os impactos da doença na economia, avanço do número de infectados assusta investidores; todas as ações do índice fecharam em queda

Bolsa: Ibovespa cai 4,69% e fica em 102.190,64 pontos (Sarote Pruksachat/Getty Images)

Bolsa: Ibovespa cai 4,69% e fica em 102.190,64 pontos (Sarote Pruksachat/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 5 de março de 2020 às 18h21.

Última atualização em 18 de março de 2020 às 13h38.

São Paulo - O avanço dos casos de coronavírus seguem minando as bolsas globais. Nesta quinta-feira (5), o mercado financeiro sofreu mais um golpe. No Brasil, onde oito casos de infecção já foram confirmados, o Ibovespa caiu 4,65% e ficou em 102.233,24 pontos - o menor patamar desde 10 de outubro de 2019. Já a queda foi a segunda maior desde maio de 2017, perdendo apenas para o recuo de 7% registrado após a volta do carnaval, no último dia 26. Todas as ações do Ibovespa fecharam no vermelho.

No mundo, há 98.050 infectados por coronavírus, sendo 17.620 fora da China, segundo o site de estatísticas em tempo real Worldometers. Nos Estados Unidos, onde já foram contabilizados 209 casos - 51 apenas hoje -, o índice S&P 500 caiu 3,39%.

Por aqui, foram confirmados mais cinco novos casos nesta quinta, o que pode ter impulsionado uma queda ainda mais significativa do Ibovespa, segundo Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos. "Tem alguma relação, ainda mais com as informações de que foram transmissões locais. De fato, é um dado que assusta, mas a queda de hoje também está atrelada ao mercado internacional", disse.

Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset, discorda de que os novos infectados confirmados no Brasil tenham tido algum efeito sobre a Bolsa local. "É um movimento global de aversão à risco, com preocupação sobre uma disseminação mais forte do coronavírus", afirmou.

Em meio ao avanço do número de casos, as maiores perdas do Ibovespa foram lideradas pelo setor de viagens, que inclui companhias aéreas e agência de turismo. Na sessão Gol e Azul caíram 16,77% e 14,53%, respectivamente.

"Ninguém quer correr o risco de entrar no avião com uma pessoa infectada. É um cenário complicado para essas empresas, até porque elas também sofrem com a alta do dólar, visto que parte significativa de seus gastos são dolarizados, como o combustível, por exemplo", comentou Jefferson Laatus, estrategista-chefe e fundador do Grupo Laatus. Nesta quinta, o dólar fechou em alta pelo 12º pregão consecutivo e encerrou levemente acima dos 4,65 reais.

A CVC, que vende pacotes de viagem para a China e EUA, caiu 9,83% ampliando a queda acumulada no ano para 54,34%.

Os papéis da IRB Brasil também voltaram a figurar entre as maiores baixas, recuando 16,17%, mesmo após a empresa ter anunciado troca da direção. Pela manhã, após a notícia, os papéis chegaram a subir quase 5%, mas a alta não se sustentou. No ano, os papéis da IRB Brasil acumulam queda de 64,38%.

Entre os ativos com maior peso no Ibovespa, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras apresentaram fortes perdas, recuando 5% e 5,95%, respectivamente. A queda do preço dos papéis ocorre em linha com o preço do petróleo, que também sofreu desvalorização, mesmo após a Organização dos Países Produtores de Petróleo e aliados (OPEP+) dar sinais de que deve cortar a produção da commodity.

"Mesmo com o anúncio de corte, o petróleo não caiu. Isso poderia ser um gatilho positivo para a commodity, mas o coronavírus foi ainda mais forte, fazendo o preço cair", disse Henrique Esteter,

Em um dia de forte aversão a risco, o melhor desempenho foi dos papéis da Ambev, que recuaram apenas 0,52%. Já a segunda menor baixa foi da Raia Drogasil, que chegou a se valorizar mais de 3% na sessão, mas terminou em queda de 0,55%. Para Laatus, a empresa pode ser beneficiada caso a disseminação do coronavírus se acelere no Brasil. "Não só ela, como qualquer rede de farmácias deve ser favorecida em um cenário desses. Com tudo sangrando e o dólar subindo, o investidor começa a se perguntar 'onde devo me agarrar?' e acaba olhando para o setor."

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