Líderes Extraordinários

Introvertido, extrovertido ou ambivertido: que tipo de líder é você?

Lideranças silenciosas também podem inspirar, motivar equipes e alcançar grandes resultados

Líderes introvertidos: o poder da reflexão e da escuta ativa nas decisões empresariais. (Nuthawut Somsuk/Getty Images)

Líderes introvertidos: o poder da reflexão e da escuta ativa nas decisões empresariais. (Nuthawut Somsuk/Getty Images)

Publicado em 30 de setembro de 2024 às 14h00.

Última atualização em 30 de setembro de 2024 às 16h13.

É possível ser, ao mesmo tempo, um grande líder e ser introvertido? Se há um equívoco propagado no mundo corporativo é o de que lideranças empresariais bem-sucedidas se caracterizarem pela extroversão. Por isso mesmo, muitas vezes, este que vos escreve, foi percebido – de forma errônea – como uma referência em liderança extrovertida.

O conceito da extroversão foi popularizado por Carl Jung, que a definiu como uma atitude em que a energia pessoal é direcionada para fora, para o mundo externo. O contraponto a ela, segundo o próprio psiquiatra e psicoterapeuta suíço, é a introversão, quando a pessoa tende a ser mais reservada e introspectiva, uma vez que a energia é direcionada para o mundo interno.

Líderes introvertidos tendem a focar sua atenção no mundo interior, isto é: universo das ideias, impressões, ponderações, divagações e criações. Eles se destacam por apresentar uma atividade mental intensa, por isso gostam de observar antes de participar e analisar antes de decidir. São mais discretos, comedidos, cuidadosos e, às vezes, podem se sentir cansados pelo excesso de interação.

Muitos possuem uma tremenda capacidade da escuta ativa, o que também os habilita a dar autonomia e empoderar times em busca da superação dos objetivos. Introspectivos apreciam a reflexão profunda, a tal solitude, o estado de estar sozinho por escolha, diferindo da solidão que é um sentimento de desconexão e isolamento indesejado. Como disse Shakespeare, “é melhor ser rei do teu silêncio do que servo das tuas palavras”. E ao contrário do que muitos podem pensar, lideranças introvertidas têm atributos muito benéficos para as empresas.

Líderes introvertidos, na maior parte das vezes, escutam e pensam mais antes de fazer e de falar. Querem entender com profundidade o assunto e identificar seus possíveis impactos e caminhos, para – só então – se posicionar e agir. Essa atitude de autocontrole torna as empresas menos vulneráveis às crises internas e externas.

Uma liderança introvertida também tende a ser mais prudente, pois é menos suscetível às opiniões externas. Ela evita agir sob o calor da emoção e, por isso, está menos propensa a erros ou a decisões pouco embasadas. Também geralmente transmite calma, o que é importante para manter a segurança e confiança da equipe, especialmente em momentos de adversidades.

Por fim, os líderes introvertidos se aproximam muito do perfil do líder servidor, figura com a qual muito me identifico. Com postura humilde, estão mais dispostos a demonstrar a sua vulnerabilidade e mais abertos a novas ideias e ao contraditório. Por não serem tão apaixonados pelos palcos e holofotes, são capazes de dedicar muita atenção e energia para desenvolver, formar e empoderar as pessoas da sua equipe. Como ressalta Susan Cain em seu TED “O poder dos introvertidos”, eles são excelentes da forma que são.

Há exemplos de grandes líderes que apresentavam características flagrantes de introspecção: Warren Buffet, Mahatma Gandhi, Albert Einstein e Bill Gates. Não por acaso, Gandhi costumava dizer: “de uma forma suave, você pode sacudir o mundo”, enquanto afirmava Einstein: “a monotonia e a solidão de uma vida tranquila estimulam a mente criativa”. Além de grandes personalidades mundiais, me recordo de duas lideranças que muito admiro e que são referência no meu mundo: Dona Suzana, minha mãe, e meu querido tio e sócio Arnaldo, fundador da Engeform. Dentre todos os atributos que me impressionam de ambos, o que mais se destaca é a capacidade de escuta ativa.

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