Como investir de forma rentável e tranquila
Estudo da asset do J. P. Morgan mostra a forma mais eficiente de rebalancear a carteira para combinar maior rentabilidade com menor risco, sem sucumbir às emoções
Da Redação
Publicado em 21 de novembro de 2012 às 07h56.
São Paulo – Muito se fala em diversificação dos investimentos e em rebalanceamento de portfólio, mas a melhor maneira de gerir a carteira pode escapar ao investidor individual leigo que toca suas aplicações por conta própria. Principalmente porque alguns conceitos podem ir contra o senso comum, e as emoções normalmente atrapalham. Mas um estudo publicado recentemente pela J. P. Morgan Asset Management é bastante elucidativo nesse sentido, mostrando de forma clara como rebalancear a carteira de investimentos de forma a minimizar os riscos, potencializar os lucros e impedir que o psicológico leve o investidor a fazer besteira.
“O principal conceito desse estudo para o investidor mais leigo é que rebalancear é bom. É necessário buscar uma disciplina de rebalanceamento e determinar quanto risco se está disposto a correr”, disse a EXAME.com Lauro Araujo, Head de vendas para clientes institucionais da J. P. Morgan Asset e autor do estudo. Em poucas palavras, depois de determinar quanto investir em cada tipo de aplicação – com mais ou menos risco – o investidor deve, de tempos em tempos, realizar um lucro aqui e investir mais ali, de forma que cada tipo de aplicação tenha sempre o mesmo peso na carteira. Isto é rebalancear.
Para mostrar as maneiras de fazer isso, o estudo faz uma série de simulações com uma carteira hipotética de 100 reais, alocados em diversos tipos de aplicações. São utilizados dados históricos desde janeiro de 1995, para se abarcar toda a “era pós-Real”, como o desempenho do Ibovespa (principal índice da Bolsa brasileira) e o do CDI (taxa de juros que segue de perto a taxa básica da economia e baliza as aplicações de renda fixa mais conservadora). Foram feitas simulações com e sem rebalanceamento, e testados alguns tipos de balanceamento, para se chegar ao método com a melhor relação risco-retorno.
A conclusão do estudo é que a melhor maneira de rebalancear a carteira é por meio da realização de lucros ou prejuízos quando o desempenho de cada aplicação atinge um teto ou um piso pré-determinados. Embora seja difícil para a pessoa física determinar com clareza este percentual, a mecânica desse tipo de rebalanceamento ensina lições importantes. Veja as principais a seguir:
Defina quanto risco deseja correr – mas apenas correr risco não é eficiente
O primeiro passo ao diversificar os investimentos é definir quanto risco se está disposto a correr, o chamado orçamento de risco, que deve se modificar ao longo da vida. “Quanto mais maduros ficamos, menos risco devemos correr. Mais velhos, temos menos tempo até a aposentadoria para recuperar eventuais perdas, mais responsabilidades e mais gente dependendo de nós. Jovens de 20 ou 30 anos, por sua vez, podem assumir uma boa dose de risco, pois têm tempo de ‘consertar’”, diz Lauro Araujo.
A carteira, portanto, deve ser rebalanceada para se manter o nível de risco constante durante certo tempo, até que as necessidades da vida obriguem o investidor a reduzir o percentual aplicado em investimentos de maior risco. Quando se investe em um plano de previdência privada progressivo, por exemplo, esse rebalanceamento é feito dentro do fundo, sem gerar custos extras para o investidor com imposto de renda.
A primeira carteira testada no estudo mantinha 80 reais em renda fixa pós-fixada (aferida pelo CDI) e 20 reais em renda variável na forma de ações (medida pelo Ibovespa). Mantida intacta de janeiro de 1995 a junho de 2012, a carteira consegue bater o Ibovespa, mas não o CDI. Ou seja, o risco de investir em Bolsa não foi compensado, e teria sido melhor investir 100% do dinheiro em renda fixa. Correr risco, neste caso, foi inútil para tentar elevar os ganhos.
Uma análise mais detida mostra que, ao longo de todos esses anos, o percentual investido em Bolsa chegou ao mínimo de 7,5% e ao máximo de 25% da carteira, por causa das oscilações do mercado. Como não houve rebalanceamento para deixar esse percentual constante em 20%, o investimento acabou correndo, durante boa parte do tempo, menos ou mais risco que o desejado inicialmente.
