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Temendo recessão, fundos europeus renovam aposta em títulos

Gestores aumentaram posições em títulos de dívida da Europa, incluindo os alemães de rendimento negativo

Títulos na Europa devem ganhar impulso do novo pacote de flexibilização quantitativa do BCE. (Regis Duvignau/Reuters)

Títulos na Europa devem ganhar impulso do novo pacote de flexibilização quantitativa do BCE. (Regis Duvignau/Reuters)

TL

Tais Laporta

Publicado em 28 de setembro de 2019 às 08h00.

Última atualização em 28 de setembro de 2019 às 08h00.

Lastimáveis. Ruins. Chocantes. Foi assim que investidores e estrategistas descreveram os mais recentes dados econômicos da Europa. Temendo o pior, o mercado aposta que o rali recorde de títulos deste ano ainda tem fôlego.

A perspectiva de uma recessão iminente fez com que alguns dos maiores gestores de fundos da região buscassem segurança ao aumentar posições em títulos de dívida da Europa, que incluem títulos alemães de rendimento negativo. Os rendimentos parecem estar voltando às mínimas históricas, apesar dos melhores esforços do Banco Central Europeu para evitar uma retração econômica.

“Entrar e sair de uma recessão pode se tornar a norma na Europa”, disse Luke Hickmore, gestor de recursos da Aberdeen Standard Investments, que aumentou a duração de seus portfólios. “Acho que a Alemanha está em recessão agora, mas, para toda a Europa, eu colocaria a probabilidade em quase 60% em 2020.”

O rali dos títulos europeus este ano deu uma pausa antes da nova rodada de dados econômicos divulgados esta semana. Mas as compras foram retomadas, refletindo a pior retração desde a crise financeira do setor manufatureiro da Alemanha, maior economia da região. Os dados renovam os temores de a Europa seguir o caminho do Japão – um mundo de crescimento, inflação e rendimentos de títulos permanentemente baixos.

O Índice de Gestores de Compras do setor serviços na zona do euro desacelerou para 52 em setembro, o menor nível em oito meses. “Um conjunto chocante de números” para Martin van Vliet, da Robeco Institutional Asset Management. Qualquer outro resultado abaixo de 50, a linha divisória entre expansão e retração, será fundamental para que os rendimentos dos títulos alemães caiam ainda mais, segundo o gestor de fundos da Mediolanum, Charles Diebel.

“Os dados são ruins”, disse Diebel em resposta por escrito a perguntas. Para ele, a chance de recessão na zona do euro está em 50% nos próximos 18 meses.

Os rendimentos dos títulos alemães de 10 anos chegaram a cair para -0,74% no início de setembro, o nível mais baixo de todos os tempos. Os retornos dos títulos de dívida italiana, espanhola e francesa também encolheram esta semana. Os títulos com grau de investimento denominados em euros retornaram aos investidores 8,5% este ano.

Novas mínimas

Embora o mercado ainda tenha dúvidas sobre novos cortes de juros pelo Federal Reserve, os títulos na Europa devem ganhar impulso do novo pacote de flexibilização quantitativa do BCE, que começa em novembro a um ritmo de 20 bilhões de euros (US$ 22 bilhões) por mês. O ABN Amro Bank espera um aumento no ritmo de compras de ativos líquidos, bem como outro corte da taxa de depósito na região.

“A fraqueza econômica e uma nova rodada de estímulos” sugerem que taxas de posições compradas e rendimentos de títulos do governo cairão ainda mais e acabarão por superar os recordes de baixa anteriores, disseram os estrategistas do ABN Aline Schuiling e Nick Kounis.

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