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Trégua em Brasília, aquisição do TC e o que mais move o mercado

Carta de Bolsonaro provoca alívio no mercado e Ibovespa começa o pregão com desconto de 1.600 pontos

Jair Bolsonaro: presidente recua em carta "à Nação" e chega a citar "qualidades" de ministro do STF Alexandre de Moraes (Adriano Machado/Reuters)

Jair Bolsonaro: presidente recua em carta "à Nação" e chega a citar "qualidades" de ministro do STF Alexandre de Moraes (Adriano Machado/Reuters)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 10 de setembro de 2021 às 07h09.

Última atualização em 10 de setembro de 2021 às 07h23.

O aceno para maior harmonia entre os poderes feito pelo presidente Jair Bolsonaro em carta divulgada no fim da última tarde pode seguir produzindo efeitos positivos na bolsa. Na véspera, a antecipação da trégua pelo ex-presidente Michel Temer foi suficiente para que o Ibovespa saísse do vermelho e fechasse em alta de 1,72%, a 115.361 pontos. Mas, com a confirmação da carta e com investidores digerindo seu conteúdo, o Ibovespa futuro, que fecha cerca de uma hora após o fim das negociações do mercado à vista, estendeu os ganhos para 2,61%, a 116.958 pontos. Ou seja, há uma diferença de quase 1.600 pontos para ser ajustada nesta sexta-feira, 10. 

Em sua “Declaração à Nação”, Bolsonaro recuou. Depois de duras ameaças ao Supremo Tribunal Federal nos atos de 7 de setembro, o presidente disse em carta que foi abalado pelo "calor do momento" e que “nunca teve intenção de agredir quaisquer dos poderes”. O presidente até mesmo elogiou “qualidades como jurista e professor” do ministro Alexandre de Moraes, embora tenha citado “naturais divergências”.

A carta, segundo a Folha de S. Paulo, foi escrita com ajuda de Temer, que teria enfatizado a necessidade de concentrar esforços em pautas econômicas e no combate à covid - temas também vistos como prioritários pelo mercado. 

Entre investidores, a trégua, além de reduzir incertezas políticas (como a possibilidade de impeachment ou golpe), reacende alguma esperança de andamento de reformas e de endereçamento dos gastos com precatórios. 

Nesta sexta, o mercado brasileiro ainda deve ser favorecido pelo apetite por risco internacional. No exterior, os principais índices de ações avançam, com menores preocupações sobre redução de estímulos por parte de bancos centrais. 

No radar de investidores também estão uma série de dados econômicos. O principal deles é o índice de preço ao produtor americano (PPI, na sigla em inglês) de agosto, para o qual se espera uma alta anual passando de 7,8% para 8,2%. No Brasil, o IBGE divulgará as vendas do varejo de julho. A expectativa é de um crescimento de 0,7% na comparação mensal e de 3,5% na anual.

Novas frentes no TC 

O TC (TRAD3, ex-TradersClub) anunciou a compra da Abalustre por um valor estimado em 6,7 milhões de reais. A aquisição foi a primeira da companhia desde sua oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês). 

“A aquisição da Abalustre marca a estreia do TC no segmento B2B, com um conceito API-first, buscando trazer o que há de mais moderno em termos de tecnologia para o investidor institucional, bancos, fintechs, instituições de ensino, assessores de investimentos”, afirma em fato relevante. 

Recompra da Log

A Log (LOGG3) anunciou seu programa de recompra de ações com o objetivo de adquirir até 5,5 milhões de papéis de emissão da própria companhia. Considerando a atual cotação de 26,88 reais por ação, o programa pode movimentar cerca de 150 milhões de reais até março de 2023, para quando está previsto o encerramento do programa. 

T4F: tudo em casa

A maior - e única - empresa de eventos da bolsa, a Time4Fun (SHOW3) decidiu incorporar a PLF, cujo capital já é inteiramente detido pela empresa. O objetivo, segundo informou a Time4Fun, é simplificar as estruturas societária e operacional. Além de promoção de eventos, a PLF atua na operação de bilheteria, comercialização de bebidas e alimentos e comercialização de patrocínios. 

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