Rebalancear a carteira potencializa os ganhos, minimiza o risco e vence o emocional
Além de o ganho não ser tão expressivo quando a carteira não é rebalanceada, o componente emocional também pode atrapalhar bastante o investidor, que pode se sentir tentado a vender suas aplicações em renda variável em tempos de baixa do mercado, ou a investir mais em tempos de alta. Assim, o rebalanceamento se mostra a forma mais eficiente de manter o nível de risco constante e “obrigar” o investidor a comprar na baixa e vender na alta.
Assim, o estudo testa a mesma carteira, porém com um rebalanceamento mensal. Ou seja, sempre que a quantidade investida em Bolsa passasse de 20% ao final do mês, o investidor deveria vender ações até que o percentual voltasse aos 20%, reinvestindo os recursos obtidos com a venda em renda fixa. E sempre que o percentual alocado em Bolsa ficasse abaixo de 20%, o investidor deveria tirar dinheiro da renda fixa para comprar ações até que os pesos voltassem à razão 20-80.
Ao comparar o desempenho desta carteira com o CDI, o Ibovespa e a carteira do primeiro teste, que não é rebalanceada nunca, o estudo mostra que, de janeiro de 1995 a junho de 2012, a carteira rebalanceada mensalmente é a que apresenta o melhor desempenho – e a melhor relação risco-retorno, uma vez que ela supera até o CDI, mantendo o nível de risco constante.
Rebalancear por faixas é mais eficiente que rebalancear por tempo
Em busca de uma maneira mais eficiente para fazer o rebalanceamento, os testes do estudo da J. P. Morgan Asset Management concluem que rebalancear por faixas é mais eficiente que fazê-lo de tempos em tempos. “O mercado não reconhece tempo, mas a magnitude das altas e baixas”, justifica Lauro Araujo.
Esse tipo de rebalanceamento é feito da seguinte forma: o investidor estipula uma faixa de oscilação dentro da qual não fará nada, que pode ser, por exemplo, de 30%. De acordo com o exemplo do estudo, 30% de 20% (percentual que deve sempre ser mantido em renda variável) é igual a 6, que corresponde ao número de pontos percentuais de tolerância da carteira. Assim, em vez de rebalancear a carteira todo mês, o investidor deverá rebalanceá-la sempre que o percentual em renda variável atingir o mínimo de 14% (20 - 6) ou o máximo de 26% (20 + 6) da carteira.
Em outras palavras, uma carteira cuja faixa de tolerância seja de 30% (ou seis pontos percentuais) deverá ter sempre entre 14% e 26% de seus recursos alocados em renda variável. Ao atingir o mínimo, o investidor deve comprar ações até o percentual em Bolsa atingir novamente 20%. Do contrário, quando a alta das ações levar a alocação em Bolsa a corresponder a 26% da carteira, significa que é hora de vender parte das ações, até que o percentual de 20% seja atingido novamente.
Uma nova comparação mostra que o modelo de rebalanceamento por faixas teria tido melhor desempenho que todos os outros indicadores, entre janeiro de 1995 e junho de 2012. Além disso, teria sido a carteira com menos oscilações, maior número de meses positivos e menor número de meses com desempenho negativo. Veja na tabela a seguir:
Estatística | Com faixa de 30% | Com rebalanceamento mensal | 20% Ibovespa e 80% CDI sem rebalanceamento | Ibovespa | CDI |
---|---|---|---|---|---|
Retorno mensal médio | 0,92% | 0,90% | 0,85% | 0,62% | 0,89% |
Valor acumulado em junho/12* | R$ 689,50 | R$ 665,65 | R$ 590,07 | R$ 364,27 | R$ 646,51 |
Maior retorno | 6,57% | 6,47% | 4,97% | 22,30% | 2,87% |
Menor retorno | -6,83% | -6,46% | -5,65% | -49,82% | -1,46% |
Nº de meses positivos | 203 | 148 | 154 | 148 | 147 |
Nº de meses negativos | 7 | 62 | 56 | 62 | 63 |
(*) A partir dos 100 reais iniciais
Fonte: J. P. Morgan Asset Management
A mesma lógica pode ser usada para carteiras ainda mais diversificadas. No estudo, é testada também uma carteira composta com 20% em Bolsa, 35% em CDI, 15% em títulos prefixados, 15% em títulos de inflação com vencimento em menos de 5 anos e 15% em títulos de inflação com vencimento em mais de 5 anos. Neste caso, a carteira rebalanceada com faixa de 30% (com recursos entrando e saindo das aplicações em renda fixa pós-fixada ao CDI) também se saiu melhor que as carteiras similares com rebalanceamento mensal e sem rebalanceamento.
