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IPOs e estabilidade devem manter investidores estrangeiros na Bovespa

São esperadas 20 novas aberturas de capital neste ano, o que deve incentivar a participação internacional na bolsa

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.

O investidor estrangeiro continuará tendo bons motivos para apostar no mercado de ações brasileiro, em 2006, e ampliar sua presença no volume de negócios. A estabilidade econômica - que não deve ser abalada pelas eleições presidenciais, segundo os analistas - e a abertura de capital de novas empresas devem sustentar a participação estrangeira, na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), em patamares entre 30% e 35% ao longo do ano. A tendência já foi sentida nos dez primeiros dias de janeiro, quando os estrangeiros responderam por 35,1% da movimentação do pregão.

Segundo o superintendente de operações da Bovespa, Ricardo Pinto Nogueira, a participação estrangeira nas operações deve se manter entre 30% e 35%. Em 2005, quando essa taxa já vinha oscilando na faixa dos 30% a cada mês, os estrangeiros encerraram o ano com 32,8% do total negociado. O interesse desses investidores pelo país fez o saldo estrangeiro somar 5,86 bilhões de reais na Bovespa em 2005 - o segundo melhor da sua história, só atrás dos 7,5 bilhões de reais de 2003.

No ano passado, foram realizadas 20 colocações de papéis na Bovespa, que movimentaram um total de 16,2 bilhões de reais. O apetite dos estrangeiros pelas empresas brasileiras fez com que esses investidores arrematassem 60,19% desses papéis, o equivalente a 9,8 bilhões. Dessa quantia, 6,9 bilhões foram adquiridos nas ofertas públicas no Brasil. Outros 2,9 bilhões foram comprados por eles no exterior, sob a forma de títulos, como os ADRs, emitidos pelos brasileiros em pregões de outros países.

As emissões de ações de empresas no Novo Mercado - categoria da Bovespa na qual são exigidas uma série de medidas de transparência corporativa - estimularam ainda mais a participação do investidor estrangeiro. Das 20 colocações feitas no ano passado, nove foram de abertura de capital, ou seja, de empresas estreantes. Um recorde em 20 anos. "O investidor estrangeiro tem um novo paradigma de transparência e o Brasil é um dos líderes em governança corporativa. A proteção ao investidor minoritário tem sido um grande atrativo e é uma característica das empresas que, em geral, estréiam no mercado de ações", diz Nogueira. Para este ano, segundo ele, a previsão é de mais 20 aberturas de capital.

Riscos

O economista-chefe da corretora Sul América, Newton Rosa, também descarta uma fuga de capitais, mesmo sendo este um ano eleitoral. Para ele, a economia forte e os ativos baratos do Brasil continurão atraentes. Outro fator de manutenção dos investidores no país é a própria dinâmica do mercado acionário. "À medida que o mercado de capitais atrai mais investidores, novas empresas passam a fazer lançamentos primários. Quanto maior o volume, mais liquidez, menor volatilidade e mais segurança. Os números reduzem possíveis oscilações", diz .

Para Ricardo Kobayashi, do banco de investimentos Pactual, "até o final do ano, o ritmo dos investidores estrangeiros pode não ser tão forte quanto agora, mas o movimento vai se manter saudável até lá". "As empresas mostram resultados muito sólidos, o risco-país está baixo e o preço dos papéis está relativamente barato", afirma.

Nem eleições trazem incertezas

"Períodos eleitorais carregam consigo fatores de incertezas. E incerteza é o que os investidores não gostam", diz Rosa, da Sul América. Mas nem esse quadro deve trazer prejuízos à presença estrangeiras na bolsa, avaliam os analistas. Segundo Rosa, pela primeira vez na história política e econômica do Brasil, o grau de incerteza em relação às eleições é relativamente baixo. Como em 2002, os analistas esperam uma polarização da disputa eleitoral entre o PT e o PSDB. Se, no plano político, o debate tende a ser duro, no econômico, os investidores mantêm a confiança de que, qualquer que seja o vencedor, não haverá mudanças profundas.

Muito da confiança de Nogueira, da Bovespa, em atingir a meta de 20 novas emissões neste ano se deve ao fato de descartar eventuais percalços no processo eleitoral no segundo semestre. "Vamos cumprir a meta, serão duas empresas novas por mês. Para isso, as eleições devem transcorrer com tranquilidade, e o Copom manter a política de redução gradual da taxa de juros", diz.

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