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Títulos em real podem ser pressionados com fuga de japoneses

Maiores detentores dos títulos brasileiros, investidores japoneses devem utilizar seus recursos para a reconstrução de seu país

Terremoto no Japão: serão necessários investimentos para a recuperação do país (AFP)

Terremoto no Japão: serão necessários investimentos para a recuperação do país (AFP)

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Da Redação

Publicado em 14 de março de 2011 às 14h34.

Nova York - Títulos da dívida brasileira denominados em real podem cair com a migração de recursos de investidores japoneses, maiores detentores desse tipo de título, de volta ao Japão para financiar a reconstrução do país, após o terremoto da semana passada, segundo Guggenheim Capital Markets.

Os investidores japoneses têm até US$ 50 bilhões em dívida brasileira em reais, emitida pelo Banco Mundial, Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento e o Goldman Sachs Group Inc., diz Andrew Brenner, diretor-gerente da Guggenheim, corretora com sede em Nova York voltada para investidores institucionais.

“Os fundos mútuos japoneses compraram uma enorme quantidade de papéis”, disse Brenner em entrevista por telefone. “Esses títulos estarão sob pressão. Os japoneses vão olhar para o quanto conseguiram e vão colocar mais dinheiro em infraestrutura no seu próprio país.”

As ações japonesas tiveram a maior queda em mais de dois anos hoje, depois que o pior terremoto da história país deixou um número estimado de 10.000 mortos, destruiu fábricas criou o risco de um vazamento de material radioativo em uma usina nuclear. O ministro da Economia e Política Fiscal japonês, Kaoru Yosano, disse a repórteres que, para socorrer as vitimas do terremoto, o governo pode utilizar parte do 1,3 trilhão de ienes (US$ 16 bilhões) de fundos discricionários do orçamento do ano fiscal que se encerra em 31 de março.

O rendimento dos títulos de cupom de 9,25 por cento atrelados ao real com vencimento em setembro de 2012, emitidos pelo Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento, caiu 18 pontos-base, ou 0,18 ponto percentual, no dia 11 de março para 9,11 por cento. A rentabilidade dos papéis é atrelada ao desempenho do real e os títulos são classificados como AAA pela Standard & Poor’s, o nível mais alto do grau de investimento.

O real acumula ganho de 39 por cento em relação ao dólar nos últimos dois anos, e de 16 por cento contra o iene.

Os títulos devem cair nos últimos dias deste mês, que correspondem ao fim do ano fiscal japonês, disse Brenner.

O juro brasileiro atrelado à inflação é o segundo mais alto do mundo, atrás do da Croácia, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Cerca de 1,6 milhão de japoneses ou descendentes vivem no Brasil, a maior comunidade fora do Japão no mundo, segundo a embaixada do país em Brasília.

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