Pais brasileiros não se identificam com imagem paterna na publicidade
Segundo o Google Consumer Survey, eles querem que as campanhas incorporem a figura do pai protagonista, cuidador e presente no cotidiano doméstico
Vanessa Barbosa
Publicado em 20 de julho de 2019 às 12h41.
Última atualização em 23 de julho de 2019 às 10h33.
São Paulo - Você já deve ter reparado que boa parte das campanhas publicitárias de bens de consumo domésticos são focadas na figura da mãe, representada em geral como a cuidadora do lar e das crianças. Não é à toa: as mulheres brasileiras trabalham, em média, oito horas a mais por semana em afazeres domésticos ou no cuidado de familiares do que os homens.
Mas há exceções, e os pais que têm assumido postura mais participativa dentro de casa e na criação dos filhos se sentem mal representados nas campanhas publicitárias. É o que aponta uma pesquisa do Google Consumer Survey divulgada em primeira mão ao site EXAME. O levantamento online feito com 500 pessoas mostra que somente 35% dos pais se identificam com a imagem projetada pela publicidade — um alerta para as marcas a poucas semanas do Dia dos Pais, em 11 de agosto.
A principal crítica vai para a tradicional imagem do pai provedor, que garante o sustento econômico mas não se envolve profundamente com os aspectos da vida doméstica, assumindo papel decoadjuvante na criação dos filhos.Os entrevistados querem que as campanhas incorporem a figura do pai protagonista, cuidador e presente no cotidiano de suas casas —39% disseram que dividem igualmente a responsabilidade de criar os filhos e 36% de cuidar da casa.
"Isso se alinha a um debate que ganha cada vez mais força, sobre a nova masculinidade, menos tóxica e que busca uma maior igualdade entre os gêneros. Um comportamento que vai ao encontro da demanda das mães por uma divisão igualitária de responsabilidade na criação dos filhos e nos cuidados com a casa", diz a pesquisa.
Dentre as características citadas que desagradam os entrevistados estão a imagem de “pai perfeito” (41%), pai com papel secundário ou coadjuvante na criação dos filho (32%), pais muito rígidos e autoritários (30%), pai que está sempre trabalhando e pouco presente em casa (27%), pai só presente na hora da diversão: brincadeira, futebol (26%) e pai pouco atuante nos cuidados diários e no cotidiano (23%).
Segundo a pesquisa, os entrevistados gostariam que as campanhas publicitárias representassem os pais de forma mais participativa no cotidiano dos filhos e que divide igualmente as responsabilidades da casa. A necessidade da representatividade de famílias além do formato tradicional - pai, mãe e filhos - também foi citada.