Prédio de 1 quilômetro é mau agouro para economia global
De acordo com o "Índice Arranha-Céu" da Barclays, construção de prédios gigantes está relacionada com eclosão de crises econômicas
João Pedro Caleiro
Publicado em 24 de abril de 2014 às 12h45.
São Paulo - Vem aí o Kingdom Tower, prédio com quase 1 quilômetro de altura e que começa a ser construído na próxima semana em Jeddah, na Arábia Saudita.
Quando ficar pronto em 2020, ele deverá superar o Burj Khalifa, em Dubai , como o arranha-céu mais alto do planeta.
Sinal de uma economia promissora, certo? Errado. De acordo com o "Índice Arranha-Céu" da Barclays , a construção de um mega prédio está relacionada com a eclosão de uma grande crise econômica .
O período da Grande Depressão nos Estados Unidos foi marcado pela inauguração de três famosos arranha-céus de Nova York: o 40 Wall Street em 1929, o Chrysler Building em 1930 e o Empire State em 1931.
O choque do petróleo em 1973 foi precedido pelo primeiro World Trade Center em 1972 e sucedido pela Sears Tower, de Chicago, em 1974.
A construção das torres Petronas na Malásia em 1997 coincidiu com a crise econômica asiática e o Burj Khalifa começou a ser construído em 2004 e teve seu exterior finalizado em 2009 - poucos meses após a eclosão da crise financeira.
Não é uma mera coincidência. A construção dos prédios tão altos é só o símbolo mais visível de um "boom mais amplo de construção de arranha-céus, que reflete uma generalizada má alocação de capital e uma iminente correção econômica", de acordo com a firma.
Mas não é só. De acordo com Andrew Lawrence, criador do índice, existe também "o fator das pessoas quererem colocar um monumento ao boom de construção e ao crescimento da cidade. Então sempre vem através de uma disposição, do lado político, de ver estes grandes prédios serem construídos."
Como não é só a altura dos grandes prédios que importa, mas também a quantidade, é bom ficar de olho na China e na Índia.
Duas tendências tem marcado a construção destes edifícios nos últimos anos: a migração da América do Norte para a Ásia e o Oriente Médio e a predominância dos residenciais. O Kingdom Tower confirma o movimento e deve contar com luxuosos apartamentos.
O "Índice Arranha-Céu" foi criado originalmente em 1999 por Lawrence quando ele ainda era analista do banco de investimentos Kleinwort Bason. Ele acabou levando seu trabalho para a empresa de serviços financeiros Barclays, que começou a publicar o índice em 2012.
Na época, a empresa afirmou que "felizmente, não há atualmente um arranha-céu sendo construído que tenha como meta superar a altura do Burj Khalifa". Agora, o cenário mudou - e a economia global que se cuide.
Andares: 121
Início da construção: 2008
Previsão de conclusão: 2014
Empresa responsável: Gensler
Andares: 104
Início da construção: 2006
Previsão de conclusão: 2013
Empresa responsável: Mueser Rutledge Consulting Engineers e Skidmore, Owings & Merrill (New York)
Andares: sem informações
Início da construção: sem previsão
Previsão de conclusão: sem previsão
Empresa responsável: Dubai Multi Commodities Centre
Andares: 88
Início da construção: 2010
Previsão de conclusão: 2014
Empresa responsável: Halvorson and Partners
Andares: 77
Início da construção: 2006
Previsão de conclusão: 2014
Empresa responsável: Marriott
Andares: 76
Início da construção: 2005
Previsão de conclusão: 2014
Empresa responsável: Gulf Engineering & Consultants
Andares: 75
Início da construção: 2006
Previsão de conclusão: 2013
Empresa responsável: Frank Williams & Partners e M.M.Posokhin
Andares: 57
Início da construção: 2010
Previsão de conclusão: 2013
Empresa responsável: sem dados
Andares: 105
Início da construção: 1986
Previsão de conclusão: 2013
Empresa responsável: Baikdoosan Architects & Engineers
Andares: 72
Início da construção: 2006
Previsão de conclusão: 2013
Empresa responsável: Adnan Z Saffarini