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Onde foi parar quem fugiu da bolsa

Conservadores passaram a aplicar mais no Tesouro Direito; minicontrato de Ibovespa futuro virou febre entre os traders

Bolsa: maus resultados favoreceram Tesouro Direto e minicontratos futuros de Ibovespa
DR

Da Redação

Publicado em 2 de dezembro de 2011 às 10h15.

São Paulo – Desde que atingiu o pico em setembro do ano passado, o número de investidores na Bovespa não parou de encolher. O último dado disponível mostra que 589.000 brasileiros tinham ao menos uma ação em custódia – ou 43.000 a menos do que na máxima histórica. O número é irrisório quando comparado ao de países desenvolvidos e também muito baixo em relação à meta da própria bolsa de atrair 5 milhões de pessoas físicas.

Segundo Bruno Di Giorgio, superintendente de marketing da BanifInvest, a fuga de clientes da bolsa é ainda mais severa do que sugerem os números acima. O volume de negócios via home broker do Banif caiu cerca de 30% neste ano – o que indica que, além das pessoas que fecharam a conta, também existem aqueles que mantiveram posições em custódia, mas praticamente pararam de fazer novas negociações.

“É natural que muitos investidores tenham se desinteressado pela bolsa. O ano de 2010 já havia sido ruim e, a partir de março ou abril, também começou a ficar claro que 2011 seria difícil para quem busca retornos mais elevados com renda variável”, afirmou Di Giorgio. Algumas corretoras ainda conseguiram conquistar novos clientes, mas à custa de promoções agressivas e perda de rentabilidade. “É como um jogo de rouba-monte. Uma corretora reduz as taxas de corretagem e atrai os clientes das outras. O saldo do setor como um todo, entretanto, é negativo.”

Mas para onde foram todos esses investidores? No Banif, o grande hit de 2011 foi o Tesouro Direto. Apenas pela corretora, cerca de 10.000 pessoas negociam títulos públicos do governo federal. “Nossos clientes possuem cerca de 1 bilhão de reais em títulos, sendo que o volume total do Tesouro Direto alcança 7 bilhões de reais. Já somos o segundo colocado no mercado brasileiro, atrás apenas do Banco do Brasil.”

O crescimento do Banif pode ser explicado principalmente pela decisão de não cobrar taxa de administração dos clientes do Tesouro Direto. Entre todas corretoras que possuem um sistema integrado com a plataforma do Tesouro Nacional, só outras duas não cobram nada nesse tipo de transação: Socopa e Spinelli. Os clientes dessas três empresas só precisam pagar pela taxa de custódia dos títulos cobrada pela CBLC, que gira em torno de 0,3% ao ano.


Di Giorgio explica que a isenção é uma forma de atrair e reter investidores para a corretora. “Se um cliente não negociar nada além de títulos públicos, vai nos gerar um pequeno prejuízo. Mas essa foi a forma que encontramos para reter o investidor que cansou da bolsa e também de fazer com que mais gente abra conta em nossa corretora. No dia em que a bolsa virar, provavelmente essas pessoas vão voltar a investir em ações por meio de uma corretora com quem já mantêm relacionamento.”

Pelo Tesouro Direto, basicamente é possível negociar três tipos de títulos públicos. A LFT é um título que paga uma remuneração equivalente à taxa Selic. O investidor que planeja garantir uma taxa de juros fixa no momento da compra do título deve optar pela LTN. Já a NTN-B é o papel indicado para quem planeja garantir um juro real na aplicação, já que o título paga IPCA mais uma taxa adicional como remuneração ao investidor. A rentabilidade desses papéis neste ano varia entre 8,64% e 17,14% ( clique aqui e saiba como investir ).

Só para agressivos

Já os investidores pouco afeitos à renda fixa tomaram um caminho diametralmente oposto. O segundo maior destaque do ano no Banif foram os minicontratos futuros de Ibovespa negociados na BM&F. Como qualquer outro derivativo, o minicontrato de Ibovespa não chega a ser popular, já que se trata de um produto de difícil compreensão e altíssimo risco. Mas o crescimento nas negociações neste ano chamou a atenção do Banif, que informa que 85% de todas as operações com contratos futuros envolvem esse papel.

Os minicontratos de Ibovespa permitem que o investidor ganhe dinheiro se acertar a tendência futura para o índice. Quem acha que a bolsa vai subir fica comprado e quem aposta na queda monta uma posição vendida. Em um ano ruim para o mercado acionário como 2011, o investidor que identificou a tendência de baixa e armou uma posição vendida conseguiu lucrar com a queda dos papéis de uma forma bem mais simples e diversificada do que se tivesse de alugar uma ação, vendê-la e depois recomprá-la no futuro.

