7% dos brasileiros economizaram em 2020 porque 'não tinham onde gastar'
Mudança de hábitos forçada pela pandemia foi gatilho para mais da metade das pessoas que guardaram dinheiro
Marília Almeida
Publicado em 25 de junho de 2021 às 15h11.
Última atualização em 25 de junho de 2021 às 15h11.
A redução dos gastos com viagens, festas, idas a bares e restaurantes favoreceu a formação de uma poupança involuntária por parte da população brasileira em 2020. Para 56% das pessoas que conseguiram guardar algum dinheiro no ano passado, a redução de gastos forçada foi a principal fonte de economia.
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Um ano antes, quando não havia pandemia, apenas 34% das pessoas que economizaram apontaram a redução desses gastos como origem dos recursos poupados. Isso significa que, enquanto em 2019 em torno de 12 milhões de brasileiros disseram economizar em razão de corte de gastos, em 2020 o total saltou para mais de 20 milhões de pessoas.
É o que mostra pesquisa da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) realizada com a população economicamente ativa das classes A, B e C em todo o país.
O impacto da pandemia e do distanciamento social sobre a forma como os brasileiros economizaram dinheiro foi tão significativo a ponto de 7% deles - ou algo próximo a 2,5 milhões de pessoas - afirmarem que guardaram porque "não tinham onde gastar".
A pesquisa mostra o impacto que o fenômeno da poupança involuntária ou forçada teve por conta das restrições impostas pela quarentena. Todas as demais estratégias de planejamento financeiro caíram proporcionalmente.
A segunda maior fonte de economia em 2020 foi a não realização de compras desnecessárias, apontada por 24% das pessoas que conseguiram guardar algum dinheiro. Em 2019, o item liderava entre os gatilhos para economia, com 47% das respostas.
O controle das despesas e a reserva de parte do salário do mês vieram na sequência, apontados por 19% e por 11%, respectivamente, como formas de economizar em 2020. Ambos apresentam queda em relação ao levantamento anterior, quando os dois itens foram apontados como justificativas para a economia por 34% e 35%, respectivamente, das pessoas que guardaram algum dinheiro em 2019.
À medida que as restrições da quarentena diminuam e a vida volte ao normal, será interessante ver o quanto dessas mudanças ficam como legado e em que medida elas serão abandonadas, com as pessoas retomando os hábitos pré-pandemia, avalia Marcelo Billi, superintendente de Educação de Investidores da Anbima.