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Sete Perguntas para Verena Ross

"Não vamos recuar" A diretora da Financial Services Authority, a equivalente britânica da CVM, defende mais rigor e coordenação global na adoção de medidas capazes de prevenir outras crises

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

Responsável no governo britânico pela articulação regulatória com os maiores mercados mundiais, a executiva Verena Ross, diretora internacional da Financial Services Authority, veio recentemente ao Brasil para consultas com o governo. Para ela, apesar da gritaria do mercado, as novas regras impondo mais transparência aos pregões vieram para ficar.

1) Um ano e meio após o estouro da crise global, os reguladores não estão sendo muito lentos em sanar problemas como a falta de proteção ao investidor?

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Os países do G20 estão fazendo avanços, mas o projeto de ajustes se encontra no começo. Teremos ainda um longo caminho pela frente. E é preciso que os clientes também se eduquem sobre os riscos inerentes aos investimentos.

2) E as agências de classificação de risco?

As agências já começaram a fazer a lição de casa, dando ratings condizentes com as empresas e os papéis de risco. Mas cabe também aos grandes investidores não engolir o rating, fazendo coisas como uma due diligence própria.

3) Em matéria de regulação, o Brasil hoje é um exemplo?

Sim. Destaco a boa supervisão financeira, os limites prévios para alocação de capital de risco e as restrições a empréstimos. Mas o Brasil também sofreu menos por ser um mercado mais doméstico.

4) No Brasil, a CVM enfrenta uma feroz oposição de altos executivos que não querem ver seus salários e benefícios publicados. Como essa questão funciona em Londres?

Lá, todo executivo que integra o conselho de administração de uma empresa de capital aberto deve declarar todos os seus ganhos. Na maioria das firmas, como é o caso dos bancos, incluem-se todos os tomadores de decisão. Os investidores têm direito de saber quanto ganham os altos executivos, seja porque tais ganhos são gerados por seu capital, seja para que se saiba se tais rendimentos são proporcionais ao desempenho.


5) Houve oposição dos executivos britânicos?

A princípio, a reação foi enorme. E até hoje não somos muito populares (risos). De um lado, as instituições financeiras diziam que estávamos sendo muito duros. De outro, o público não admitia que os bancos, que foram resgatados pelo governo, pagassem altos bônus a seus executivos. Em nome da governança, não vamos recuar.

6) Depois de surgir no topo de um ranking como o melhor centro financeiro global, Londres acaba de empatar com Nova York no primeiro lugar. O recuo londrino se deve a mais impostos e mais regulação?

Não faz sentido dizer que Londres tenha tomado um caminho diverso do de Nova York nessas questões. De agora em diante, os padrões regulatórios precisam ter uma moldura global, e isso tem avançado no âmbito do G20. Temos sido muito rigorosos no Reino Unido.

7) Que medidas têm sido adotadas?

Intensificamos a supervisão diária, sobretudo nas empresas de maior impacto potencial sobre o sistema financeiro. Nos tornamos mais intrusivos, questionando os bancos e os fundos de investimento sobre seus modelos de negócios. E temos feito testes de estresse e aumentado as exigências sobre liquidez e níveis de capital.

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