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Ritmo recorde de ofertas é perdido com seca de emissões na crise

A crise da dívida da Europa levou a alta do custo das emissões de títulos

Empresas brasileiras devem fazer menos captações externas com a crise internacional (Christopher Furlong/Getty Images)

Empresas brasileiras devem fazer menos captações externas com a crise internacional (Christopher Furlong/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2011 às 08h24.

Nova York - As empresas brasileiras estão a caminho de fazer menos captações externas com títulos este ano do que no ano passado pela primeira vez desde que a crise da dívida da Europa levou a alta do custo das emissões.

As companhias brasileiras venderam US$ 32,3 bilhões em títulos no exterior este ano, em comparação aos US$ 32,7 bilhões do mesmo período no ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg. Nenhuma empresa brasileira vendeu títulos no exterior desde 8 de setembro. As emissões de dívida corporativa nos Estados Unidos este ano já somam US$ 930 bilhões, acima dos US$ 900 bilhões emitidos em 2010.

As empresas estão fugindo dos mercados internacionais depois que as taxas dos títulos atingiram o pico em dois anos na semana passada, estimuladas pelo receio de que a crise de dívida europeia estivesse piorando. O rendimento médio dos títulos corporativos brasileiros subiu 32 pontos base, ou 0,32 ponto percentual, no último mês e atingiu 6,91 por cento em 4 de outubro, segundo dados do JPMorgan Chase & Co.

“É preciso um pouco de estabilidade no mercado para uma oferta primária até para se chegar a um preço”, disse Eric Ollom, estrategista de papéis de dívida no Citigroup, em Nova York. “O mercado estava em queda livre até uma semana atrás, então, em primeiro lugar, isso evita emissores de emitir porque os compradores não estão comprando”.

O rendimento médio dos papéis em dólar do governo brasileiro, referência para as empresas, subiu 5 pontos base no último mês atingindo 4,71 por cento, segundo o JPMorgan. O custo da dívida das empresas de mercados emergentes disparou 46 pontos no mesmo período para 6,45 por cento, enquanto o rendimento dos títulos americanos de 10 anos teve alta de 19 pontos base para 2,19 por cento.

‘Mais confortável’

As empresas brasileiras podem voltar ao mercado de dívida no exterior se os líderes europeus caminharem para uma solução para a crise da dívida da região, reacendendo a demanda do investidor por dívidas de rendimento mais alto, disse Matthew Eagan, gestor da Loomis Sayles, em Boston, que administra cerca de US$ 8 bilhões em dívida de mercados emergentes.

A primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, assumiram o compromisso de entregar um plano para recapitalizar os bancos e solucionar a crise da dívida grega.


“Assim que os investidores se sentirem mais confortáveis com o caminho das coisas, especialmente na Europa, e uma vez que o viés de voo para qualidade termine no mercado, as pessoas vão olhar ao redor e dizer ‘não posso viver com um juro de um a dois por cento na minha carteira’”, disse Eagan, em entrevista em Nova York.

Planos da Petrobras

A Petróleo Brasileiro SA está olhando para a possibilidade de fazer uma captação em euros no mercado internacional, disse o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa, a jornalistas em Londres em 11 de outubro.

A Petróleos Mexicanos vendeu mais US$ 1,25 bilhão de seus papéis com vencimento em 2041 essa semana na primeira oferta ’benchmark’ de uma empresa da América Latina desde 8 de setembro, segundo dados da Bloomberg.

A oferta da Pemex, como a estatal mexicana é conhecida, sugere que há demanda por dívida corporativa da América Latina, disse Vinicius Pasquarelli, operador de títulos de dívida de mercados emergentes da Tradition Asiel Securities Inc. em Nova York.

“Nós vamos começar a ver novas ofertas do Brasil em breve”, disse Pasquarelli em entrevista por telefone. “A nova emissão da Pemex prova que existe dinheiro de verdade querendo investir neste mercado. A demanda está aí”.

Enquanto estatais como Pemex e Petrobras conseguem vender dívida no exterior por serem empresas consideradas grau de investimento pelas agências de classificação de risco, seus pares considerados ‘junk bonds’ vão ter de se esforçar para emitir, disse Ollom, do Citigroup.

“Créditos de primeira linha, nomes muito fortes, podem vir a mercado, com certeza”, disse Ollom. “Para empresas não grau de investimento, se torna muito problemático e emissores de primeira viagem se esquecem disso. Precisamos de mais do que uma semana ou duas de estabilidade”.

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