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Usiminas perde da Gerdau na renda fixa com venda menor de carros

Produção de automóveis no Brasil reduz a demanda de aço, afetando os custos de captação da empresa

Os títulos em dólar da Usiminas com vencimento em 2018 rendem 3 pontos-base menos do que a dívida de prazo similar da Gerdau, comparado a 67 em 6 de outubro (Divulgação)

Os títulos em dólar da Usiminas com vencimento em 2018 rendem 3 pontos-base menos do que a dívida de prazo similar da Gerdau, comparado a 67 em 6 de outubro (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 9 de novembro de 2011 às 07h55.

Rio de Janeiro - Os custos de captação da Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais SA tiveram sua maior alta em um mês em relação à sua concorrente Gerdau SA à medida que a produção de carros no Brasil reduz a demanda de aço pela indústria automobilística.

Os títulos em dólar da Usiminas com vencimento em 2018 rendem 3 pontos-base menos do que a dívida de prazo similar da Gerdau, comparado a 67 em 6 de outubro, segundo dados compilados pela Bloomberg. Em 3 de novembro, os títulos da Usiminas renderam 2 pontos-base, ou 0,02 ponto percentual, acima dos da Gerdau. A 5,37 por cento, os papéis da Usiminas rendem 74 pontos-base menos do que a dívida de empresa de metais e mineração de países emergentes, ante 121 em 6 de outubro, segundo dados do JPMorgan Chase & Co.

A demanda por aço das unidades brasileiras de Volkswagen AG e General Motors Co. está em queda com o Banco Central procurando conter os financiamentos para compra de automóveis, enquanto a economia brasileira desacelera. A Usiminas, que registrou uma baixa de 80 por cento no lucro do terceiro trimestre, é mais vulnerável à queda nas vendas de automóveis do que as concorrentes porque tem foco no fornecimento às montadoras, disse ontem Wilson Brumer, presidente da companhia.

“Menos crédito significa menos venda de carro, aumento de estoques e redução da produção”, disse Klaus Spielkamp, operador de renda fixa da Bulltick Capital Markets, em entrevista por telefone de Miami, em 4 de novembro.

Os títulos da Usiminas rendem 239 pontos-base a mais do que os bônus do governo brasileiro com vencimento em 2019, comparado a uma diferença de 220 pontos-base no começo do mês, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Setor automotivo

A produção de veículos encolheu 9,5 por cento em outubro na comparação anual e as vendas recuaram 7,5 por cento, de acordo com dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores em 7 de novembro. As vendas da Fiat SpA, que liderou o mercado no mês passado com 22 por cento de participação, caíram 8,6 por cento. Volkswagen e GM, respectivamente segunda e terceira maiores montadoras no País, registraram quedas de 15 por cento.

Em dezembro, o BC elevou o depósito compulsório e as exigências de reserva de capital para desacelerar o ritmo de expansão do crédito e evitar a formação de uma bolha no setor.


O lucro da Usiminas no terceiro trimestre diminuiu para R$ 103 milhões em relação aos R$ 514 milhões de um ano antes. A receita líquida recuou 7,4 por cento para R$ 3 bilhões, ao passo que o custo dos produtos vendidos avançou 8,7 por cento, de acordo com o balanço divulgado ontem.

Copa do Mundo

Um representante da Usiminas em Belo Horizonte, que pediu para não ser identificado devido à política interna, se negou a comentar o desempenho dos títulos.

A Gerdau é menos vulnerável ao desaquecimento do mercado de automóveis porque é focada em aços longos, usados na construção civil, disse Spielkamp, da Bulltick. A companhia se beneficia da demanda por seus produtos para a construção de estádios e instalações para sediar a Copa do Mundo em 2014 e a Olimpíada em 2016, disse ele.

Um representante da Gerdau em Porto Alegre, que pediu para não ser identificado, se negou a comentar porque a empresa está em período de silêncio antes da divulgação de seus resultados.

Em 10 de novembro, a Gerdau deve apresentar uma queda de 30 por cento no lucro líquido do terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 374,1 milhões, de acordo com a estimativa média de oito analistas ouvidos pela Bloomberg.

Perspectiva de classificação

A classificação de risco da Usiminas é sustentada por sua estrutura de capital “conservadora” e pelo perfil da dívida, de prazo mais longo, disse Jay Djemal, analista da Fitch Ratings em Chicago, em comentário enviado por e-mail. O plano da empresa de ser autossuficiente em matéria-prima já em 2015 vai ajudá-la a conter custos e melhorar margens, disse ele.

Fitch Ratings classifica a companhia em BBB-, o nível mais baixo da escala de grau de investimento.

A Moody’s revisou a perspectiva para a nota Baa3 da Usiminas de estável para negativa em 28 de setembro, citando a deterioração dos fundamentos para o mercado doméstico e global de aço e os resultados operacionais “fracos” da empresa ao longo de vários trimestres.

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