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Banco Original promete abolir taxas e filas. Vale a pena?

Na nova instituição financeira, os clientes fazem todas as transações pela internet


	 Online: todas as transações do novo banco são feitas somente por computador ou celular
 (Thinkstock/LDProd)

Online: todas as transações do novo banco são feitas somente por computador ou celular (Thinkstock/LDProd)

Júlia Lewgoy

Júlia Lewgoy

Publicado em 18 de abril de 2016 às 12h17.

São Paulo - Um banco sem filas, papéis ou cafezinhos com o gerente, em que todas as operações são feitas exclusivamente pela internet, no celular ou no computador - até mesmo a abertura de conta. Essa é a proposta do Banco Original, que foi aberto no final de março e inaugura um novo modelo de atendimento bancário no país, 100% digital.

Chefiado pelo grupo J&F, dono de gigantes como a Friboi e a Havaianas, o novo banco não tem caixas eletrônicos e agências físicas. Os saques são feitos pelo Banco24Horas e o cliente conversa com o gerente e com os consultores apenas por telefone, pelo site ou aplicativo. É possível também agendar atendimento por vídeo conferência.

Como os custos de operação são bem menores, a conta não tem taxas de manutenção, e o correntista paga apenas para usar o cartão de crédito. Se houver uma movimentação incomum, a equipe de segurança liga para o cliente, como acontece em bancos tradicionais. Também é possível acessar investimentos, com valores de entrada a partir de 5 mil reais.

O banco conta ainda com um gerenciador financeiro, que organiza os gastos do cliente por categoria automaticamente.

Contas em bancos digitais são vantajosas, avaliam especialistas

Por enquanto, o Banco Original é o único 100% online no Brasil, mas a tendência é que esse modelo se expanda e atraia cada vez mais clientes, dizem especialistas. Ao contrário do que muita gente imagina, o risco de crimes financeiros em transações online não é maior do que em agências físicas, como esclarece o consultor André Massaro, autor do blog Você e o Dinheiro, de EXAME.com.

“Grande parte das transações em bancos tradicionais e em corretoras de valores já acontece pela internet e nada garante que o atendimento presencial será melhor”, observa Massaro.

Na opinião do consultor financeiro, a promessa do Banco Original de usar uma linguagem simples e direta, sem jargões do mercado financeiro, também é atraente, pois vai na contramão da maioria dos bancos tradicionais. Segundo o Banco Central, a principal reclamação de clientes é a prestação de informações sobre produtos e serviços de forma inadequada.

Para a economista Ione Amorim, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), bancos exclusivamente digitais são interessantes para quem já está familiarizado com plataformas online e se sente seguro em realizar as transações. Ela recomenda acessar a conta apenas de computadores ou celulares próprios e usar somente redes de Wi-Fi fechadas, com senha.

“O consumidor tem que se preservar com cuidados mínimos, mas quem tem que garantir segurança é a instituição financeira”, explica Ione. A economista recomenda que, mesmo não havendo papéis, os clientes guardem os comprovantes digitais das transações.

Todos os bancos serão digitais no futuro, diz pesquisador da FGV

As transações bancárias online, sejam por celular ou computador, representam hoje quase 70% do volume total de movimentações, segundo uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV). “Todos os bancos serão 100% digitais daqui a algum tempo”, diz o coordenador do estudo, Fernando Meirelles, professor de Tecnologia da Informação da Escola de Administração da FGV.

Acompanhando a tendência de extinção do papel-moeda, outros serviços bancários digitais também atraem cada vez mais adeptos no Brasil. Entre eles, o Nubank, o cartão de crédito que possibilita resolver qualquer pendência pela internet e também tem como proposta um atendimento mais personalizado e livre de burocracias.

Para Meirelles, além de oferecer custos mais baixos para o cliente, a principal vantagem de bancos exclusivamente online é a própria plataforma, que recebe mais investimentos para ser desenvolvida do que em operações tradicionais. Assim, normalmente é mais segura e mais intuitiva para consumidores. 

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