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Tesouro IPCA 2020 vence na segunda-feira. Como reinvestir o dinheiro?

Vencimento do título indexado à inflação vai devolver R$ 63 bilhões a investidores na segunda-feira, 17

Decisão deve ser ponderada pelo perfil e objetivos do investidor (Priscila Zambotto/Getty Images)

Decisão deve ser ponderada pelo perfil e objetivos do investidor (Priscila Zambotto/Getty Images)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 14 de agosto de 2020 às 14h58.

Última atualização em 28 de agosto de 2020 às 23h03.

Nesta segunda-feira, 17, vence o título Tesouro IPCA 2020 e 63 bilhões de reais serão devolvidos a quem investiu na aplicação. Os valores cairão automaticamente na conta da corretora.

Para quem quer reinvestir o valor, que já estará corrigido pela rentabilidade e com desconto do imposto de renda e outras taxas, pode surgir a dúvida sobre o que fazer com o dinheiro agora. Afinal, com a taxa Selic em 2% ao ano, ainda vale a pena reinvestir o dinheiro na renda fixa?

Segundo analistas, sim. Mas isso vai depender do perfil de investidor e objetivos da aplicação, diz Juliana Machado, analista de fundos da EXAME Research. "O perfil do investidor não é estático. Desde a aplicação no título ele pode ter modificado. Tem a ver com momento de vida, capacidade financeira, idade e também experiência. O investidor pode aprender a calcular melhor o risco. Isso o torna apto para aplicar em produtos mais arrojados."

O vencimento do título provoca um desbalanceamento da carteira. Portanto, pode ser necessário equilibrá-la novamente com aplicações mais conservadoras, de acordo com o nível de risco desejado. Além disso, títulos indexados à inflação são indicados para objetivos de longo prazo, como a aposentadoria.

Veja abaixo algumas opções de onde colocar o dinheiro resgatado com o vencimento do título.

Reserva de emergência

Machado lembra que, por causa da crise provocada pela pandemia, muita gente pode ter usado parte de sua reserva de emergência. O vencimento do título, portanto, é uma boa oportunidade para recompor os valores.

Para isso, a melhor opção continua sendo o Tesouro Selic, ainda que a taxa de juros esteja baixa. A recomendação é que a reserva de emergência some um valor seja equivalente de seis a 12 meses da renda mensal.

Tesouro IPCA

Se o investidor tem objetivos de longo prazo pode fazer comprar um outro título Tesouro IPCA, disponível na plataforma do Tesouro Direto.

É o que indica Rodrigo Fontana, analista da corretora Guide. "Mesmo que os juros tenham diminuído bastante, o Tesouro IPCA 2035 e 2045 ainda oferece uma taxa de juro real de 4% ao ano. É o dobro da Selic. Para os padrões globais, ainda é uma taxa generosa, considerando que na compra do título há apenas o risco de o governo não pagar a dívida."

Atualmente, o Tesouro IPCA com vencimento em 2026 paga IPCA mais 2,30%. Portanto, a porção prefixada do título já rende mais do que a Selic. "É necessário, contudo, lembrar que esses títulos são marcados a mercado diariamente e seus preços podem oscilar. Mas, caso sejam levados até o vencimento, essa será a taxa de rendimento da aplicação", conclui Fontana.

A previsão atual é que a economia possa reagir a partir do ano que vem. Como consequência, a inflação pode voltar a subir. Nesse cenário, estar posicionado no título é atrativo.

Debêntures incentivadas

Uma opção mais rentável do que os títulos do Tesouro IPCA, e que também podem ser indexada à inflação são as debêntures incentivadas, isentas de imposto de renda. É o que indica Andressa Pavlovsky Bergamo, assessora de investimentos da AVG Capital. "Por mais que sejam títulos de empresa, essas aplicações pagam IPCA mais uma taxa prefixada".

Segundo Bergamo, a preferência deve ser por ativos de empresas consideradas triple A, ou seja, que tenham um bom rating de crédito. "Muitas empresas estão emitindo debêntures, CRAs e CRIs agora e os prêmios continuam atrativos, apesar de estarem menores do que os que eram oferecidos em 2017 e 2018, por exemplo. É possível encontrar títulos que pagam IPCA + 5%. ou 4,5%. Ou seja, apenas com a parte prefixada é possível ter uma rentabilidade maior do que a da Selic."

Mas é necessário analisar cada título para diluir riscos. "Um profissional costuma analisar o rating da empresa e histórico da diretoria e gestão antes de recomendar a compra aos investidores."

Fundos multimercado com baixa volatilidade

Caso o investidor perceba que seu perfil e o portfólio permitem alocar pelo menos uma porção do dinheiro em aplicações mais arriscadas, como forma de obter maior rentabilidade, é possível optar por fundos multimercado com baixa volatilidade. É uma maneira de investir com um risco controlado na classe de ativo.

Um fundo com baixa volatilidade pode ter vários tipos de estratégias. A diferença é que ele toma menos risco em mercados de dívida, ações e moedas.

Fundos de ações

Fundos que investem em ações também podem ser uma opção. Machado, da EXAME Research, indica estratégias long biased, long & short e long only.

Fundos long only têm somente posições compradas em ações, enquanto os long biased se dividem em posições compradas e vendidas, lucrando tanto com a alta quanto com a baixa do mercado. Já fundos long & short também funcionam como os long biased, com a diferença de que operam com pares de ativos iguais.

O importante é ver se o fundo apresenta resultados consistentes, diz Machado. "Pode ser interessante entrar nesses fundos agora porque os gestores já estão buscando se posicionar para uma próxima onda de valorização de ações, como aconteceu no início deste ano."

Fundos que investem no exterior

Fundos que investem lá fora — ETFs, fundos multimercado ou ações do tipo "Investimento no exterior" — também podem ser interessantes para diversificar a carteira.

A diversificação no exterior não deve ser encarada como um risco maior ao portfólio, mas uma proteção adicional. Isso porque a redução da volatilidade da carteira é obtida por conta de uma baixa correlação ou correlação negativa dos ativos que o compõem. O investimento em economias e moedas diferentes tem esse papel.

Fundos sistemáticos

Bergamo, da AVG Capital, também recomenda a alocação em fundos sistemáticos, que vão bem na crise. Por mais que sejam fundos de ações, essas aplicações costumam ter uma volatilidade menor e baixa correlação com outros ativos da carteira.

 

Apesar de sua característica ser a descorrelação com outros ativos, isso não significa que os fundos possam ser usados como uma proteção pelo investidor.

É o que explica Machado, “Os fundos quantitativos ficam no meio do caminho. Podem ajudar na diversificação da carteira. Mas uma proteção é quando a descorrelação com outros ativos é negativa, e não é esse o intuito desses fundos.”

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