Sinqia (SQIA3) multiplica lucro por 12 no 1º trimestre. Entenda
Empresa registra seu melhor resultado da história, dobrando a receita e triplicando o Ebitda
Beatriz Quesada
Publicado em 9 de maio de 2022 às 19h09.
Última atualização em 10 de maio de 2022 às 18h31.
Uma mudança de patamar. É assim que o CFO da Sinqia (SQIA3), Thiago Rocha, define o momento da companhia após a divulgação do balanço do primeiro trimestre de 2022 nesta segunda-feira, 9 — o melhor resultado da história da Sinqia.
A empresa de software, que oferece soluções de tecnologia para o mercado financeiro, multiplicou seu lucro líquido por 12 no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado, chegando ao montante de R$ 9,7 milhões.
A receita líquida da empresa foi de R$ 138,9 milhões e o Ebitda, indicador de geração de caixa operacional, foi de R$ 36,2 milhões — respectivamente, o dobro e o triplo dos valores registrados nos três primeiros meses do último ano.
O resultado mostrou a disparada de um crescimento que já andava a passos largos. Em 2021, a Sinqia registrou seu melhor resultado anual desde a fundação, em 1996, com o lucro líquido crescendo quatro vezes o valor de 2020.
O segredo para o estouro está na estratégia agressiva de aquisições. Ao longo de sua história, a empresa comprou e incorporou outras 23 concorrentes — seis delas apenas nos últimos 12 meses. E foram essas últimas as responsáveis por catapultar o balanço da Sinqia.
“Somos uma empresa consolidadora. É isso que explica o crescimento da Sinqia em todas as linhas do balanço”, afirmou Rocha em entrevista à EXAME Invest.
A estratégia da companhia é ser líder de mercado nas quatro verticais em que atua — bancos, fundos, previdência e consórcio —, se tornando uma one-stop-shop de software para o mercado financeiro, onde é possível adquirir diversas soluções em um único lugar.
Entre as aquisições que fizeram a diferença no balanço, estão a Simply, que cria soluções para abertura de contas digitais, a FEPWeb, especializada em assinaturas digitais e eletrônicas de contratos e a QuiteJá, focada em negociação de dívidas e recuperação de crédito.
Outras três foram adquiridas ainda este ano, e ainda não estão com suas operações completamente incorporadas no resultado. São elas: LOTE45, uma das principais empresas em software para gestão de portfólio e controle de riscos, a NewCon, líder no mercado de softwares para administradoras de consórcio e a Mercer Seguridade, braço de previdência da Mercer Brasil.
As operações de fusões e aquisições (M&A) permitiram que a empresa atingisse um recorde de 26,1% na margem Ebtida. A Sinqia apresentou ainda um crescimento orgânico, que considera o avanço interno da Sinqia para além das aquisições, de 22% na comparação anual de faturamento recorrente.
Próximos passos
O CFO destaca que o crescimento acima de 20% na frente orgânica deve continuar no atual patamar. Rocha admite, no entanto, que é difícil garantir o ritmo total de avanço da Sinqia nos próximos trimestres, especialmente porque 77% da receita da empresa veio de aquisições, que não são eventos fixos ou previsíveis.
Não significa, no entanto, que novas compras estejam fora do radar. O plano da empresa é focar nas oportunidades de receita dentro de casa ao longo do primeiro semestre, unificando produtos e organizando o processo de cross-selling (venda cruzada de serviços relacionados e complementares). A partir da segunda metade do ano, o foco volta a ser a procura por novos negócios.
A empresa ainda tem R$ 200 milhões em caixa para investir dos R$ 650 milhões captados no passado — R$ 400 milhões via follow-on e outros R$ 250 milhões através da emissão de debêntures.
“A Sinqia já tem a liderança do mercado nos segmentos de previdência e consórcio. Vamos buscar adquirir empresas que nos permitam alcançar esse patamar também nas unidades de bancos e fundos”, disse Rocha.