Desenrola Brasil: benefícios para os bancos são limitados, diz Bofa
A expectativa é que esta primeira fase do programa traga um alívio para cerca de 30 milhões de pessoas endividadas e sem acesso ao crédito
Editora de Finanças
Publicado em 19 de julho de 2023 às 12h00.
O governo lançou esta semana o Desenrola Brasil, o programa de renegociação de dívidas . Esta fase inicial é voltada para consumidores com dívidas bancárias e cada banco define seus critérios de renegociação. Em relatório divulgado nesta quarta-feira, 19, os analistas de Bank of America afirmaram que os benefícios para os bancos são claros, mas limitados.
Entre as vantagens, eles citaram uma melhora nos índices de capital, maior nível de recuperação de empréstimos, melhoria da inadimplência e fim do risco moral, já que alguns clientes não estavam pagando suas dívidas esperando por melhores condições de pagamento no programa Desenrola.
A análise da equipe do Bofa é que os incentivos são atraentes, mas limitados. Na segunda-feira, Fernando Haddad, ministro da Fazenda, afirmou que o governo liberou R$ 50 bilhões em crédito presumido para os bancos e explicou que a cada real de desconto que o banco conceder ao devedor, a instituição financeira poderá apurar um real de crédito presumido.
“Os incentivos são positivos. Mas vemos uma melhora limitada nos ganhos, já que a restrição do crescimento do crédito dos principais bancos está relacionada às condições gerais do mercado e não aos níveis de capital, e os empréstimos renegociados melhoram os índices de inadimplência, mas não os níveis de provisionamento.”
Melhora da inadimplência
A expectativa é que esta primeira fase do programa traga um alívio para cerca de 30 milhões de pessoas endividadas e sem acesso ao crédito. Segundo os analistas, embora o impacto direto na atividade econômica seja baixo, a medida deve melhorar significativamente a inadimplência dos bancos. Os analistas calculam que se os bancos renegociarem R$ 50 bilhões, a inadimplência combinada dos cinco maiores bancos do país diminuirá de 3,2% para 1,6%.
"Por sua vez, a carteira renegociada passaria de 3,2% para 4,1% da carteira total. O governo espera que a renegociação traga alívio e acesso a novos créditos, contratos de financiamento habitacional e outros contratos de financiamento para as famílias."