É verdade que os contratos futuros também servem para fazer “hedge” de posições compradas em bolsa, mas não parece ser esse o objetivo da maioria dos clientes. Segundo Di Giorgio, os clientes que operam minicontratos de Ibovespa costumam ser day traders e raramente mantêm algum posição em aberto ao término do pregão. A estratégia da maioria deles é identificar a tendência do Ibovespa em determinado dia e tentar ganhar algum dinheiro com a alta ou a baixa do índice em poucos minutos ou horas.


Os minicontratos também oferecem custos interessantes ao investidor. Um contrato de Ibovespa futuro vale o número de pontos do índice em reais. Se o Ibovespa futuro fechar um pregão em 58.000 pontos, portanto, o valor do contrato alcançará 58.000 reais. Já o minicontrato futuro será de um quinto do contrato cheio – ou 11.600 reais nesse exemplo.

Mas o investidor não precisará ter todo esse dinheiro em conta para operar um minicontrato de Ibovespa, já que o depósito de margem exigido pela BM&F para garantir que a operação será liquidada em data futura sem problemas de inadimplência é equivalente a apenas 20% desse valor – ou 2.320 reais. O investidor terá, portanto, a oportunidade de colocar pouco dinheiro à vista no negócio e operar alavancado – ainda que ao custo de elevar exponencialmente o risco de sua carteira.

O custo de corretagem também é interessante ao investidor. O Banif cobra 3 reais a cada minicontrato negociado e 1,50 real nos casos de day trade. Para negociações em bolsa, há corretoras que chegam a cobrar 20 reais por ordem – ainda que, com a atual guerra de tarifas, haja opções bem mais em conta.

Os contratos de Ibovespa futuro têm vencimento em todos os meses pares. O código do minicontrato de Ibovespa é WIN, acrescido do mês (janeiro é F, fevereiro é G, e assim por diante) e do ano (11, atualmente). Os horários de negociação também são diferentes dos da Bovespa. O pregão funciona das 10h às 18h durante o horário de verão.

Como operar contratos futuros não é tão trivial quanto investir em renda fixa, é aconselhável que o investidor aprenda a dinâmica desse mercado por meio do simulador que a BM&F disponibiliza em seu site. Participar de cursos e tirar dúvidas com investidores mais experientes ou especialistas da corretora também pode ser bastante interessante para evitar os prejuízos tão comuns aos iniciantes.

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São Paulo – Desde que atingiu o pico em setembro do ano passado, o número de investidores na Bovespa não parou de encolher. O último dado disponível mostra que 589.000 brasileiros tinham ao menos uma ação em custódia – ou 43.000 a menos do que na máxima histórica. O número é irrisório quando comparado ao de países desenvolvidos e também muito baixo em relação à meta da própria bolsa de atrair 5 milhões de pessoas físicas.

Segundo Bruno Di Giorgio, superintendente de marketing da BanifInvest, a fuga de clientes da bolsa é ainda mais severa do que sugerem os números acima. O volume de negócios via home broker do Banif caiu cerca de 30% neste ano – o que indica que, além das pessoas que fecharam a conta, também existem aqueles que mantiveram posições em custódia, mas praticamente pararam de fazer novas negociações.

“É natural que muitos investidores tenham se desinteressado pela bolsa. O ano de 2010 já havia sido ruim e, a partir de março ou abril, também começou a ficar claro que 2011 seria difícil para quem busca retornos mais elevados com renda variável”, afirmou Di Giorgio. Algumas corretoras ainda conseguiram conquistar novos clientes, mas à custa de promoções agressivas e perda de rentabilidade. “É como um jogo de rouba-monte. Uma corretora reduz as taxas de corretagem e atrai os clientes das outras. O saldo do setor como um todo, entretanto, é negativo.”

Mas para onde foram todos esses investidores? No Banif, o grande hit de 2011 foi o Tesouro Direto. Apenas pela corretora, cerca de 10.000 pessoas negociam títulos públicos do governo federal. “Nossos clientes possuem cerca de 1 bilhão de reais em títulos, sendo que o volume total do Tesouro Direto alcança 7 bilhões de reais. Já somos o segundo colocado no mercado brasileiro, atrás apenas do Banco do Brasil.”

O crescimento do Banif pode ser explicado principalmente pela decisão de não cobrar taxa de administração dos clientes do Tesouro Direto. Entre todas corretoras que possuem um sistema integrado com a plataforma do Tesouro Nacional, só outras duas não cobram nada nesse tipo de transação: Socopa e Spinelli. Os clientes dessas três empresas só precisam pagar pela taxa de custódia dos títulos cobrada pela CBLC, que gira em torno de 0,3% ao ano.


