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Bolsa chegou em 100 mil pontos. E agora?

Otimismo deve permanecer, mas dependerá do andamento da reforma da Previdência

Bolsa: cenário é de Bull Market (Germano Lüders/Exame)

Bolsa: cenário é de Bull Market (Germano Lüders/Exame)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 18 de março de 2019 às 17h28.

Última atualização em 18 de março de 2019 às 17h32.

São Paulo - A tão esperada marca dos 100 mil pontos chegou na Bolsa. O Ibovespa, principal indicador de desempenho das ações negociadas na B3, bateu um novo recorde nesta segunda-feira. No meio da sessão, o índice subiu 0,90% e alcançou os 100.006,22 pontos, mas fechou aos 99 mil pontos. 

Há algum tempo os 100 mil pontos eram esperados pelo mercado. Logo no início do ano, com o otimismo da chegada do governo Bolsonaro, a bolsa brasileira subiu mais de 10%. Em fevereiro, após o rompimento da Vale em Brumadinho (MG), o Ibovespa voltou a cair aos 95 mil pontos. A mineradora tem um peso de 11% no principal indicador na Bolsa e por isso os desdobramentos da tragédia tiveram um forte impacto no mercado.

Na semana passada, com o início da tramitação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados e instalação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) o otimismo voltou. Agora,  mercado aguarda o envio do texto que trata sobre a aposentadoria dos militares e a definição de quem será o relator na comissão. Ontem, por meio do Twitter, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que ainda não teve conhecimento do texto do projeto de lei que altera as regras previdenciárias para militares, mas afirmou que possíveis benefícios ou sacrifícios serão divididos entre todos, sem distinções.

Em entrevista à EXAME, Adeodatto Netto, estrategista-chefe da Eleven Financial Research, afirmou que acredita que reforma deve ser aprovada no terceiro trimestre deste ano, entretanto não deve tramitar com tanta facilidade no Congresso. Ele destaca que a reforma terá elevados custos políticos e algumas reduções em seu impacto fiscal, o que trará volatilidade ao mercado. “Nosso cenário ao longo de 2019 não contempla esta calmaria precificada pelo mercado. Será uma estrada difícil, especialmente no campo político. ”

Além do ajuste fiscal na agenda doméstica, a Bolsa também será impactada pela adversidade do cenário externo, com destaque para Brexit, questão orçamentária na Itália, desaceleração da economia chinesa, além da guerra comercial entre Estados Unidos e China.

O presidente americano, Donald Trump, já declarou que não tem pressa para completar um acordo comercial com a China, no qual Washington deseja incluir reformas estruturais por Pequim, incluindo a maneira como o governo chinês trata a propriedade intelectual dos EUA. Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, devem se encontrar em abril para concluírem um pacto que pode encerrar uma guerra comercial de meses. Enquanto o desfecho não chega, os ativos expostos à commodities, como a Vale e as siderúrgicas seguirão voláteis.

Apesar das dificuldades externas, analistas ouvidos pela EXAME apontaram um cenário base para o Ibovespa que varia entre 110 mil pontos e 138 mil pontos até o final de 2019.

Rafael Bevilacq, estrategista-chefe da consultoria independente Levante, é um dos mais otimistas. Além do andamento da reforma da Previdência, ele explica que os múltiplos das ações listadas na B3 ainda estão baratos, logo há espaço para uma valorização.

Somado a isso, é esperado que as empresas apresentem resultados financeiros fortes no decorrer do ano, já que fizeram a "lição de casa" em períodos mais críticos da economia. “A Bolsa não está cara e temos uma precificação de target para cima. É um cenário de Bull Market. ”

Os analistas também acreditam que o fluxo de investidores estrangeiros aumentará após a aprovação da reforma da Previdência. Vale lembrar, que no ano saldo estrangeiro está negativo em 1,118 bilhão. "O estrangeiro vai esperar o rally da Bolsa para entrar", acrescenta  Bevilacq. Agora, é só esperar.

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