30% é a faixa de tolerância ideal?
É muito difícil determinar a banda ideal, uma vez que ela é muito sensível ao prazo e ao período estudado. No caso do estudo de Lauro Araujo, a faixa de tolerância de 44% mostrou-se a mais indicada para o período que vai de janeiro de 1995 a junho de 2012. Porém, para prazos mais curtos, esse percentual se revelava alto demais, o que fazia com que a carteira quase nunca fosse rebalanceada. “O investidor acabaria não desenvolvendo a disciplina de rebalancear”, disse Lauro Araujo em entrevista.
Segundo ele, é muito difícil definir a banda ideal. “A faixa não tem a ver com quanto risco a pessoa quer correr, mas sim com o prêmio ou o desconto que o investidor exige para entrar e sair do mercado. O histórico mostra que algo entre 15% e 30% de tolerância é o ideal”, diz Araujo, que lembra que isso é apenas um dado histórico, isto é, referente ao passado.
E complementa: “O que o investidor deve manter em mente é que, se a Bolsa cair muito, ele deve comprar um pouco; e se subir muito, vender um pouco. Quanto é esse muito ou esse pouco é relativo, e é melhor buscar a ajuda de um especialista para determinar esse percentual”.
E os custos do rebalanceamento?
Realizar lucros implica pagar imposto de renda sobre o ganho de capital. No caso das ações, há o incentivo tributário que permite que vendas no valor de até 20.000 reais sejam isentas de IR, e que prejuízos sejam abatidos do IR devido em uma venda de ações futura que seja tributada. Já no caso dos fundos de investimento, não há escapatória.
Como o estudo não leva em conta os eventuais custos de rebalancear a carteira, é possível que o desempenho de uma carteira constantemente rebalanceada não seja assim tão brilhante. Mas Lauro Araujo lembra que, no caso do investidor pessoa física, o impacto do IR no rebalanceamento pode não ser tão grande, afinal.
“Hoje em dia, o brasileiro investe, em média, 10% em Bolsa. Então os rebalanceamentos são pequenos, o impacto do custo não é tão grande”, diz. Além disso, o rebalanceamento por faixas é melhor que o rebalanceamento por tempo inclusive neste sentido: “Ao adotar o sistema de faixas, o investidor acaba fazendo dois ou três rebalanceamentos por ano, apenas”, completa Araujo.
São Paulo – Muito se fala em diversificação dos investimentos e em rebalanceamento de portfólio, mas a melhor maneira de gerir a carteira pode escapar ao investidor individual leigo que toca suas aplicações por conta própria. Principalmente porque alguns conceitos podem ir contra o senso comum, e as emoções normalmente atrapalham. Mas um estudo publicado recentemente pela J. P. Morgan Asset Management é bastante elucidativo nesse sentido, mostrando de forma clara como rebalancear a carteira de investimentos de forma a minimizar os riscos, potencializar os lucros e impedir que o psicológico leve o investidor a fazer besteira.
“O principal conceito desse estudo para o investidor mais leigo é que rebalancear é bom. É necessário buscar uma disciplina de rebalanceamento e determinar quanto risco se está disposto a correr”, disse a EXAME.com Lauro Araujo, Head de vendas para clientes institucionais da J. P. Morgan Asset e autor do estudo. Em poucas palavras, depois de determinar quanto investir em cada tipo de aplicação – com mais ou menos risco – o investidor deve, de tempos em tempos, realizar um lucro aqui e investir mais ali, de forma que cada tipo de aplicação tenha sempre o mesmo peso na carteira. Isto é rebalancear.
Para mostrar as maneiras de fazer isso, o estudo faz uma série de simulações com uma carteira hipotética de 100 reais, alocados em diversos tipos de aplicações. São utilizados dados históricos desde janeiro de 1995, para se abarcar toda a “era pós-Real”, como o desempenho do Ibovespa (principal índice da Bolsa brasileira) e o do CDI (taxa de juros que segue de perto a taxa básica da economia e baliza as aplicações de renda fixa mais conservadora). Foram feitas simulações com e sem rebalanceamento, e testados alguns tipos de balanceamento, para se chegar ao método com a melhor relação risco-retorno.