Di Giorgio explica que a isenção é uma forma de atrair e reter investidores para a corretora. “Se um cliente não negociar nada além de títulos públicos, vai nos gerar um pequeno prejuízo. Mas essa foi a forma que encontramos para reter o investidor que cansou da bolsa e também de fazer com que mais gente abra conta em nossa corretora. No dia em que a bolsa virar, provavelmente essas pessoas vão voltar a investir em ações por meio de uma corretora com quem já mantêm relacionamento.”

Pelo Tesouro Direto, basicamente é possível negociar três tipos de títulos públicos. A LFT é um título que paga uma remuneração equivalente à taxa Selic. O investidor que planeja garantir uma taxa de juros fixa no momento da compra do título deve optar pela LTN. Já a NTN-B é o papel indicado para quem planeja garantir um juro real na aplicação, já que o título paga IPCA mais uma taxa adicional como remuneração ao investidor. A rentabilidade desses papéis neste ano varia entre 8,64% e 17,14% ( clique aqui e saiba como investir ).

Só para agressivos

Já os investidores pouco afeitos à renda fixa tomaram um caminho diametralmente oposto. O segundo maior destaque do ano no Banif foram os minicontratos futuros de Ibovespa negociados na BM&F. Como qualquer outro derivativo, o minicontrato de Ibovespa não chega a ser popular, já que se trata de um produto de difícil compreensão e altíssimo risco. Mas o crescimento nas negociações neste ano chamou a atenção do Banif, que informa que 85% de todas as operações com contratos futuros envolvem esse papel.

Os minicontratos de Ibovespa permitem que o investidor ganhe dinheiro se acertar a tendência futura para o índice. Quem acha que a bolsa vai subir fica comprado e quem aposta na queda monta uma posição vendida. Em um ano ruim para o mercado acionário como 2011, o investidor que identificou a tendência de baixa e armou uma posição vendida conseguiu lucrar com a queda dos papéis de uma forma bem mais simples e diversificada do que se tivesse de alugar uma ação, vendê-la e depois recomprá-la no futuro.

É verdade que os contratos futuros também servem para fazer “hedge” de posições compradas em bolsa, mas não parece ser esse o objetivo da maioria dos clientes. Segundo Di Giorgio, os clientes que operam minicontratos de Ibovespa costumam ser day traders e raramente mantêm algum posição em aberto ao término do pregão. A estratégia da maioria deles é identificar a tendência do Ibovespa em determinado dia e tentar ganhar algum dinheiro com a alta ou a baixa do índice em poucos minutos ou horas.


Os minicontratos também oferecem custos interessantes ao investidor. Um contrato de Ibovespa futuro vale o número de pontos do índice em reais. Se o Ibovespa futuro fechar um pregão em 58.000 pontos, portanto, o valor do contrato alcançará 58.000 reais. Já o minicontrato futuro será de um quinto do contrato cheio – ou 11.600 reais nesse exemplo.

Mas o investidor não precisará ter todo esse dinheiro em conta para operar um minicontrato de Ibovespa, já que o depósito de margem exigido pela BM&F para garantir que a operação será liquidada em data futura sem problemas de inadimplência é equivalente a apenas 20% desse valor – ou 2.320 reais. O investidor terá, portanto, a oportunidade de colocar pouco dinheiro à vista no negócio e operar alavancado – ainda que ao custo de elevar exponencialmente o risco de sua carteira.

O custo de corretagem também é interessante ao investidor. O Banif cobra 3 reais a cada minicontrato negociado e 1,50 real nos casos de day trade. Para negociações em bolsa, há corretoras que chegam a cobrar 20 reais por ordem – ainda que, com a atual guerra de tarifas, haja opções bem mais em conta.

Os contratos de Ibovespa futuro têm vencimento em todos os meses pares. O código do minicontrato de Ibovespa é WIN, acrescido do mês (janeiro é F, fevereiro é G, e assim por diante) e do ano (11, atualmente). Os horários de negociação também são diferentes dos da Bovespa. O pregão funciona das 10h às 18h durante o horário de verão.

Como operar contratos futuros não é tão trivial quanto investir em renda fixa, é aconselhável que o investidor aprenda a dinâmica desse mercado por meio do simulador que a BM&F disponibiliza em seu site. Participar de cursos e tirar dúvidas com investidores mais experientes ou especialistas da corretora também pode ser bastante interessante para evitar os prejuízos tão comuns aos iniciantes.

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