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“Super Mario” garante a praia do investidor

Bolsas se animam com declarações de apoio do Banco Central Europeu ao mercado de dívida dos governos em apuros


	Ibovespa terminou a sexta-feira com uma alta de 2,5%, o que levou o ganho na semana para 2,2%
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Ibovespa terminou a sexta-feira com uma alta de 2,5%, o que levou o ganho na semana para 2,2% (VEJA)

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Da Redação

Publicado em 6 de setembro de 2012 às 20h20.

São Paulo – A semana terminou mais cedo para o mercado financeiro brasileiro por conta do feriado da Independência do Brasil na sexta-feira e não poderia ter encerrado melhor para o investidor. O italiano Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE), fez o esperado e reafirmou o comprometimento da autoridade monetária da zona do euro com a manutenção da moeda única. 

Conhecido como Super Mario por ter evitado a quebra do seu país em 1990 quando vivia uma situação parecida com a da Grécia e quase foi à falência, o economista anunciou compras ilimitadas de bônus da dívida soberana com vencimentos entre um e três anos de países que fizerem essa solicitação. A notícia animou as bolsas ao redor do mundo. Draghi também manteve o juro na região em 0,75% ao ano.

“A decisão de ligar as compras aos programas de ajuda foi desenvolvida para ajudar a garantir as condições do apoio e reduz o risco moral, onde os estados membros recebendo auxílio decidem afrouxar as reformas fiscais e estruturais”, ressalta Azad Zangana, economista para a Europa do Schroders, em um relatório. “Em nossa visão, o BCE deu outro passo na direção certa, mas ainda está longe de remover totalmente os riscos remanescentes que os investidores temem”, alerta Zangana.

O Ibovespa terminou a sexta-feira com uma alta de 2,56%, o que levou o ganho na semana para 2,21%. Nos EUA, o índice Dow Jones subiu 1,87%, o Nasdaq 100 avançou 2,17% e o S&P500 2,04%. Na Europa, o IBEX 35 da bolsa de Madri disparou 4,91% e o CAC 40 de Paris se valorizou em 3,09%. O índice alemão DAX 30 caminhou 2,91% e o FTSE MIB de Milão terminou com uma alta de 4,31%.

Semana

Por aqui, o mercado também se mexeu muito com as novas medidas protecionistas anunciadas pelo governo e que afetaram principalmente o setor siderúrgico. Foi a semana da redenção para a Usiminas, CSN e Gerdau, que há muito vinham apanhando na bolsa por conta de uma menor demanda por aço e pela competição com produtos importados, apesar do real mais fraco desde o início do ano.

A Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou na terça-feira após o fechamento dos mercados a elevação do Imposto de Importação para 100 produtos (veja a lista) e o setor siderúrgico é um dos principais beneficiados. A medida tem validade por um ano, mas pode ser ampliada por mais um, de acordo com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Empresa Código Preço (R$) Var. %
Usiminas USIM5 9,63 18,16
Usiminas USIM3 10,85 14,45
Braskem BRKM5 14,6 14,06
BM&Fbovespa BVMF3 11,72 9,02
Gerdau Metalúrgica GOAU4 24,16 8,73
CPFL CPFE3 23,25 8,14
Gerdau GGBR4 19,27 7,35
Banco do Brasil BBAS3 24,82 7,08
Lojas Americanas LAME4 15,44 5,68
CSN CSNA3 10,52 5,2

As alíquotas, que variavam entre 12% e 18%, passaram para 25% e vão valer para as compras fora do Mercosul. Segundo as estimativas de Marcos Assumpção, analista do Itaú BBA, cerca de 60% das receitas da Usiminas estão expostas ao aumento da tarifa. “O impacto é menor para CSN eGerdau, que têm uma exposição de 30% e 5%, respectivamente, à tarifa”, explica em um relatório.


A CSN tem grande parte das operações ligadas à mineração do minério de ferro e a Gerdau com negócios nos Estados Unidos. O analista elevou a Usiminas para desempenho em linha com a média do mercado (marketperform) , com um preço-alvo de 10 reais para o final de 2013. A Usiminas liderou o índice na semana e terminou o período com uma valorização de 18%.

10 -

O pior desempenho ficou com a construtora Rossi. Os acionistas ficaram preocupados porque podem ter a sua participação na empresa diluída em 30% caso escolham não aderir à oferta de ações anunciada pela empresa na quarta-feira e que pretende arrecadar até 500 milhões de reais. A operação será feita com a emissão de papéis ao preço de 4,50 reais, que corresponde à média ponderada por volume dos últimos 60 pregões e mais um desconto de 11,3%.

“Segundo nossos cálculos, assumindo que os recursos serão usados apenas para reforçar o caixa da companhia e, portanto, não empregados de forma rentável, a diluição potencial para o acionista que não aderir é de 30%”, explica a Fator Corretora em um relatório. Além da perda de participação na companhia, outros pontos da oferta chamam a atenção do mercado.

Empresa Código Preço (R$) Var. %
Copel CPLE6 35,85 -1,57
Cesp CESP6 31,79 -1,52
Transmissão Paulista TRPL4 44,42 -1,51
ALL ALLL3 8,89 -1,44
Eletrobras ELET3 13,05 -1,29
Cetip CTIP3 25,54 -1,08
JBS JBSS3 5,74 -1,03
Brasil Foods BRFS3 32,81 -0,49
Sabesp SBSP3 89,1 -0,32
B2W BTOW3 7,98 -0,13

 comunicado enviado pela Rossi destaca que a empresa está em “tratativas com os acionistas controladores e potenciais investidores, objetivando garantir a subscrição do aumento de capital”. Ou seja, isso indica que os controladores não possuem recursos para garantir a compra de eventuais sobras da subscrição aos acionistas existentes ou que não têm interesse em aumentar a participação. Daí viria a participação dos tais “potenciais investidores”.

“Na nossa visão este fato é forte indicativo que os controladores não veem a subscrição como uma aplicação rentável. Diferentemente das operações de aumento de capital de Brookfield e PDG, onde o grupo de acionistas melhor informado (no caso de Brookfield, o próprio controlador) deu suporte à companhia, o controlador da Rossi não parece disposto a fazê-lo com o mesmo ímpeto”, ressalta a Fator.

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