A conclusão do estudo é que a melhor maneira de rebalancear a carteira é por meio da realização de lucros ou prejuízos quando o desempenho de cada aplicação atinge um teto ou um piso pré-determinados. Embora seja difícil para a pessoa física determinar com clareza este percentual, a mecânica desse tipo de rebalanceamento ensina lições importantes. Veja as principais a seguir:
Defina quanto risco deseja correr – mas apenas correr risco não é eficiente
O primeiro passo ao diversificar os investimentos é definir quanto risco se está disposto a correr, o chamado orçamento de risco, que deve se modificar ao longo da vida. “Quanto mais maduros ficamos, menos risco devemos correr. Mais velhos, temos menos tempo até a aposentadoria para recuperar eventuais perdas, mais responsabilidades e mais gente dependendo de nós. Jovens de 20 ou 30 anos, por sua vez, podem assumir uma boa dose de risco, pois têm tempo de ‘consertar’”, diz Lauro Araujo.
A carteira, portanto, deve ser rebalanceada para se manter o nível de risco constante durante certo tempo, até que as necessidades da vida obriguem o investidor a reduzir o percentual aplicado em investimentos de maior risco. Quando se investe em um plano de previdência privada progressivo, por exemplo, esse rebalanceamento é feito dentro do fundo, sem gerar custos extras para o investidor com imposto de renda.
A primeira carteira testada no estudo mantinha 80 reais em renda fixa pós-fixada (aferida pelo CDI) e 20 reais em renda variável na forma de ações (medida pelo Ibovespa). Mantida intacta de janeiro de 1995 a junho de 2012, a carteira consegue bater o Ibovespa, mas não o CDI. Ou seja, o risco de investir em Bolsa não foi compensado, e teria sido melhor investir 100% do dinheiro em renda fixa. Correr risco, neste caso, foi inútil para tentar elevar os ganhos.
Uma análise mais detida mostra que, ao longo de todos esses anos, o percentual investido em Bolsa chegou ao mínimo de 7,5% e ao máximo de 25% da carteira, por causa das oscilações do mercado. Como não houve rebalanceamento para deixar esse percentual constante em 20%, o investimento acabou correndo, durante boa parte do tempo, menos ou mais risco que o desejado inicialmente.
Rebalancear a carteira potencializa os ganhos, minimiza o risco e vence o emocional
Além de o ganho não ser tão expressivo quando a carteira não é rebalanceada, o componente emocional também pode atrapalhar bastante o investidor, que pode se sentir tentado a vender suas aplicações em renda variável em tempos de baixa do mercado, ou a investir mais em tempos de alta. Assim, o rebalanceamento se mostra a forma mais eficiente de manter o nível de risco constante e “obrigar” o investidor a comprar na baixa e vender na alta.
Assim, o estudo testa a mesma carteira, porém com um rebalanceamento mensal. Ou seja, sempre que a quantidade investida em Bolsa passasse de 20% ao final do mês, o investidor deveria vender ações até que o percentual voltasse aos 20%, reinvestindo os recursos obtidos com a venda em renda fixa. E sempre que o percentual alocado em Bolsa ficasse abaixo de 20%, o investidor deveria tirar dinheiro da renda fixa para comprar ações até que os pesos voltassem à razão 20-80.
Ao comparar o desempenho desta carteira com o CDI, o Ibovespa e a carteira do primeiro teste, que não é rebalanceada nunca, o estudo mostra que, de janeiro de 1995 a junho de 2012, a carteira rebalanceada mensalmente é a que apresenta o melhor desempenho – e a melhor relação risco-retorno, uma vez que ela supera até o CDI, mantendo o nível de risco constante.
Rebalancear por faixas é mais eficiente que rebalancear por tempo
Em busca de uma maneira mais eficiente para fazer o rebalanceamento, os testes do estudo da J. P. Morgan Asset Management concluem que rebalancear por faixas é mais eficiente que fazê-lo de tempos em tempos. “O mercado não reconhece tempo, mas a magnitude das altas e baixas”, justifica Lauro Araujo.
Esse tipo de rebalanceamento é feito da seguinte forma: o investidor estipula uma faixa de oscilação dentro da qual não fará nada, que pode ser, por exemplo, de 30%. De acordo com o exemplo do estudo, 30% de 20% (percentual que deve sempre ser mantido em renda variável) é igual a 6, que corresponde ao número de pontos percentuais de tolerância da carteira. Assim, em vez de rebalancear a carteira todo mês, o investidor deverá rebalanceá-la sempre que o percentual em renda variável atingir o mínimo de 14% (20 - 6) ou o máximo de 26% (20 + 6) da carteira.
