ESG

Prêmio Sim à Igualdade Racial impulsiona antirracismo e celebra negritude

Sobre a premiação e o debate do racismo estrutural no Brasil, Luana Genot, diretora executiva do ID_BR, falou com exclusividade à EXAME

Luana Génot, diretora executiva do Instituto Identidades do Brasil  (ID_BR/Divulgação)

Luana Génot, diretora executiva do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR/Divulgação)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 28 de maio de 2021 às 11h51.

Neste sábado, 29, o Instituto Identidades do Brasil promove o Prêmio Sim à Igualdade Racial 2021. Organizado anualmente desde 2018, o evento busca reconhecer os principais nomes e instituições que atuam em prol da igualdade racial no Brasil, dentro dos pilares educação, empregabilidade e cultura.

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Neste ano o evento será apresentado pela atriz Jéssica Ellen, a cantora Majur e o MC Xamã, com exibição no Multishow, e na página do ID_BR no Facebook, a partir das 16h30. Sobre a premiação e o debate do racismo estrutural no Brasil, Luana Genot, diretora executiva do ID_BR, falou com exclusividade à EXAME.

O que podemos esperar do evento neste ano?

Neste ano há um fortalecimento da pauta indígena, inclusive no corpo de jurados. Foram mais de 9.000 inscrições de todo o Brasil para as dez categoria, que são divididas pelos pilares de educação, empregabilidade e cultura. E o tema deste ano é O Mundo Ideal, que está muito no papel, nos códigos de conduta das empresas, mas que precisa se consolidar para que essa evolução de fato ocorra.

Estamos caminhando para o mundo ideal?

Há uma evolução, ainda que lenta. No ID_BR percebemos o maior interesse da imprensa na cobertura de protestos antirracistas, do prêmio e mais. Mas a pauta antirracista não é só a morte de George Floyd, especialmente em um país [o Brasil] no qual um jovem negro morre a cada 23 minutos.

Nas empresas, até em termos de patrocínios há uma mudança. Diferentemente dos anos anteriores, quando muita gente tinha medo de falar a respeito e se associar a pauta, há mais disposição em entender quais ações podem ser feitas e, para além das desigualdades, falar de visibilidade positiva e acesso.

Os patrocinadores têm fortes ações antirracistas?

De algum modo ainda há muito medo em ser cancelado, em não se engajar, mas também o medo de se engajar não tendo nada ainda dentro da empresa. Digo que o prêmio não deve ser a única ação, mas é uma forma de começar a comunicar ao público que algo está sendo feito. É uma forma de impulsionar o diálogo, pois se ficar apenas tratando da questão do medo não vamos sair do lugar. Percebemos, neste sentido, um maior contato das marcas neste ano.

Como o selo Sim à Igualdade Racial ajuda as empresas nessa jornada?

De um ano pra cá, tivemos um aumento de mais de 50% das empresas com o selo. Naquelas que já o tinham será possível mensurar os impactos a longo prazo. Em geral, já é possível perceber aumento de negros nos processos seletivos, crescimento das promoções, treinamento de letramento para as lideranças, e mais. Tenho percebido mudanças de paradigma ao falar mais sobre o assunto.

E vamos continuar desenvolvendo e mensurando impactos para que as decisões sejam, nas empresas, ainda mais direcionadas para o desenvolvimento de pessoas negras e indígenas, sabendo também que isso leva algum tempo.

Pela sua experiência nos Estados Unidos, é possível perceber ações diferentes na pauta antirracista quando comparado ao Brasil?

Temos acompanhado de perto os investimentos nos Estados Unidos. Desde a morte de George Floyd há um salto. Entre 2011 a 2019, 2,2 bilhões de dólares haviam sido divulgados. Já o ano passado terminou com 76 bilhões de dólares na pauta antirracista. Depois de 2020 as empresas começaram a se disponibilizarem ou serem pressionadas intencionalmente.

Porém, aqui no Brasil há um teto de vidro branco que cruza os braços para isto. No ano passo estive em Washington e Nova York, e percebi que muitos executivos desconhecem o fato de que temos quase 120 milhões de negros no Brasil, enquanto lá são 40 milhões.

As multinacionais não trazem essa pauta com força para cá e acreditam numa maior democracia racial.  Certamente pode haver mais pressão nas empresas para que os planos sejam mais efetivos. Mas, os programas globais de diversidade e inclusão, muitas vezes, se limitam aos Estados Unidos.

Como prêmio contribui para a mudança?

O prêmio será exibido no Multishow e esperamos que, até ano que vem, seja transmitido no canal aberto. Por meio dele levamos mensagens sobre o racismo estrutural de forma massificada para as pessoas. Começamos fazendo este evento entre quatro paredes e agora temos parcerias que potencializam a discussão para o Brasil todo ao apresentar iniciativas bastante relevantes que muitas vezes não são vistas.

Sobre o evento

Para a edição deste ano, o Instituto e o diretor Elísio Lopes Jr. criaram o conceito artístico “O Mundo que Sonhamos”, que pretende questionar e construir, por meio da arte, o mundo ideal. Cada bloco do prêmio irá remeter a um momento específico da caminhada da luta pela igualdade racial no mundo e colocar personagens históricos e apresentadores “frente a frente”.

“Criamos essa ‘viagem no tempo’ para mostrar que é possível nos inspirar no que já foi feito para construir o nosso mundo ideal. O universo que queremos é diverso, questionador, poético e repleto de memória. Queremos imaginar esse mundo e discutir sobre o que estamos fazendo para torná-lo real. A premiação vai contar isso”, diz Elísio, também responsável pelo roteiro do evento.

Entre os nomes que irão interagir de forma fictícia com o trio de apresentadores, estão Abdias do Nascimento, primeiro senador negro e fundador do Teatro Experimental Negro, e a poetisa Carolina Maria de Jesus, primeira mulher negra autora de um best-seller no país.

O Prêmio Sim à Igualdade Racial também será uma grande celebração da arte brasileira. Com direção musical de Zé Ricardo, o espetáculo promoverá encontros especiais entre artistas negros, como Elza Soares, Agnes Nunes, Ludmilla, Xande de Pilares, MC Carol, Gloria Groove, Brô MC’s, entre outros.

Com 10 categorias divididas entre os pilares de educação, empregabilidade e cultura, a premiação reconhece pessoas, empresas e organizações que são agentes da mudança na questão da igualdade racial. As indicações aconteceram nos meses de janeiro e fevereiro de 2021 e o Instituto recebeu mais de 9 mil nomes e projetos.

Os vencedores serão escolhidos por um conselho julgador e receberão em casa suas estatuetas, que levam a obra “Mad World”, de Vik Muniz, além do prêmio em dinheiro no valor de R$ 3.000,00, que pode ser usado para fortalecer seu projeto, ajudar alguma instituição ou até mesmo realizar alguma meta pessoal.  A premiação será gravada no Teatro Riachuelo, respeitando todos os protocolos de segurança. Os vencedores farão seus agradecimentos de forma virtual.

O Prêmio “Sim à Igualdade Racial” 2021 terá a Niely, a Sony e a Oreo como patrocinadores ouro; Coca-Cola Brasil, Assaí, Gerdau, Magazine Luiza e Suzano como patrocinadores prata; e iFood, Pepsico, Hering, Devassa, Bayer, Johnson & Johnson, Twitter, GPA, Novelis, Farm, JBS, Ipiranga, Aegea e Clifford Chance como patrocinadores bronze.

 

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