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Terminam hoje reservas de ações do Carrefour e da Biotoscana

O Carrefour está abrindo seu capital por meio de sua subsidiária, o Atacadão, e deve levantar um valor de R$ 4 bilhões a R$ 5,6 bilhões

Carrefour: o valor indicativo das ações vai variar de R$ 15 a R$ 19 (Andrew Caballero-Reynolds/Bloomberg)
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Da Redação

Publicado em 17 de julho de 2017 às 17h05.

Última atualização em 25 de julho de 2017 às 10h19.

Terminam hoje as reservas das ações de duas aberturas de capital (IPO), do Carrefour e da empresa farmacêutica Biotoscana.

O Carrefour está abrindo seu capital por meio de sua subsidiária, o Atacadão, e deve levantar um valor de R$ 4 bilhões a R$ 5,6 bilhões se as ações saírem pelo preço mais alto.

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Será portanto a maior oferta de ações deste ano. O valor indicativo das ações vai variar de R$ 15 a R$ 19, com preço intermediário de R$ 17.

Já a Biotoscana, que tem como sócios o fundo americano Advent e a Essex Woodlands, tem sede em Luxemburgo e atua em toda a América Latina, na área de medicamentos especiais para doenças raras, câncer doenças infecciosas e é mais voltada para hospitais, clínicas.

Por ser uma empresa estrangeira, ela vai emitir recibos de ações, os chamados Brasiliam Depositary Recepts (BDR) e pode levantar R$ 850 milhões.

Desse valor, 60% vão para os sócios e 40% ficarão com a empresa.

Entre 2014 e 2016, a receita líquida da Biotoscana cresceu de R$ 406,4 milhões para R$ 795,5 milhões, equivalente a um crescimento anual de 39,8%.

Segundo o Estadão, a demanda pelo papel teria superado em duas vezes a oferta, considerando o piso de preço da ação, de R$ 24,50.

Do total da oferta do Carrefour, a maior parte, R$ 3,9 bilhões, será de ações novas, de emissão primária, que irão para o caixa da empresa para pagamento de dívidas e reforço do capital de giro e crescimento, o que já é um bom sinal, pois o dinheiro será reinvestido no negócio.

Já R$ 1,7 bilhão serão papéis de sócios, ou seja, oferta secundária, do Carrefour Brasil (Atacadão S/A), Carrefour Nederland e Península Participações, do empresário Abílio Diniz.

Com isso, o valor total da empresa poderá chegar a R$ 37,6 bilhões, divididos em 73,5% com o Carrefour, 11,5% com a Península e 15% no mercado.

Cálculos do UBS

O valor final do Carrefour Brasil nesse cálculo está acima do estimado pelo suíço UBS, de € 8,7 bilhões, ou R$ 31,8 bilhões, tendo como base as vendas líquidas, de R$ 52,2 bilhões, e a margem em relação ao lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Lajida ou Ebitda) de 7,5% e um valor de empresa, que representa o patrimônio mais a dívida em relação ao Ebtida (EV/Ebtida) de 8 vezes.

Maior em alimentos

O Carrefour é o maior varejista de alimentos em volume de vendas e área total, sendo a única varejista brasileira com presença em todo o país.

São 150 cidades e 26 Estados. Seu braço de atacado para pessoas físicas, ou atacarejo, o Atacadão, também é líder no segmento, com faturamento de R$ 7,9 bilhões no primeiro trimestre, sendo 83% vindos de alimentos.

Segundo Caio Farme D’Amoed, da BlueChip Invest, a visão é positiva para as ações do Carrefour, considerando todos os aspectos positivos do negócio, alta rentabilidade e perspectivas de crescimento. A indicação de compra é de até R$ 17 por ação.

Riscos e pontos fracos

Entre os pontos negativos, estão a alta concorrência e baixa nível de margens do setor, o enfraquecimento da atividade econômica e um controlador estrangeiro com mais de 70% das ações, que apesar do tag alongo de 100% pode representar risco para os minoritários, apesar da presença de Abilio Diniz como grande minoritário.

Royalties para a matriz

A empresa anunciou recentemente que sua matriz vai cobrar royalties pela marca, que podem chegar a 0,125% das venda líquidas do segmento Varejo do Carrefour, que respondem por 39% do total.

Considerando vendas totais de R$ 52 bilhões, a parcela de varejo seria de aproximadamente R$ 20 bilhões e o royalty chegaria a R$ 25 milhões.

Isso pode impactar o dividendo dos acionistas, avalia a consultoria Eleven Financial Research.

Vantagens sobre o Pão de Açúcar

O Carrefour tem, porém, vantagens sobre o Pão de Açúcar. Seu prazo médio de estoques é de 45 dias, ante 53 do concorrente. O prazo médio de pagamento é de 76 dias, menor que os 82 do Pão de Açúcar.

E o prazo médio das contas a receber é de 7 dias, ante 5 do Pão.

A margem Ebitda do Carrefour também é maior que o do Pão de Açúcar pela maior presença do Atacadão, que tem margem de 6%, enquanto o atacarejo do concorrente, o Assai tem margem de 4,7%.

Atacadão tem peso maior no Carrefour

E o Atacadão já representa 61% das vendas líquidas do Carrefour, enquanto o Assai no Pão de Açucar representa apenas 38,27%.

O Carrefour também tem um índice de vendas por metro quadrado maior, pela margem mais alta e pelo maior fluxo de clientes e compras, já que tem um giro 70% superior pela maior presença do atacarejo.

Caso o papel saia por R$ 19,00, ele seria avaliado em 11,3 vezes seu valor de negócio (Enterprise Value, EV, equivalente a seu patrimônio mais dívida líquida) em relação a sua geração de caixa (Ebidta ou Lajida).

A RS 17,00, a relação seria de 10,3% e a R$ 15,00, 9,3 vezes.

Prêmios sobre o Pão de Açúcar

Com isso, mesmo que na faixa mais baixa, o Carrefour sairia com um prêmio de 10% sobre o concorrente Pão de Açúcar, diz a BlueChip Invest.

Na faixa intermediária, o prêmio seria de 20% e, na mais alta, 30%. Se os lotes complementares e adicionais forem vendidos, o valor do Carrefour (EV/Ebtda) na faixa intermediária, de R$ 17,00, subiria para 11 vezes o Ebitda, ou 29% de prêmio sobre o Pão de Açúcar.

Mas outros fatores seriam favoráveis ao Carrefour. Pelo preço intermediário, de R$ 17,00, o grupo teria um preço em relação ao lucro (P/L) de 32 vezes, menor que os 42,8 do Pão de Açúcar.

A taxa de retorno sobre o capital investido, (ROIC), por sua vez, seria bem maior, 31,42%, ante 12,75% a do Pão de Açúcar, ou 2,5 vezes maior.

Este conteúdo foi publicado originalmente no site da Arena do Pavini .

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