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A visão da IP Capital, cujo fundo rendeu 22.100% desde o Plano Real

Pedro Andrade, sócio da gestora, explica a estratégia do fundo de ações long only que venceu a categoria em 2021 na premiação Melhores do Mercado da EXAME

Pedro Andrade, cogestor da IP Capital Partners: 70% do portfólio no exterior e foco em negócios digitais em horizonte de cinco anos (Leandro Fonseca/Exame)

Pedro Andrade, cogestor da IP Capital Partners: 70% do portfólio no exterior e foco em negócios digitais em horizonte de cinco anos (Leandro Fonseca/Exame)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 5 de abril de 2022 às 07h15.

Uma das gestoras pioneiras do mercado de capitais brasileiro, a IP Capital Partners é adepta do estilo de investimento consagrado por Warren Buffett, o value investing. Um de seus principais fundos, o IP Participações FIC FIA BDR Nível 1, navegou bem durante os dois anos da pandemia da covid-19 graças a uma visão global sobre investimentos.

A IP Capital foi fundada em 1988, e o fundo de ações, lançado em 1993. Ele pode investir 100% do patrimônio no Brasil ou no exterior via BDRs, os recibos de ações negociadas em bolsas de outros países. Dessa forma, se algum dos países nos quais possui ativos passa por dificuldades, isso não afetará o fundo todo.

"Ao investir no exterior reduzimos brutalmente a volatilidade do fundo. Hoje, ela é menor do que a média do mercado", disse Pedro Cezar de Andrade, sócio da IP Capital e cogestor das estratégias IP Participações, IP Atlas e IP Previdência, à EXAME Invest.

O IP Participações foi premiado como o melhor Fundo de Ações Long Only no Melhores do Mercado, organizado pela EXAME com o apoio técnico da consultoria Quantum Finance. Sua aplicação mínima inicial é de R$ 1 mil. Desde o início do Plano Real, o fundo acumulou rentabilidade acima de 22.100%.

Veja abaixo a entrevista completa concedida por Pedro Andrade à EXAME Invest.

O que levou o fundo a registrar um bom desempenho em um período tão turbulento como a pandemia?

No início da pandemia, 80% do nosso portfólio era composto por empresas no exterior. Investimos em negócios com foco no digital, a exemplo do Google, da Charter, empresa de banda larga americana, e da Netflix.

A aceleração da digitalização provocada pela pandemia fortaleceu ainda mais esses negócios. Então não mudamos a nossa carteira: apenas monitoramos continuamente a fortaleza desses negócios e os preços dos papéis.

Em 2021, houve uma rápida correção de preços das ações nacionais, o que nos deu a oportunidade de aumentarmos a exposição em ativos no país. Hoje, as ações brasileiras representam 30% do portfólio. Atualmente temos 18 papéis no portfólio.

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Como é a estratégia do fundo?

Compramos ações pensando em uma janela de tempo de pelo menos cinco anos. Temos 18 papéis no fundo e nossa maior posição é em Google (12%). Também temos na carteira nomes como TransDigm, uma empresa de manufatura aeroespacial americana, além de Hapvida e Amazon.

Acreditamos que se quisermos ter ótimos retornos com baixo risco devemos nos concentrar em ativos acima da média. As empresas precisam crescer por conta própria, ter um escudo competitivo forte e pessoas capazes e confiáveis na gestão. Também precisam inovar constantemente e encontrar novas vertentes de investimentos. Além disso, o preço do papel deve ser condizente com o seu potencial.

Alguns negócios são tão bem vistos que o preço deixa de fazer sentido. O mercado vive criando narrativas exageradas em torno de uma empresa, otimistas ou pessimistas. Buscamos encontrar ações em preços interessantes por causa de um pessimismo momentâneo.

Quais segmentos exigem cautela do investidor?

Olhamos muito para o setor de software com serviços (SaaS), mas não investimos nele. Existem empresas excepcionais, inovadoras, bem geridas e com crescimento acelerado que negociam a patamares de preços incompreensíveis. Como resultado, o valor do papel cai de 65% a 95%.

Por isso, preferimos investir em poucas fintechs e bancos digitais. Desconfiamos dos preços nos quais os papéis estão sendo negociados. Uma empresa pequena de tecnologia pode conquistar um mundo imaginário. São escaláveis, crescem com facilidade e baixo custo. Se crescer, pode valer muito. Mas o problema é saber o quanto.

Preferimos investir em empresas de tecnologia que estão em estágio avançado de maturidade, nas quais conseguimos acompanhar a geração de caixa do negócio, como Google, Apple e Netflix. Dessa forma, conseguimos avaliar se estamos pagando muito pelo papel.

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