Recuperação do mercado de capitais já começou e deve ganhar força no 2º semestre, diz Anbima
Valor de captação nos seis primeiros meses do ano caiu 35% na comparação anual, mas deu sinais de retomada em junho
Repórter de Invest
Publicado em 11 de julho de 2023 às 15h51.
Última atualização em 11 de julho de 2023 às 16h00.
O mercado de capitais brasileiro teve um início de ano difícil, em que a captação via ofertas caiu 35,4% na comparação com o mesmo período do ano passado. Foram R$ 153,4 bilhões captados no período, segundo dados divulgados pela Anbima, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais.
O levantamento da Associação mostra queda em duas das três frentes: baixa de 28,4% na renda variável, e de 38,4% na renda fixa, Já os produtos híbridos, que incluem fundos de investimento imobiliário (FIIs) e fundos de investimento do agronegócio (Fiagros), tiveram leve alta de 0,6% na captação, puxados pela alta dos Fiagros.
O quadro geral segue no vermelho, mas já tem dado sinais de mudança. A captação geral do mercado somou R$ 46,2 bilhões em junho – o dobro do mês anterior.Entre as oito ofertas subsequentes de ações (follow-on) deste ano, quatro foram realizadas apenas no último mês.
“O ano começou desafiador e foi evoluindo para um final de semestre mais positivo. A renda variável, por exemplo, já deu sinais de melhora com R$ 6,5 bilhões captados em ofertas concluídas em junho”, disse José Eduardo Laloni, vice-presidente da Anbima, em coletiva com jornalistas nesta terça-feira.
A retomada é atribuída à melhora do cenário macroeconômico. “Reformas como a tributária que modernizam a economia estão contribuindo para a queda da taxa longa de juros. Quando a expectativa para os juros cai, vemos o mercado mostrando uma evolução melhor”, destacou.
A Anbima espera que o movimento ganhe força a partir do segundo semestre com o início do ciclo de corte de juros e recuperação do cenário para as empresas. A maior parte dos recursos captados (46,4%) no primeiro semestre foi destinada para reforçar o capital de giro das empresas, mas a expectativa é que as captações com foco em investimentos voltem ao radar no restante de 2023.
A retomada dos fundos de investimento também pode ser um vetor para ajudar o mercado de capitais nos próximos meses. A captação dos produtos continua baixa, mas a rentabilidade tem mostrado sinais de recuperação, em especial nos produtos de ações.
Debêntures perdem força, Fiagros avançam
As debêntures continuam liderando em captações, e levantaram R$ 78,1 bilhões no primeiro semestre – montante que corresponde a 50% do total captado no mercado de capitais. Ainda assim, o segmento é que sofreu maior redução no volume de captação. Frente aos R$ 133,5 bilhões levantados em 2022, o volume caiu 41,5% na comparação anual.
O Fiagro, por outro lado, foi o único segmento do mercado que apresentou alta de captação na comparação anual. Foram R$ 4,7 bilhões levantados este ano contra R$ 3,1 bilhões no ano passado – uma alta de 50,4%.
“Apesar da queda, as debêntures continuam apresentando volumes expressivos de captação. E no caso do Fiagro, o resultado mostra a força que o segmento tem”, afirmou Laloni. Os Fiagros foram lançados no segundo semestre de 2021, e vem sido recebidos com ânimo pelo mercado.
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