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Títulos da Marfrig sobem com expansão na China e limite à dívida

Os títulos em dólar da Marfrig com vencimento em 2020 rendem 93 pontos-base a mais do que as notas com prazo similar da concorrente JBS, maior frigorífico do mundo

A Marfrig anunciou em abril a criação de 2 joint ventures na China para distribuir alimentos (Divulgação)

A Marfrig anunciou em abril a criação de 2 joint ventures na China para distribuir alimentos (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 3 de maio de 2011 às 08h39.

Nova York - Os custos de financiamento da Marfrig Alimentos SA estão caindo depois de terem atingido uma máxima em relação aos da concorrente JBS SA. A reação veio após o segundo maior frigorífico ter se expandido na China e limitado seu endividamento.

Os títulos em dólar da Marfrig com vencimento em 2020 rendem 93 pontos-base, ou 0,93 ponto percentual, a mais do que as notas com prazo similar da JBS, maior frigorífico do mundo. Em 11 de março, a diferença chegou ao nível recorde de 144 pontos-base, segundo dados compilados pela Bloomberg. Os bônus da Marfrig deram rentabilidade de 5,2 por cento no período, comparado a um ganho de 1,7 por cento para produtoras mundiais de alimentos no atacado, de acordo com o Bank of America Merrill Lynch.

Os investidores estão mais confiantes quanto às finanças da Marfrig após a companhia avisar na semana passada que manteve os níveis de endividamento sob controle, após pagar US$ 1,3 bilhão pela Keystone Foods LLC em 2010. A relação entre dívida e lucros da Marfrig subiu para 3 vezes no ano passado, comparado a 2,9 vezes em 2009, em linha com a taxa da JBS. A Marfrig anunciou em abril a criação de duas joint ventures na China para distribuição de alimentos na economia que mais cresce no mundo.

“As pessoas não deveriam exigir um prêmio tão grande para comprar Marfrig em vez de JBS”, disse Ivan Fernandes, analista do Barclays Plc em Nova York, em entrevista por telefone. “A companhia não é tão arriscada quanto era a percepção das pessoas anteriormente.”

O rendimento dos títulos da Marfrig com cupom de 9,5 por cento e vencimento em 2020 recuou 52 pontos-base este ano para o menor nível em três meses de 8,42 por cento, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Notas similares da JBS rendem 7,47 por cento, enquanto os títulos do governo brasileiro pagam 5,25 por cento, segundo dados do JPMorgan Chase & Co.

Aquisição da Keystone

A Marfrig, sediada em São Paulo, , planeja captar US$ 500 milhões em títulos com prazo de sete anos no mercado externo, disse a Fitch Ratings em relatório em 26 de abril. A companhia pode usar os recursos para refinanciar dívida que vence em 2011 e 2012, segundo a Fitch.

A assessoria de imprensa da Marfrig não quis fazer comentários.

Os custos de financiamento da empresa podem cair para menos de 8 por cento este ano, à medida que a aquisição da Keystone Foods e as joint ventures com companhias chinesas impulsionam os lucros, de acordo com Ruth Mazzoni, analista de dívida do Standard Bank em Nova York.

A Marfrig concluiu a compra da Keystone Foods, sediada em West Conshohocken, no Estado americano da Pensilvânia, em outubro, e se tornou fornecedora de empresas como McDonald’s Corp., a maior rede mundial de lanchonetes, e Subway Restaurants. Num memorando com data de 26 de abril enviado a potenciais investidores de títulos que foi obtido pela Bloomberg News, a Marfrig divulgou que a proporção da dívida em relação aos lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização é de 3 vezes.

‘Imensamente positivo’

Fernandes, do Barclays, estimava que a dívida líquida da Marfrig subiria para cerca de 3,8 vezes após a aquisição da Keystone Foods. Ele prevê que a diferença entre os rendimentos dos títulos de Marfrig e JBS pode ter uma queda adicional de 50 pontos-base este ano.
A assessoria de imprensa da JBS também não quis fazer comentários.

“Todo o investimento na Keystone foi imensamente positivo”, disse Mazzoni, do Standard Bank, em entrevista por telefone. “O negócio gerou muito valor para a Marfrig.”

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