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Eternit vai deixar de usar amianto e ações sobem na Bolsa

Ações da fabricante de telhas são cotadas atualmente a pouco mais de R$1; mudança será feita até o final do próximo ano

Eternit: uso do amianto rendeu processos à companhia (ACAUA FONSECA/Exame)

Eternit: uso do amianto rendeu processos à companhia (ACAUA FONSECA/Exame)

Rita Azevedo

Rita Azevedo

Publicado em 28 de novembro de 2017 às 12h08.

Última atualização em 28 de novembro de 2017 às 12h14.

São Paulo -- As ações da Eternit chegaram a subir 20% na Bolsa nesta terça-feira, depois que a empresa informou que, até o final do próximo ano, irá substituir a utilização do amianto na produção de telhas de fibrocimento.

Os papéis, atualmente cotados a pouco mais de 1 real, acumulam perdas de quase 13% na B3 desde o começo do ano.

A mudança, segundo a Eternit, acompanha uma tendência no mercado, percebida nos últimos anos, de os consumidores deixarem de adquirir produtos que contenham amianto, especialmente na construção civil.

“A Eternit investiu, nos últimos anos, cerca de R$ 25 milhões na adaptação dos equipamentos e do processo de produção de suas unidades industriais, para que pudesse substituir progressivamente a fibra mineral pela fibra sintética de polipropileno.

No final de 2015, concluiu o investimento de aproximadamente R$ 95 milhões na implantação de uma nova fábrica em Manaus para a produção da fibra de polipropileno, suficiente para abastecer todas as unidades fabris da companhia e ainda a demanda de terceiros”, informou a empresa em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Atualmente, as fábricas localizadas nas cidades do Rio de Janeiro, Colombo (PR), Simões Filho (BA), Goiânia e Anápolis (GO), utilizam em média 60% de fibra sintética de polipropileno e 40% de fibra mineral de amianto crisotila na fabricação de telhas. Segundo a empresa, até o final de 2018, o processo produtivo das telhas, utilizará 100% fibra sintética de polipropileno.

A produção de fibras de amianto crisotila pela Sama (mineradora controlada pela Eternit) continuará normalmente e vem sendo gradualmente direcionada para o mercado externo, atendendo clientes em outros países aonde o produto é permitido, tais como Alemanha, Estados Unidos e Índia. 

Processos

O uso do amianto como matéria-prima rendeu processos à Eternit. No último dia 23, a companhia informou ao mercado que o Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região do Rio de Janeiro aumentou o valor de uma indenização por danos morais de 30 milhões de reais para 50 milhões de reais. No processo, a Justiça também determinou a substituição do amianto na fábrica do Rio de Janeiro em um prazo de 120 dias. Na época, a companhia disse que tentará reverter a condenação em instâncias superiores.

Em agosto deste ano, a Eternit foi condenada, em primeira instância, a pagar uma indenização de 500 milhões de reais na Bahia em uma ação civil pública (ACP) ajuizada pelo Ministério Público Federal e pelo Ministério Público do Estado da Bahia. Segundo a empresa, a ACP se refere à mina de São Felix, onde a Sama -- empresa controlada pela Eternit -- encerrou formalmente as suas atividades em 1967. A empresa também deve recorrer.

Também em agosto, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou inconstitucional o artigo da lei federal que permitia o uso e a comercialização do amianto no país. Outros pontos importantes, como a proibição em alguns estados ou em todo país, ainda não foram analisados pelos ministros.

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