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Neste caixa eletrônico você pode sacar e depositar dinheiro só com celular

ATM inteligente reduz o custo dos bancos porque faz a reciclagem do dinheiro, ou seja, reaproveita para saques as notas que foram depositadas por clientes

Caixa eletrônico da Minsait (Minsait/Divulgação)

Caixa eletrônico da Minsait (Minsait/Divulgação)

Anderson Figo

Anderson Figo

Publicado em 1 de junho de 2019 às 07h00.

Última atualização em 1 de junho de 2019 às 07h00.

São Paulo — A possibilidade de sacar dinheiro sem a necessidade de cartão já é realidade no Brasil há algum tempo. O Itaú, por exemplo, permite que você faça a operação usando a digital. Mas isso ainda é tratado como algo emergencial, já que há limite de valor e de quantidade de saques que podem ser feitos.

Uma empresa de tecnologia do grupo Indra, a Minsait, desenvolveu um caixa eletrônico inteligente, chamado TAPP, que permite que você faça saques e depósitos sem limites e sem nunca precisar de um cartão — em vez disso, é usado um aplicativo de celular.

Em linhas gerais, funciona assim: você acessa o aplicativo do banco em que tem conta, agenda um saque de dinheiro na quantia desejada e recebe um alerta do TAPP mais próximo ao qual deve se dirigir. O sistema identifica a máquina através de geolocalização. Chegando lá, o dinheiro pode ser sacado utilizando um QR code, biometria facial, reconhecimento de voz, bluetooth ou um código PIN.

A grande sacada é que o caixa inteligente sabe exatamente quanto dinheiro tem dentro dele e, quando você faz uma reserva de saque por aplicativo, aquela quantia já fica separada para você. Ou seja, não tem risco de você chegar na máquina e não ter o dinheiro que você precisa sacar.

Além disso, o ATM (denominação comum usada no mercado para caixas eletrônicos) faz a reciclagem do dinheiro. Isso significa que se uma pessoa usa o caixa para depositar 100 reais, logo em seguida outra pessoa pode usar a mesma máquina para sacar as notas que acabaram de ser depositadas pelo cliente anterior.

A reciclagem é possível porque não há o uso de envelopes para fazer o depósito, como a maioria dos caixas disponíveis no país funcionam. O dinheiro a ser depositado é colocado diretamente dentro do ATM, que reconhece o valor das notas por tamanho e imagem e, em seguida, já coloca as cédulas à disposição para outras operações.

No sistema tradicional, você colocaria as notas em um envelope, que seria armazenado dentro do ATM e, no fim do dia, um funcionário do banco teria que abrir a máquina, recolher o envelope e contar o dinheiro manualmente para então concluir a operação de depósito. Nesse período as cédulas estariam fora de circulação.

"A reciclagem reduz o custo dos bancos porque eles não precisam de checagem manual de funcionários — passível de erros e fraudes — e reduz a necessidade de abastecimento do ATM com dinheiro", explica Carlos Souza, líder de serviços financeiros da Minsait.

É possível limitar a quantidade de dinheiro que cada máquina pode carregar — entre entradas e saídas —, o que evita que um ATM fique com um valor armazenado muito alto, despertando interesse de bandidos.

A reciclagem não acaba de vez com a necessidade de reabastecimento dos ATMs, já que algumas máquinas vão receber mais depósitos do que saque e outras vão registrar mais saídas do que entradas de dinheiro. Ainda assim, a tecnologia é ótima para o controle mais assertivo das operações.

Segundo Fernando Menezes, gerente sênior de serviços financeiros da Minsait, o principal benefício da tecnologia é a inclusão. "Pense em uma cidade do interior que não tem uma agência bancária. Com uma conta digital e um celular você já permite saques e depósitos através do TAPP, que pode ser instalado em qualquer lugar".

Sem abrir valores, os executivos da Minsait afirmam que o custo por saque é 30% menor usando a TAPP do que um ATM tradicional, por isso eles esperam alto interesse por parte das instituições financeiras brasileiras pelo produto. A plataforma será apresentada no CIAB 2019 — o congresso de tecnologia da informação para instituições financeiras organizado pela Federação dos Bancos (Febraban), que ocorrerá de 11 a 13 de junho, em São Paulo.

A necessidade de caixas eletrônicos inteligentes e com custo menor de operação para as instituições financeiras se faz cada vez mais forte em um cenário de aumento de bancos digitais e empresas de meio de pagamentos, que oferecem praticamente os mesmos serviços essenciais que os grandes bancos, segundo Souza.

A digitalização do consumo diminuiu a frequência e o objetivo do dinheiro em espécie, mas esse tipo de transação ainda é usado em larga escala no Brasil. De acordo com o Banco Central, atualmente existem 6,27 bilhões de cédulas circulando no país. Em 2011, eram 4,48 bilhões de notas.

Mesmo assim, apesar de haver tecnologia bastante avançada para os caixas eletrônicos nos países desenvolvidos, aqui no Brasil a implementação de ATMs inteligentes caminha a passos lentos. A questão da segurança e alto índice de fraudes no país justificam esse ritmo — as instituições financeiras não querem gastar fortunas em terminais ultramodernos que podem ser explodidos a qualquer momento por criminosos.

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