Em outras palavras, uma carteira cuja faixa de tolerância seja de 30% (ou seis pontos percentuais) deverá ter sempre entre 14% e 26% de seus recursos alocados em renda variável. Ao atingir o mínimo, o investidor deve comprar ações até o percentual em Bolsa atingir novamente 20%. Do contrário, quando a alta das ações levar a alocação em Bolsa a corresponder a 26% da carteira, significa que é hora de vender parte das ações, até que o percentual de 20% seja atingido novamente.
Uma nova comparação mostra que o modelo de rebalanceamento por faixas teria tido melhor desempenho que todos os outros indicadores, entre janeiro de 1995 e junho de 2012. Além disso, teria sido a carteira com menos oscilações, maior número de meses positivos e menor número de meses com desempenho negativo. Veja na tabela a seguir:
Estatística | Com faixa de 30% | Com rebalanceamento mensal | 20% Ibovespa e 80% CDI sem rebalanceamento | Ibovespa | CDI |
---|---|---|---|---|---|
Retorno mensal médio | 0,92% | 0,90% | 0,85% | 0,62% | 0,89% |
Valor acumulado em junho/12* | R$ 689,50 | R$ 665,65 | R$ 590,07 | R$ 364,27 | R$ 646,51 |
Maior retorno | 6,57% | 6,47% | 4,97% | 22,30% | 2,87% |
Menor retorno | -6,83% | -6,46% | -5,65% | -49,82% | -1,46% |
Nº de meses positivos | 203 | 148 | 154 | 148 | 147 |
Nº de meses negativos | 7 | 62 | 56 | 62 | 63 |
(*) A partir dos 100 reais iniciais
Fonte: J. P. Morgan Asset Management
A mesma lógica pode ser usada para carteiras ainda mais diversificadas. No estudo, é testada também uma carteira composta com 20% em Bolsa, 35% em CDI, 15% em títulos prefixados, 15% em títulos de inflação com vencimento em menos de 5 anos e 15% em títulos de inflação com vencimento em mais de 5 anos. Neste caso, a carteira rebalanceada com faixa de 30% (com recursos entrando e saindo das aplicações em renda fixa pós-fixada ao CDI) também se saiu melhor que as carteiras similares com rebalanceamento mensal e sem rebalanceamento.
30% é a faixa de tolerância ideal?
É muito difícil determinar a banda ideal, uma vez que ela é muito sensível ao prazo e ao período estudado. No caso do estudo de Lauro Araujo, a faixa de tolerância de 44% mostrou-se a mais indicada para o período que vai de janeiro de 1995 a junho de 2012. Porém, para prazos mais curtos, esse percentual se revelava alto demais, o que fazia com que a carteira quase nunca fosse rebalanceada. “O investidor acabaria não desenvolvendo a disciplina de rebalancear”, disse Lauro Araujo em entrevista.
Segundo ele, é muito difícil definir a banda ideal. “A faixa não tem a ver com quanto risco a pessoa quer correr, mas sim com o prêmio ou o desconto que o investidor exige para entrar e sair do mercado. O histórico mostra que algo entre 15% e 30% de tolerância é o ideal”, diz Araujo, que lembra que isso é apenas um dado histórico, isto é, referente ao passado.
E complementa: “O que o investidor deve manter em mente é que, se a Bolsa cair muito, ele deve comprar um pouco; e se subir muito, vender um pouco. Quanto é esse muito ou esse pouco é relativo, e é melhor buscar a ajuda de um especialista para determinar esse percentual”.
E os custos do rebalanceamento?
Realizar lucros implica pagar imposto de renda sobre o ganho de capital. No caso das ações, há o incentivo tributário que permite que vendas no valor de até 20.000 reais sejam isentas de IR, e que prejuízos sejam abatidos do IR devido em uma venda de ações futura que seja tributada. Já no caso dos fundos de investimento, não há escapatória.
Como o estudo não leva em conta os eventuais custos de rebalancear a carteira, é possível que o desempenho de uma carteira constantemente rebalanceada não seja assim tão brilhante. Mas Lauro Araujo lembra que, no caso do investidor pessoa física, o impacto do IR no rebalanceamento pode não ser tão grande, afinal.
“Hoje em dia, o brasileiro investe, em média, 10% em Bolsa. Então os rebalanceamentos são pequenos, o impacto do custo não é tão grande”, diz. Além disso, o rebalanceamento por faixas é melhor que o rebalanceamento por tempo inclusive neste sentido: “Ao adotar o sistema de faixas, o investidor acaba fazendo dois ou três rebalanceamentos por ano, apenas”, completa Araujo.