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Tesla? Buffett teve ganho de 3.700% com aposta em outro carro elétrico

Bilionário investidor comprou ações de uma então desconhecida montadora chinesa por US$ 232 milhões há 13 anos; hoje a fatia vale US$ 8,7 bilhões

Warren Buffett tem em ações da chinesa BYD uma das principais posições da carteira | Foto: Bloomberg (Bloomberg / Colaborador/Getty Images)
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Marcelo Sakate

Publicado em 19 de novembro de 2021 às 08h12.

Última atualização em 19 de novembro de 2021 às 15h01.

As ações da Tesla , de Elon Musk , se tornaram o grande case de sucesso de investimento na nova economia e, em particular, no mercado de carros elétricos. Quem estava investido nos papeis da companhia na Nasdaq há exatos dois anos pegou carona em uma valorização espetacular de mais de 1.500% no período.

Isso graças ao avanço do mercado para carros elétricos e, principalmente, às perspectivas ainda mais promissoras. Naquele terceiro trimestre de 2019, a Tesla havia entregado 97.000 modelos elétricos; no mesmo período deste ano, esse volume cresceu para 241.300 unidades. Um aumento de 150% em apenas dois anos.

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Mais importante, o mercado de carros elétricos se expandiu de forma mais acelerada, a tal ponto que deve encerrar o ano em 287 bilhões de dólares, segundo estimativas da Fortune Business Insight. A taxa de crescimento anual composta (CAGR, na sigla em inglês) deve chegar a 24,3% até 2028, levando o mercado para 1,32 trilhão de dólares.

Mas não são apenas investidores comprados há pouco tempo na tese do carro elétrico que estão multiplicando seus recursos com ações das montadoras mais dedicadas ao segmento. O bilionário Warren Buffett , um dos maiores investidores de todos os tempos, com um patrimônio de mais de 100 bilhões de dólares, acumula uma valorização estimada em 3.650% com sua aposta visionária em uma empresa chinesa que fabrica carros elétricos.

A oitava maior posição da Berkshire Hathaway, a holding de investimentos de Buffett, está montada em ações da BYD. É uma fatia estimada em 8,7 bilhões de dólares ao fim da última semana, por meio de 225 milhões de ações da companhia, o equivalente a 8,2% do capital.

O Oráculo de Omaha comprou ações da BYD na Bolsa de Hong Kong em 2008, muito antes, portanto, do hype atual de investidores em carros elétricos. Ele desembolsou 232 milhões de dólares pelo mesmo número de ações que carrega atualmente. Na ocasião, a montadora chinesa já desenvolvia modelos híbridos (que funcionam com energia elétrica e motor a combustão) e apresentava a proposta de reduzir o impacto ao meio-ambiente.

O investimento da Berkshire na companhia chinesa entrou na estratégia já adotada naquela época de fazer apostas em companhias que pudessem se beneficiar da redução da dependência da economia global aos combustíveis fósseis, como o petróleo.

A BYD foi fundada em 1995 em Shenzhen pelo empreendedor Wang Chuanfu como uma fabricante de baterias recarregáveis para aparelhos eletrônicos como celulares. Nascido em uma das províncias mais pobres da China, hoje ele é um dos homens mais ricos do país, com um patrimônio estimado em 25 bilhões de dólares.

"Este cara é uma combinação de Thomas Edison com Jack Welch, algo como Edison solucionando problemas técnicos e algo como Welch fazendo as coisas que precisam ser feitas acontecerem", disse Charlie Munger, o investidor que é o braço-direito e homem de confiança de Buffett há mais de seis décadas, sobre Chuanfu.

"Eu nunca vi nada parecido." As declarações foram dadas em reportagem de capa da Fortune sobre a aposta de Buffett, em abril de 2009.

Capa de abril de 2009 da revista Fortune com Warren Buffett e sua então nova aposta em ações da montadora chinesa BYD (Fortune/Reprodução)

No ano passado, as ações da BYD dispararam cerca de 400%. Neste ano, subiram cerca de 50%, com alta ainda mais expressiva a partir de maio: depois de desvalorização nos primeiros meses do ano, deu um salto hoje aproximado a 100%, dias depois da divulgação dos resultados do primeiro trimestre.

O crescimento da companhia em 2021 tem sido expressivo: o número de entregas saltou de 53.380 unidades no primeiro trimestre para 96.831 no segundo e 180.587 no terceiro. Foram mais unidades de julho a setembro do que em 2020 inteiro (130.970).

Tais números colocam a BYD como a terceira maior montadora do mundo em vendas de carros elétricos, atrás apenas da Tesla e da Volkswagen.

Segundo analistas, a BYD tem uma vantagem competitiva sobre a Tesla de Musk: produz as suas próprias baterias elétricas recarregáveis e também semicondutores, o que reduz a dependência de fornecedores em meio à crise global de escassez do produto.

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