Vencedor da Palma de Ouro falta à premiação em Cannes
Diretor Terrence Malick disse que não dá entrevistas para não influenciar a opinião do público sobre seu filme premiado no festival, "A Árvore da Vida"
Da Redação
Publicado em 24 de maio de 2011 às 11h01.
São Paulo - Filha de Liv Ullman e Ingmar Bergman, a escritora sueca Linn Ullman integrou o júri que atribuiu a Palma de Ouro a "A Árvore da Vida", de Terrence Malick, no domingo à noite. Ela fez a melhor análise entre os jurados - citou a quantidade de filmes sobre pais e filhos e a visão apocalíptica da sociedade atual. Surpreendeu o próprio presidente Robert De Niro. Disse que ele foi 'democrático'. De Niro fez uma cara de "Está falando comigo?".
Antes de subir a escadaria do Palais, o presidente criara certa apreensão. Disse que seu júri havia feito o que fora possível. O prêmio para "The Tree of Life" consagra um filme grande, mais que um grande filme. Foi a segunda vez, na história do festival, que o vencedor não subiu ao palco. Nos anos 1970, o diretor turco Yalmaz Guney, de Yol, não recebeu a Palma porque estava preso pela ditadura, em seu país. Malick não deu as caras porque, segundo seus produtores, é tímido.
Pode ser, mas isso já se agregou ao marketing de seu cinema. Ele é o diretor que não aparece, como o escritor J. D. Salinger, de "O Apanhador no Campo de Centeio", também preferia a obscuridade. A justificativa oficial é que Malick não dá entrevistas para não influenciar o público, que deve descobrir seus filmes sozinho. O, digamos, 'anonimato' alimenta o mito. Ele teria visto incógnito à sessão oficial de seu filme.
Se a decisão principal do júri dividiu a imprensa - metade da sala aplaudiu, a outra metade vaiou -, não foi, de qualquer maneira, uma escolha indigna e em outros prêmios De Niro e seu pessoal (Uma Thurman, Jude Law, Johnny To, etc.) acertaram. Os de interpretação foram os mais aplaudidos da noite. Depois que Von Trier foi banido do festival por suas declarações 'nazistas', pouca gente ainda continuava acreditando nas possibilidades de "Melancolia". O júri fez a coisa certa escolhendo a Kirsten Dunst de "Melancolia", mesmo que, nas bolsas de apostas, Tilda Swinton fosse a favorita por seu papel de mãe em "We Need To Talk About Kevin", de Lynne Ramsay.
Jean Dujardin foi, simultaneamente, a escolha mais simples e a mais ousada do júri. Ele era o melhor ator por seu papel como o astro do cinema silencioso de "O Artista", de Michel Hazanavicius, mas Dujardin, que já filmou no Brasil - o agente OSS 117 -, representa o cinema popular, pelo qual os críticos não têm apreço. Em agradecimento, ele se ajoelhou diante de De Niro. A grande falha do júri talvez tenha sido esquecer o concorrente finlandês - "Le Havre", de Aki Kaurismaki -, que na véspera recebeu o prêmio da crítica. A Caméra d´Or para o melhor filme de diretor estreante foi para o argentino "Las Acacias", de Pablo Giorgelli. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Confira os vencedores:
Palma de Ouro - "A Árvore da Vida", de Terrence Malick
Grande Prêmio - "Once Upon a Time in Anatolia", de Nuri Bilge Ceylan, e "Le Gamin au Vélo", de Jean-Pierre e Luc Dardenne
Direção - Nicolas Winding Refn ("Drive")
Ator - Jean Dujardin ("O Artista")
Atriz - Kirsten Dunst ("Melancolia")
Prêmio do Júri - "Poliss", de Maïwenn
Roteiro - Joseph Cedar ("Footenote")
Caméra d´Or - "Las Acácias", de Pablo Giorgelli
São Paulo - Filha de Liv Ullman e Ingmar Bergman, a escritora sueca Linn Ullman integrou o júri que atribuiu a Palma de Ouro a "A Árvore da Vida", de Terrence Malick, no domingo à noite. Ela fez a melhor análise entre os jurados - citou a quantidade de filmes sobre pais e filhos e a visão apocalíptica da sociedade atual. Surpreendeu o próprio presidente Robert De Niro. Disse que ele foi 'democrático'. De Niro fez uma cara de "Está falando comigo?".
Antes de subir a escadaria do Palais, o presidente criara certa apreensão. Disse que seu júri havia feito o que fora possível. O prêmio para "The Tree of Life" consagra um filme grande, mais que um grande filme. Foi a segunda vez, na história do festival, que o vencedor não subiu ao palco. Nos anos 1970, o diretor turco Yalmaz Guney, de Yol, não recebeu a Palma porque estava preso pela ditadura, em seu país. Malick não deu as caras porque, segundo seus produtores, é tímido.
Pode ser, mas isso já se agregou ao marketing de seu cinema. Ele é o diretor que não aparece, como o escritor J. D. Salinger, de "O Apanhador no Campo de Centeio", também preferia a obscuridade. A justificativa oficial é que Malick não dá entrevistas para não influenciar o público, que deve descobrir seus filmes sozinho. O, digamos, 'anonimato' alimenta o mito. Ele teria visto incógnito à sessão oficial de seu filme.
Se a decisão principal do júri dividiu a imprensa - metade da sala aplaudiu, a outra metade vaiou -, não foi, de qualquer maneira, uma escolha indigna e em outros prêmios De Niro e seu pessoal (Uma Thurman, Jude Law, Johnny To, etc.) acertaram. Os de interpretação foram os mais aplaudidos da noite. Depois que Von Trier foi banido do festival por suas declarações 'nazistas', pouca gente ainda continuava acreditando nas possibilidades de "Melancolia". O júri fez a coisa certa escolhendo a Kirsten Dunst de "Melancolia", mesmo que, nas bolsas de apostas, Tilda Swinton fosse a favorita por seu papel de mãe em "We Need To Talk About Kevin", de Lynne Ramsay.
Jean Dujardin foi, simultaneamente, a escolha mais simples e a mais ousada do júri. Ele era o melhor ator por seu papel como o astro do cinema silencioso de "O Artista", de Michel Hazanavicius, mas Dujardin, que já filmou no Brasil - o agente OSS 117 -, representa o cinema popular, pelo qual os críticos não têm apreço. Em agradecimento, ele se ajoelhou diante de De Niro. A grande falha do júri talvez tenha sido esquecer o concorrente finlandês - "Le Havre", de Aki Kaurismaki -, que na véspera recebeu o prêmio da crítica. A Caméra d´Or para o melhor filme de diretor estreante foi para o argentino "Las Acacias", de Pablo Giorgelli. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Confira os vencedores:
Palma de Ouro - "A Árvore da Vida", de Terrence Malick
Grande Prêmio - "Once Upon a Time in Anatolia", de Nuri Bilge Ceylan, e "Le Gamin au Vélo", de Jean-Pierre e Luc Dardenne
Direção - Nicolas Winding Refn ("Drive")
Ator - Jean Dujardin ("O Artista")
Atriz - Kirsten Dunst ("Melancolia")
Prêmio do Júri - "Poliss", de Maïwenn
Roteiro - Joseph Cedar ("Footenote")
Caméra d´Or - "Las Acácias", de Pablo Giorgelli