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Xavier diz que está mais otimista com o Brasil e aponta 3 razões

Em evento do Credit Suisse, gestor da SPX diz que, depois de muito tempo, está com perspectiva positiva para os ativos e o país, apesar de primeiro trimestre negativo

Carta do Gestor da SPX lembra que a desarmonia entre Poderes eleva incertezas dos agentes econômicos e paralisa as pautas do Congresso (Divulgação/Exame)
PB

Paula Barra

Publicado em 26 de janeiro de 2021 às 21h07.

Última atualização em 27 de janeiro de 2021 às 07h41.

O Brasil sempre foi capaz de surpreender pelo lado negativo, mas nos últimos sete dias apareceu uma luz no fim do túnel, disse Rogério Xavier, da SPX Capital, um dos gestores de fundos mais respeitados do país, em evento do Credit Suisse realizado nesta terça-feira, 26.

Para Xavier, a possibilidade de a taxa Selic ser elevada já na próxima reunião do Copom em março, os sinais de gastos fiscais menos intensos neste ano e as eleições no Senado e Câmara, com candidatos mais alinhados com o governo, podem levar a uma melhora importante nos preços dos ativos.

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“Pela primeira vez em muito tempo estou com uma perspectiva positiva para o Brasil, embora estejamos vivendo um cenário muito negativo neste primeiro trimestre. Vejo o cenário muito melhor do que via há sete dias. Estou bastante construtivo com a possibilidade de esses fatores em conjunto animarem os mercados e levarem a uma melhora importante dos preços dos ativos.”

Xavier disse que recebeu com “enorme satisfação” a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), com a retirada do forward guidance e a possibilidade de subir a taxa de juros na próxima reunião de março.

“Sempre fomos muito críticos com o nível a que a taxa de juros chegou no Brasil, não achamos que 2% sejam um ponto de equilíbrio. Espero que não seja só intenção do Banco Central [em subir a Selic] mas ação para corrigir os juros.”

Para ele, 2021 vai ser o ano para consertar a casa. “Acho que fomos [longe] demais nos auxílios. Neste ano, estamos falando que, caso tenha, deve ser por três meses, isso não vai me preocupar. Será menos intenso do que no ano passado”, disse o experiente gestor.

Ele comentou ainda que acredita que as eleições para a Câmara e o Senado estão muito favoráveis ao governo, com a possibilidade de vitória dos candidatos Arthur Lira e Rodrigo Pacheco. “Acho que vai ser uma notícia espetacular para o governo, com os candidatos alinhados com a pauta governista. É muito provável que tenhamos a aprovação de uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) importante. Acho que a mais provável é a emergencial”.

Ele disse que vê esses três pontos -- do lado da política monetária, da política fiscal e as eleições nas duas Casas -- como notícias “muito boas” para o país, além da possibilidade da inclusão do setor privado na vacinação. “Uma vez que o setor privado entre na parte de vacinação, a chance da campanha engrenar aumenta”.

As visões de Luis Stulhberger

Xavier dividiu o painel no evento -- transmitido de maneira virtual neste ano por causa da pandemia -- com Luis Stuhlberger, CEO da Verde Asset, que também se mostrou otimista com o país.

"O fundamento para o Brasil no longo prazo ainda continua difícil, mas para os próximos seis meses continuamos com uma visão positiva", afirmou o também experiente e bem-sucedido gestor. Para ele, se o auxílio emergencial for confirmado, será de dois a três meses, para compensar o fato de o país estar atrasado na vacinação.

Stuhlberger comentou ainda que a Verde historicamente tem uma alocação de 35% do portfolio em ações, que atualmente está distribuída em 21% para Brasil e 14% para o restante do mundo, principalmente Estados Unidos.

"Até cogito eventualmente vender um pouco de S&P 500 e comprar Brasil, mas ainda estamos OK com isso. Acho que vamos ter um ano de otimismo no Brasil. Mesmo com esses problemas de longo prazo, no curto prazo estaremos bem."

Cenário global

Olhando para o cenário global, Xavier disse que está com uma visão muito positiva para os Estados Unidos, diante do ritmo de vacinação bastante acelerado, enquanto a Ásia já não enfrenta tantos problemas. A Europa ainda segue patinando, mas deve ser puxada pelo restante do mundo.

No caso de ações, ele acredita que os ativos já não estejam tão baratos como no ano passado, mas comentou que sempre dá para fazer stock picking (seleção de ativos que podem performar acima da média do mercado).

"Os mercados apresentaram crescimentos exuberantes nos últimos meses e não estão de graça, mas dá sempre para explorar alguns nomes específicos", avaliou.

Em relação ao mercado de juros, ele comentou que o movimento de retorno à normalidade ainda nem começou, em meio às vacinações e novos estímulos.

"Olhando genericamente no mundo, me parece que as curvas ainda estão pouco inclinadas. Quando veja a curva de juros no mundo, dá vontade de tomar todas as inclinações. Basicamente, tenho quase isso mesmo. Me parece que as inclinações ainda estão muito baixas. Os juros não estão correspondendo à inflação implícita. Ainda têm um bom espaço para andar", defendeu.

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