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Vale (VALE3): Mercado vê início de turnaround após produção do terceiro trimestre

Produção de minério de ferro foi a mais alta desde a tragédia em Brumadinho; ações subiram quase 2%

Vale: empresa produz 90,9 milhões de toneladas no 3º trimestre (Germano Lüders/Exame)

Publicado em 16 de outubro de 2024 às 10h40.

Última atualização em 16 de outubro de 2024 às 17h37.

A Vale (VALE3) registrou uma produção de 91 milhões de toneladas de minério de ferro no terceiro trimestre, 6% superior à do mesmo período do ano passado e a maior registrada em um trimestre desde 2018. A companhia também revisou suas projeções de produção para este ano, agora entre 323 e 330 milhões de toneladas, acima da projeção anterior de 310 a 320 milhões. Esses resultados foram impulsionados por melhorias no desempenho de S11D, Itabira e Brucutu. As ações da Vale fecharam alta de 1,91%.

O relatório de produção, divulgado na noite de terça-feira, 16, foi recebido com grande otimismo pelo mercado. Para os analistas do Goldman Sachs, o relatório pode representar apenas o "início" de uma recuperação operacional de vários anos.

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Desde 2019, a companhia enfrenta grandes desafios após o rompimento da barragem de Brumadinho, que levou à interdição de importantes complexos mineradores, como Vargem Grande e Timbopeba.

As vendas de minério de ferro atingiram 81,8 milhões de toneladas, um aumento de 2% em comparação com o mesmo período do ano passado. A diferença entre a produção e os embarques de minério de ferro, segundo o Goldman Sachs, é atribuída ao acúmulo sazonal de estoques, que deverá ser revertido no próximo trimestre.

O preço realizado dos finos de minério foi de USD 90,6/tonelada, impactado pela queda no preço da commodity no mercado internacional. O preço caiu USD 7,6/tonelada em relação ao trimestre anterior e USD 14,5/tonelada em comparação ao ano passado.

"Estamos confiantes em nossa previsão de EBITDA de USD 3,35 bilhões para o 3T24", afirmam analistas do Itaú BBA em relatório.

Os analistas destacam a importância do foco da Vale em melhorar a qualidade, reduzindo a produção de minério com alto teor de sílica, que exige maior consumo de energia das siderúrgicas para a produção de aço.

Essa estratégia resultou no aumento do preço do minério de ferro vendido pela Vale. O "prêmio all-in" da companhia, que é o valor adicional cobrado por produtos de maior qualidade em relação ao preço de referência do mercado, subiu de US$ 1,7/tonelada para US$ 1,8/tonelada.

As produções de cobre e níquel também cresceram, com aumentos de 9,3% para 85,9 mil toneladas de cobre e de 69% para 47,1 mil toneladas de níquel.

Volatilidade e queda das ações

Os resultados da Vale animaram até mesmo os analistas do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da Exame), que se dizem cautelosos com a valorização da companhia. "Temos sido cautelosos em relação à história de valorização da Vale há algum tempo, mas devemos admitir que gostamos do que temos visto em suas operações de minério de ferro ultimamente", afirma o relatório do banco.

Ainda assim, o BTG destaca a alta volatilidade da Vale devido à especulação em torno dos estímulos econômicos chineses, uma "batalha difícil de prever", segundo os analistas.

"Observamos alguns desenvolvimentos positivos na valorização da Vale recentemente, como a melhoria nos volumes de minério de ferro, mas preferimos aguardar maior clareza sobre os desafios e o cenário macroeconômico antes de fazer mudanças significativas", diz o BTG. O banco manteve sua recomendação neutra para as ações, mas vê com otimismo as negociações com a Samarco e a sucessão na presidência da empresa, recentemente assumida por Gustavo Pimenta, ex-CFO da Vale. No ano, as ações da Vale estão em queda de 9%.

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