Vale, Petrobras e bancos sustentam Ibovespa apesar de temor fiscal
Mercado mantém cautela em meio a tentativas de parcelamento de precatórios e aumento do Bolsa Família
Beatriz Quesada
Publicado em 3 de agosto de 2021 às 17h22.
Última atualização em 3 de agosto de 2021 às 20h08.
O Ibovespa encerrou o pregão desta terça-feira, 3, em alta, acompanhando os ganhos de Vale (VALE3), Petrobras (PETR3/PETR4) e bancos, que eclipsaram os riscos fiscais e a disseminação da variante delta. A temporada de balanços também ficou no radar, assim como o primeiro dia de reunião do Copom para definição da política monetária.
O principal índice da B3 encerrou o pregão em alta de 0,87%, aos 123.576 pontos. Já o dólar comercial encerrou o dia em alta de 0,53%, a 5,19 reais.
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O motivo para a alta da moeda americana está no risco fiscal, à medida que seguem os debates sobre o aumento do programa Bolsa Família. Nesta terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro chegou a afirmar que pode até dobrar o valor do programa de transferência de renda.
"Isso aumentaria bastante as despesas do governo em um momento em que nosso quadro fiscal já está bastante fragilizado", diz Flávio de Oliveira, diretor de renda variável da Zahl Investimentos.
Os ânimos se acalmaram após a declaração do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que negou a possibilidade de estabelecer um valor de 400 reais para o Bolsa Família ao incluir o programa dentro de uma PEC. Lira afirmou que “não há a possibilidade de se estourar teto de gastos no Brasil a depender da vontade do Legislativo”.
Ainda em Brasília, discute-se o parcelamento de pagamentos de precatórios em dez anos, o que é visto por muitos agentes do mercado como um "calote". O ministro da Economia,Paulo Guedes, nega. "Devo, não nego; pagarei assim que puder", afirmou.
Na bolsa, a alta de 3,34% nas ações da Vale (VALE3) foi o principal suporte para a alta do índice. Com a maior participação entre todas as ações do Ibovespa, os papéis da mineradora ficaram entre as maiores altas do Ibovespa, puxando o índice para cima. A valorização aconteceu após o minério de ferro interromper sua sequência de quedas na China e subir mais de 3%.
A Bradespar (BRAP4), que tem participação de 5,5% na Vale, acompanhou a alta da mineradora e subiu 3,1%. Com a valorização do metal também favorecendo as siderúrgicas, as ações da Gerdau (GGBR4) avançaram mais de 2%.
Outra ação com posição relevante no índice é a do Itaú (ITUB4) que subiu 1,64%, após o resultado do segundo trimestre divulgado na última noite. No período, o maior banco do país registrou lucro recorrente de 6,4 bilhões de reais, 56% superior ao do mesmo período do ano passado. A receita de serviços e tarifas aumentou 35% para 11,35 bilhões de reais.
"Foi um resultado bem decente. O banco melhorou suas projeções sobre concessão de crédito e margem financeira", comenta Bruno Lima, analista-chefe de ações do BTG Pactual Digital. O Bradesco (BBDC4), que reporta balanço após o encerramento deste pregão, viu suas ações subirem 0,57%.
A Petrobras (PETR3/PETR4), que divulga seus resultados amanhã, também encerrou o pregão em alta, com as ações subindo 1,69% e 1,67%, respectivamente.
Do lado negativo, ações ligadas ao setor de construção civil recuaram com a perspectiva de alta na Selic na decisão de amanhã do Copom, que pode concretizar a maior elevação da taxa em 18 anos. MRV (MRVE3) e Cyrela (CYRE3) fecharam o dia em queda de 2,22% e 1,77%.
Já as ações da Americanas ( AMER3, ex-B2W) despencaram 4,43%, com investidores ainda digerindo o processo de fusão com a Lojas Americanas (LAME4). Na última sessão, os papéis chegaram a subir 4%, mas o insuficiente para apagar a depreciação de 25,9% registrada em julho.